O comandante do 9º Batalhão de Polícia Militar (BPM), o tenente coronel Rodrigo Mohr Picon, disse ainda que também falta maior comunicação entre os aplicativos e a própria corporação. Picon disse que vai buscar a categoria e as empresas para uma aproximação e para adoção de medidas que possam impedir mais casos.
"A comunicação entre a BM e a categoria é fundamental para poder atender à qualquer necessidade ou ocorrência de maneira imediata e localizada", explicou o comandante. Uma das dificuldades para a ação da própria BM é que os carros não têm identificação. "Diferentemente dos táxis, não tem como saber se um veículo é Uber, 99POP, Cabify ou transporte particular. Algumas estratégias usadas com táxis não podem ser adotadas devido à falta de identificação", destacou Picon.
Dois motoristas perderam a vida em ação de criminosos desde o fim do ano. Em seis meses, são cinco mortes de motoristas que atuavam na Capital e Região Metropolitana, segundo os manifestantes. O ato começou pela manhã, com a concentração dos motoristas no Largo Zumbi dos Palmares, no bairro Cidade Baixa. Logo depois, eles seguiram em carreata.
Com mensagens de luto, pedidos de paz e segurança nos carros, a categoria percorreu a cidade ocasionando o congestionamento de algumas vias. O protesto se encerrou no começo da tarde com uma assembleia em um estacionamento próximo ao Estádio Beira-Rio, na zona sul da Capital.
Na sequência, os manifestantes saíram em passeata pedindo por segurança e identificando motoristas mortos em corridas intermediadas pelos aplicativos com fotos. Também foram confeccionados bonecos lembrando o corpo das vítimas. Como parte do protesto, a categoria solicitou aos colegas que deixassem de atender aos chamados por 24 horas em Porto Alegre.
Para o comandante do 9º BPM, o aplicativo precisa tomar algumas medidas de segurança, como um contato entre a plataforma e a polícia. Picon ressaltou a importância de instalar um botão de pânico no carro para avisar sobre desvio de rota em relação à viagem traçada pelo app e repassar ao motorista a informação sobre o destino do passageiro. Este tipo de detalhe só é informado quando o usuário embarca.
O caso mais recente de violência contra motoristas de aplicativos aconteceu na madrugada desta segunda-feira. Um motorista foi baleado em Gravataí, na Região Metropolitana de Porto Alegre, e não chegou a morrer. Na última quinta-feira (10), um motorista foi morto a tiros em Viamão. Na virada do ano, o corpo de um motorista que estava desaparecido após uma corrida foi encontrado em Laguna.
O Jornal do Comércio solicitou posição das empresas que atuam no setor. A Uber considera que "todo e qualquer caso de violência é grave". A empresa, que lidera o segmento, que busca sempre medidas para contribuir com a segurança dos usuários e motoristas.
Entre as ações, a Uber cita o uso da tecnologia de machine learning - na linha de inteligência artificial - para bloquear viagens mais arriscadas. Além disso, a companhia diz que lançou ferramenta com botão para ligar para a polícia em situações de risco ou emergência diretamente do app. Desde setembro, recurso permite que motoristas saibam o destino do usuário antes do início da viagem. Este é um dos itens apontados como frágeis pela BM. O recurso estaria em teste em Curitiba, Florianópolis e Porto Alegre, diz a Uber.
A 99 afirmou que "está ciente dos graves casos e se solidariza com as vítimas e familiares". "O aplicativo lamenta profundamente esse e qualquer caso de violência e se encontra aberto a colaborar com as autoridades, caso necessário", comentou na nota.
A Cabify garante que "investe e desenvolve continuamente tecnologias para reduzir os possíveis riscos de segurança de todos os envolvidos como retirar áreas de risco do mapa de atuação". Com registros de pedido, aceitação do motorista, finalização da corrida e pagamento, a empresa colabora, "respeitando o Marco Civil da Internet", com autoridades, quando necessário. "A empresa orienta aos motoristas parceiros que relatem toda e qualquer situação atípica e suspeita para o suporte da Cabify."