Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

DE FRENTE PARA O GUAÍBA

- Publicada em 07 de Março de 2019 às 22:29

Gastronomia em contato com a natureza em praia do Guaíba

Restaurante O Butiá se localiza em Itapuã, onde o Guaíba é despoluído e balneável

Restaurante O Butiá se localiza em Itapuã, onde o Guaíba é despoluído e balneável


LUIZA PRADO/JC
"Nem parece Porto Alegre" é, provavelmente, o comentário mais feito quando se chega o restaurante O Butiá, na praia de Itapuã. Tecnicamente, não é mesmo - o empreendimento está localizado no município de Viamão, no limite com a Capital, mas o tempo de deslocamento, de uma hora, é semelhante ao de muitos entre bairros porto-alegrenses. A fazenda é um mundo à parte, onde só se entra agendando a visita e com uma senha enviada com antecedência. Lá, além de comida, o contato com a natureza é oferecido em formato de contemplação e atividades de lazer.
"Nem parece Porto Alegre" é, provavelmente, o comentário mais feito quando se chega o restaurante O Butiá, na praia de Itapuã. Tecnicamente, não é mesmo - o empreendimento está localizado no município de Viamão, no limite com a Capital, mas o tempo de deslocamento, de uma hora, é semelhante ao de muitos entre bairros porto-alegrenses. A fazenda é um mundo à parte, onde só se entra agendando a visita e com uma senha enviada com antecedência. Lá, além de comida, o contato com a natureza é oferecido em formato de contemplação e atividades de lazer.
> Confira mais imagens da região: 
Ao atravessar o portão, o visitante não enxerga, de imediato, o restaurante - primeiro, terá que passar por uma pequena estrada, localizada no meio de um campo com criação de búfalos. Aí, sim, se vê a casa onde funciona o empreendimento e onde mora a família do proprietário, Henrique Theo Möller, de 48 anos. Ao chegar em um deque, mais uma surpresa: um declive com pedras, que desemboca no Guaíba, que, naquele ponto, é despoluído.
A abertura do O Butiá mudou os rumos da vida de Möller, que passou 20 anos morando no exterior e em São Paulo e, em 2012, diante do projeto de criar um espaço para eventos na fazenda que antes era de seu bisavô, decidiu largar a carreira na cidade grande e se mudar para Itapuã. Foi lá que conheceu sua vizinha, Desirée Strelau Hastenpflug Möller, de 31 anos, e com quem se casou - hoje, o casal tem duas filhas: Ana, de quatro anos, e Lia, de três. Juntos, decidiram que o local não seria apenas um espaço de eventos, mas também um restaurante, e abriram o estabelecimento em 2013.
Aos poucos, outras atividades foram surgindo no O Butiá. "Eu e a Desirée começamos o negócio juntos, porque eu sou um cara com muitas ideias, mas péssimo em execução, e ela é ótima nisso. Aí, foi a Desirée que fez o negócio andar, mesmo", ressalta o proprietário.
O local funciona aos finais de semana, sempre aos domingos e em alguns sábados, especialmente nos meses mais quentes, além de feriados. São oferecidos almoços, piqueniques e hambúrgueres, como opções de refeições, shows de jazz ao entardecer, passeios de barco e trilhas até o Parque Estadual de Itapuã, que fica próximo ao restaurante. O espaço também pode ser alugado para eventos, como casamentos e celebrações empresariais.
JC

'As pessoas chegam aqui e se surpreendem que exista um lugar como este', diz proprietário

Theo Möller com a mulher Desirée e as filhas Ana e Lia apostam na atração da região

Theo Möller com a mulher Desirée e as filhas Ana e Lia apostam na atração da região


LUIZA PRADO/JC
Para Möller, um dos diferenciais de O Butiá é ser um lugar bonito e próximo a Porto Alegre. "As pessoas chegam aqui e se surpreendem que exista um lugar como este", comenta. Recentemente, o casal comprou um barco maior, com capacidade para 28 pessoas (antes, a embarcação era para seis a oito pessoas), para proporcionar a mais gente a conexão com o lago. "A cidade ainda é virada de costas para o Guaíba, e o que temos de mais bonito aqui é o Guaíba."
Criado na Zona Sul de Porto Alegre, o proprietário teve a oportunidade que muitos não têm na Capital: crescer de frente para o Guaíba, contemplando-o e praticando esportes dentro dele. "Muitas vezes, eu me dava conta: 'pô, estou aqui velejando, que é o negócio mais legal que eu já fiz na minha vida, e tem só eu e mais três na água'. As pessoas não têm noção do quanto é legal", salienta. Em dias quentes, a família costuma sair para velejar e aproveitar as praias de água doce próximas, muitas delas desertas, já que só são acessíveis de barco.
Möller acredita que o preconceito com o Guaíba ainda é muito grande entre os porto-alegrenses que não foram criados com a mesma relação com o lago que ele tem - mesmo entre os frequentadores de O Butiá, há quem não queira chegar perto da água e fique cheio de desconfiança sobre sua balneabilidade. "O Guaíba é o que deu vida a Porto Alegre, embora esteja alienado da cidade. Temos uma relação muito única com ele, porque tiramos a água para beber do mesmo lugar onde jogamos o esgoto. Precisamos de espaços para nos relacionarmos com o lago", observa.
Para o próximo verão, a ideia é também oferecer passeios de barco saindo do Centro de Porto Alegre e indo até o estabelecimento, com o acompanhamento de um guia que fale sobre questões históricas, biológicas e geográficas relacionadas ao Guaíba. Outro projeto é usar, nas refeições, somente alimentos produzidos na própria fazenda, como a carne de búfalo, cujo manejo, conforme Desirée, que é médica-veterinária, é mais fácil do que outros bovinos e mais nutritiva e magra.