A justiça gaúcha condenou, na noite desta quarta-feira (19), três skinheads, de ideologia neonazista, acusados de tentativa de homicídio contra judeus em Porto Alegre em 2005.
Após dois dias de julgamento, a juíza Cristiane Busatto Zardo - da 2ª Vara do Júri do Foro Central I - leu a sentença que considerou os réus culpados por tentativa de homicídio triplamente qualificado, tendo entre as qualificadoras motivo torpe - crime cometido única e exclusivamente por discriminação às vítimas.
Laureano Vieira Toscani e Thiago Araújo da Silva foram condenados a 13 anos de prisão em regime inicial fechado. Fábio Roberto Sturm a 12 anos e oito meses. Thiago e Fábio poderão recorrer em liberdade.
Segundo a denúncia do Ministério Público (MP), os três atacaram as vítimas Rodrigo Fontella Matheus, Edson Nieves Santanna Júnior e Alan Floyd Gipsztejn na rua Lima e Silva, no Bairro Cidade Baixa. As vítimas usavam quipás, um chapéu pequeno típico da vestimenta judia, e foram ataca pelo grupo, que estava dentro do bar Pinguim quando avistou os rapazes em frente ao estabelecimento.
Conforme a denúncia, Rodrigo Fontella Matheus foi golpeado com facas, socos e pontapés. O crime só não se consumou pois a vítima foi auxiliada por pessoas que estavam no local e recebeu atendimento médico imediato. Edson e Alan também foram atacados pelo grupo, mas conseguiram fugir e pediram abrigo nos bares próximos.
Segundo o MP, os denunciados integram uma organização criminosa chamada Carecas do Brasil, facção de skinheads que prega preconceitos contra determinados grupos raciais e sociais, dentre eles, judeus, negros, homossexuais e punks.
Em nota, a Federação Israelita do RS (FIRS) diz que o resultado "traz a sensação de que a justiça foi feita". Conforme o presidente da entidade, Zalmir Chwartzmann, a decisão é inédita e "essencial para conscientizar sobre os perigos do discurso de ódio e da intolerância".
"O julgamento entra para a história da Justiça brasileira, não só para a comunidade judaica, mas para toda sociedade, que precisa combater o ódio e o discurso de ódio dos radicais", relatou Chwartzmann.
Outros seis réus do caso ainda passarão por julgamento.