Em análise pela consultoria KPMG, as três propostas de concessão da Estação Rodoviária de Porto Alegre recebidas pelo governo do Estado têm em comum uma questão: todas preveem a modernização do terminal, estabelecendo um modelo semelhante ao usado em aeroportos. Entre as mudanças está prevista a instalação de escadas rolantes e de catracas para acesso à área de embarque, que será exclusiva para passageiros com passagem já comprada.
Ainda não há muita definição sobre quanto custará e como funcionará a concessão da rodoviária. Contudo, já é ponto pacífico no governo que a empresa a ser licitada para vender os bilhetes na estação pelos 25 anos seguintes precisará, como contrapartida, fazer melhorias no prédio do terminal, construído há 48 anos. Também está decidido que a estação não sairá do seu local atual, no Centro de Porto Alegre.
O Departamento Autônomo de Estradas e Rodagem (Daer) recebeu três propostas - das empresas Sinart, Socicam e Veppo, atual administradora da rodoviária - e encaminhou os projetos à KPMG, que os analisará até dezembro, podendo escolher um modelo, mesclar pontos de um ou mais ou mesmo acrescentar itens não contemplados. O estudo técnico embasará o edital de licitação do serviço. O diretor de Transportes Rodoviários do Daer, Lauro Hagemann, acredita que o certame será publicado em 2019.
Segundo Hagemann, a possibilidade de transferência da rodoviária para outro endereço foi descartada porque o prédio atual é de propriedade do Estado, o que gera menos custos, e devido à sua localização, logo na entrada da cidade, gerando fluidez e facilitando a entrada e a saída dos ônibus. "Claro, tem que melhorar a pista, dando um tratamento mais permanente à pista de rolagem, que, hoje, recebe apenas remendo. Esperamos que quem assumir o serviço faça essas intervenções sem que precisemos demandar", afirma.
Outra preocupação é eliminar o fluxo de passageiros na pista e limitar a circulação na área de embarque a passageiros com passagem comprada. O diretor do Daer cita a estação de Campinas como um exemplo de rodoviária com estrutura semelhante à de Porto Alegre, mas com catracas instaladas que permitem o acesso somente de passageiros. A mudança qualificaria a segurança do terminal, que, atualmente, é cenário frequente de roubos e furtos.
"Tenho dito para os interessados que temos que olhar o modelo dos aeroportos e tentarmos nos aproximar disso", cita Hagemann. Além da restrição de acesso ao espaço onde ficam os ônibus, a ideia é separar as áreas de embarque e desembarque, colocar escadas rolantes, cobertura no local onde as pessoas entram nos táxis, redistribuir as lojas, qualificar a fachada do prédio e criar um recuo para carros em frente à rodoviária, do outro lado da rua, onde, hoje, funciona o estacionamento privado em terreno de propriedade do Daer.
A Veppo administra a venda de passagens há 77 anos e, segundo Hagemann, há quase 20, tem a licitação do serviço vencida. Em 2014, o Tribunal de Contas do Estado (TCE) apontou irregularidades no contrato com a empresa e determinou prazo de seis meses para que o Daer apresentasse um plano de regularização do serviço. No ano seguinte, o órgão estadual chegou a anunciar que faria uma licitação tampão provisória só para a venda dos bilhetes, mas a ideia foi abandonada, uma vez que o departamento considerou que a regularização do serviço dependia da aprovação do plano diretor do sistema, aprovado em janeiro de 2016. O Ministério Público do Rio Grande do Sul acompanha a questão.