O governador do Rio de Janeiro Wilson Witzel (PSC) acabou com o incentivo à redução de mortes por policiais cariocas. A mudança ocorre três dias após o assassinato da menina Ágatha Félix, 8 anos, e no mesmo dia em que ele defendeu sua política de enfrentamento na segurança pública.
Em um decreto assinado na segunda-feira, o governador retirou os óbitos por intervenção policial - que ocorrem quando os agentes estão em serviço - do cálculo de um bônus salarial oferecido a policiais militares e civis de batalhões e delegacias que reduzirem certos índices de criminalidade em suas áreas.
Há cinco anos, o Rio de Janeiro tem vivido um aumento constante das mortes por policiais, batendo recordes a cada mês. Apesar da redução dos homicídios "simples", os óbitos por intervenção de agentes públicos subiram de 1.075, de janeiro a agosto de 2018, para 1.249 no mesmo período de 2019 - alta de 16%.
Neste ano, o crescimento vem na esteira de declarações de Witzel defendendo o "abate" de criminosos portando armas, independentemente de haver reação. Eleito com uma pauta de endurecimento na segurança pública, ele tem endossado as ações policiais que resultam em morte, mesmo antes da conclusão das investigações.
Foi o caso de Ágatha, baleada nas costas dentro de uma Kombi na última sexta-feira passada, quando voltava de um passeio com sua mãe no Complexo do Alemão, na Zona Norte carioca. Moradores dizem que o autor do disparo foi um policial que mirava uma moto em alta velocidade, enquanto a versão da corporação é de que equipes foram atacadas por criminosos e revidaram.