Quem gosta de produtos coloniais comprados diretamente dos produtores pode aparecer no Largo Glênio Peres, ao lado do Mercado Público no Cento Histórico de Porto Alegre. A região é palco da Feira da Agricultura Familiar, que é uma tentação pela variedade de itens. A feira começou nesta terça-feira (11) e vai até sexta-feira (14), organizada pela Secretaria Especial da Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário (Sead).
São 80 expositores que venderão seus produtos das 8h e às 19h. Logo na entrada, os visitantes são recepcionados por estandes com produtos artesanais, como panos de prato, cuias, louças, artigos em couro, origamis e pequenas esculturas. Já as bancas do fundo são as de alimentos, com mel, geleias, barras de cereais, linguiças, cucas, molhos, sucos, ovos, cogumelos, queijos, rapaduras, doces em conversa e até bebidas alcoólicas.
Silva saiu de Caxias do Sul na madrugada para montar a banca. Fotos: Marcelo G. Ribeiro/JC
O produtor Paulo Melos da Silva, de 46 anos, começou a organização da banca às 4h desta terça vindo de Caxias do Sul, na serra gaúcha. Silva vende linguiças e é proprietário da Agroindústria Santa Bárbara, localizada na BR-116. O agricultor diz que a preparação para a feira iniciou uma semana antes do evento. Em sua equipe, estão dois familiares e mais três contratados.
O salame é o carro chefe e os valores variam de R$ 30,00 a R$ 42,00 o quilo. Há também as variações salame colonial, salame milano magro, copa magra e copa com gordura. Entre as feiras, Silva sempre participa da Expointer, Festa da Uva, Expobento, Expodireto, Feira de Torres e até em outros estados, como a Expominas. A expectativa do produtor para este ano é positiva. "Aqui o lugar é bom e tem bastante público, além do evento ter sido bem divulgado", afirmou ele.
Márcia é de Barão e diz que abacaxi e figo cristalizados são os mais procurados.
Uma das bancas mais movimentadas era a da Negrello Agroindústria, de doces de fruta e frutas cristalizadas, da proprietária Márcia Raimundi, de 50 anos. Ela vem de Barão, próximo a Carlos Barbosa, e o negócio é tocado pro Márcia e o marido. De acordo com a agricultora, a produção se iniciou em 1999 no porão da mãe do marido. A agroindústria foi montada em 2000.
Entre os produtos, os que mais saem são abacaxi e figo cristalizado e figada com nozes. A dona vende "praticamente só em feiras" e aposta em bons negócios na Capital. "Melhor impossível, não precisa nem falar nada", garantiu Márcia.
Para o assessor de política agrícola da Federação dos Trabalhadores Na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag-RS), Jocimar Rabaioli, a relevância da feira está na abertura de novos canais de comercialização. "É mais uma alternativa de mercado para as famílias e de mostrar para o consumidor a diversidade de produtos da agricultura familiar", afirma Rabaioli.
O pós-feira também é importante, diz o assessor da Fetag-RS. A intenção é que o evento entre no calendário de Porto Alegre. O caráter sustentável e familiar deve contribuir para a inclusão. "São produtos que a população vem cada vez mais buscar, pela produção correta, sustentável e agroecológica."