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Geral

- Publicada em 21 de Maio de 2019 às 21:52

Bactérias mortais surgem por mau uso de antibióticos

Diagnóstico microbiológico rápido ajudaria a combater resistência

Diagnóstico microbiológico rápido ajudaria a combater resistência


ISABELLA SANDER/ESPECIAL/JC
Isabella Sander
O uso inadequado de antibióticos é uma das principais causas do desenvolvimento de superbactérias, ou bactérias resistentes, que se mantêm no organismo mesmo após o tratamento médico e podem levar à morte. Quando uma pessoa começa a tomar um antibiótico cuja prescrição é para cinco dias, por exemplo, mas para de tomar no terceiro, ela pode não chegar a matar totalmente a bactéria causadora da doença, e, com o tempo, o micróbio vai criando resistência e se tornando imune ao medicamento.
O uso inadequado de antibióticos é uma das principais causas do desenvolvimento de superbactérias, ou bactérias resistentes, que se mantêm no organismo mesmo após o tratamento médico e podem levar à morte. Quando uma pessoa começa a tomar um antibiótico cuja prescrição é para cinco dias, por exemplo, mas para de tomar no terceiro, ela pode não chegar a matar totalmente a bactéria causadora da doença, e, com o tempo, o micróbio vai criando resistência e se tornando imune ao medicamento.
A estimativa é que essas superbactérias causem, hoje, a morte de 700 mil pessoas por ano no mundo inteiro, segundo o Relatório de Resistência Antimicrobiana, elaborado em 2016 pelo governo do Reino Unido, e que o número de mortos suba para mais de 10 milhões anuais a partir de 2050. Novo relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre o padrão de consumo de antibióticos em 65 países indicou que o Brasil é um dos maiores consumidores desse tipo de remédio no mundo e o maior em todas as Américas - a taxa é de quase 23 doses diárias de antibióticos a cada mil habitantes.
Além da necessidade de conscientizar população e classe médica para a importância do uso adequado dos antibióticos, sendo ingeridos na medida correta e não prescritos para qualquer situação, a professora adjunta de Infectologia da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal do Estado de São Paulo (Unifesp) e coordenadora do Comitê de Resistência Bacteriana da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), Ana Cristina Gales, elenca também outros pontos a receberem investimento para combater as superbactérias. Entre eles está a qualificação da higiene e do saneamento básico oferecido à população, a melhoria na educação das pessoas, para que se cuidem mais, o uso responsável de antibióticos também na agricultura, a oferta de diagnóstico microbiológico rápido, a aplicação de vacinas nas pessoas, a realização de pesquisas, para desenvolvimento de novos remédios contra bactérias resistentes e a criação de uma coalizão internacional para ações e financiamento de pesquisas e trabalhos nessa área.
Entre as superbactérias, há as com resistência natural a medicamento e as que desenvolvem a resistência com o tempo. Muitas vezes, a identificação de uma bactéria resistente só ocorre no hospital, quando o paciente é internado por um motivo, toma um antibiótico específico que não funciona e desenvolve infecção hospitalar. "Se cria a impressão de que a pessoa está pegando aquela bactéria porque está no hospital, mas, na verdade, a bactéria se manifesta devido ao tratamento", explica Ana Cristina. Conforme a infectologista, a resistência dificulta o tratamento, torna-o mais caro e impede que o paciente tenha uma vida mais produtiva, o que pode gerar até mesmo a redução do Produto Interno Bruto de um país.
No ano passado, os Laboratórios Pfizer lançaram o Torgena, o primeiro antibiótico específico contra a bactéria resistente Klebsiella pneumoniae produtora de carbapenemase (KPC). Presente na maioria dos hospitais brasileiros e resistente a 95% dos antibióticos, a KPC é considerada endêmica no Brasil. Dados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) apontam a KPC como a bactéria resistente mais notificada como causadora de infecção por corrente sanguínea em adultos hospitalizados nas unidades de terapia intensiva (UTIs) do País, representando 16,9% dos casos.
O Torgena é indicado para o tratamento da infecção intra-abdominal complicada e de a infecção de trato urinário complicada, incluindo a pielonefrite. O medicamento também pode ser aplicado contra a pneumonia adquirida no hospital e para aquela associada à ventilação mecânica. O remédio é vendido exclusivamente a hospitais e não é oferecido nos serviços do Sistema Único de Saúde (SUS).
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