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Saúde

- Publicada em 15 de Agosto de 2019 às 03:00

Após dois anos, Gapa deve voltar a ter sede em Porto Alegre em dezembro

 Grupo de Apoio e Prevenção à Aids foi despejado de prédio na Cidade Baixa

Grupo de Apoio e Prevenção à Aids foi despejado de prédio na Cidade Baixa


CLAITON DORNELLES /JC
Sem sede há dois anos, desde que foi despejado de um prédio na Cidade Baixa, o tradicional Grupo de Apoio e Prevenção à Aids (Gapa) deve voltar a ter onde atender a partir de dezembro. O local será disponibilizado pela prefeitura de Porto Alegre e abrigará outras três organizações não governamentais (ONGs) que acolhem soropositivos. Uma reunião marcada para esta sexta-feira deve servir para bater o martelo sobre o espaço encontrado pelo município, no Centro da cidade.
Sem sede há dois anos, desde que foi despejado de um prédio na Cidade Baixa, o tradicional Grupo de Apoio e Prevenção à Aids (Gapa) deve voltar a ter onde atender a partir de dezembro. O local será disponibilizado pela prefeitura de Porto Alegre e abrigará outras três organizações não governamentais (ONGs) que acolhem soropositivos. Uma reunião marcada para esta sexta-feira deve servir para bater o martelo sobre o espaço encontrado pelo município, no Centro da cidade.
Atualmente, as ONGs Igualdade RS, Somos e Núcleo de Estudos sobre Prostituição compartilham uma sala cedida pelo Instituto Nacional do Seguro Social, na Galeria Malcon, na Rua dos Andradas. O órgão, contudo, solicita há dois anos a devolução do imóvel. Desde então, a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) busca um lugar que abrigue as três entidades e acolha também o Gapa. Desde o despejo, a ONG armazenou todo seu material em depósitos privados, pagos por membros e apoiadores.
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A prefeitura procura desde 2017 uma área para alocar as ONGs, mas dificuldades de encontrar um local que aceitasse locação por órgão público e de haver consenso sobre se o espaço oferecido atendia à demandas de todas as entidades retardaram o processo. Apesar de a provável nova sede ter uma metragem inferior à demandada pelas ONGs, a presidente do Gapa, Carla Almeida, tem confiança de que o lugar viabilizará uma espécie de "coworking", no qual cada entidade conseguirá exercer suas atividades.
A primeira coisa que Carla pretende fazer, quando o Gapa voltar a ter uma sede, é retomar duas atividades que foram bem prejudicadas desde o despejo: o acolhimento após diagnóstico e o grupo mútuo de ajuda. "As pessoas ainda nos ligam ou nos procuram pela internet e marcamos algum lugar para conversar, mas o grupo de apoio está inviabilizado e tem uma demanda muito grande", afirma. A presidente explica que a demanda se deve à falta de um grupo de apoio em serviços especializados para a população com Aids/HIV, havendo somente rodas de conversa dentro de outros tipos de serviços.
O Gapa completou 30 anos de existência em abril. Ainda para 2019, pretende promover ações marcando a idade redonda e divulgando o fato de a epidemia de Aids no Rio Grande do Sul ser generalizada, e não específica de algum grupo, como em outros estados. "A população gaúcha tem o direito de saber disso, porque isso a afeta", defende Carla. A presidente da ONG lembra que em 1989, quando o grupo foi criado, seus membros achavam que a existência da entidade seria curta, pois soluções para a doença seriam encontradas pela medicina, e a sociedade mudaria hábitos e passaria, por exemplo, a usar camisinha. "Não se achava que seria tão difícil trabalhar mudanças culturais", lamenta.

Porto Alegre ainda é a capital com mais casos de Aids no Brasil

Mesmo registrando redução de 16% no número de casos e de óbitos por HIV e Aids (dados de 2017), o Rio Grande do Sul permanece sendo o pior estado brasileiro no que diz respeito à doença - a taxa de 29,4 casos a cada 100 mil habitantes é maior do que a nacional, de 18,3 casos, mas é mais baixa que a de 2016, de 32,3. Entre as capitais, Porto Alegre se destaca com uma taxa de 60,8 casos a cada 100 mil habitantes, o dobro da taxa estadual e 3,3 vezes maior que a brasileira.
Segundo a assessora técnica da área de Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) da SMS, Adriane Friedrich, a Capital tem gradualmente reduzido sua taxa de infecção por HIV, caindo de 67,8 casos para cada 100 mil habitantes, em 2016, para 60,8 em 2017. Adriane credita o alto índice a fatores como o diagnóstico tardio da doença, o abandono do tratamento, o uso inadequado de antirretrovirais e o não uso de camisinha.
Para combater o problema, a prefeitura de Porto Alegre possui um comitê de investigação sobre a mortalidade, oferta de profilaxia pré-exposição sexual, testes rápidos de HIV em postos de saúde, e a atuação da unidade móvel em eventos na rua, também para testes rápidos, além de acompanhamento de grupos considerados de risco, como profissionais do sexo, homossexuais e usuários de drogas.