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Geral

- Publicada em 12 de Agosto de 2018 às 12:55

Lobos marinhos morrem na praia de Torres vindos do sul do continente

Filhote de lobo marinho morreu na praia da Cal, próximo ao morro das Furnas (ao fundo), em Torres

Filhote de lobo marinho morreu na praia da Cal, próximo ao morro das Furnas (ao fundo), em Torres


NANÁ HAUSEN/DIVULGAÇÃO/JC
Patrícia Comunello
Lobos marinhos que chegam à praia de Torres mobilizaram moradores e chamaram a atenção para os cuidados com os animais que cumprem, nesta época do ano, o fluxo de migração das águas geladas do sul do continente para a região do Litoral Norte gaúcho. Três filhotes que apareceram na areia nesse sábado (11), principalmente para descansar após o longo trajeto, tiveram destinos diferentes. Dois deles morreram e um que estava vivo pode ter voltado ao mar, segundo relatos das pessoas. Neste domingo (12), um dos animais mortos ainda estava na área entre a praia da Cal e a Prainha, servindo de comida a urubus.  
Lobos marinhos que chegam à praia de Torres mobilizaram moradores e chamaram a atenção para os cuidados com os animais que cumprem, nesta época do ano, o fluxo de migração das águas geladas do sul do continente para a região do Litoral Norte gaúcho. Três filhotes que apareceram na areia nesse sábado (11), principalmente para descansar após o longo trajeto, tiveram destinos diferentes. Dois deles morreram e um que estava vivo pode ter voltado ao mar, segundo relatos das pessoas. Neste domingo (12), um dos animais mortos ainda estava na área entre a praia da Cal e a Prainha, servindo de comida a urubus.  
Os três registros foram na Cal, que fica ao lado do morro das Furnas, umas das formações de rocha mais conhecidas do litoral de Torres, na divisa com Santa Catarina. Dois animais na faixa principal da Cal e outro próximo à Santinha, onde tem imagem de Nossa Senhora, em direção à Prainha, outra praia. Desde a manhã, moradores e quem têm casa na praia e vai à cidade em fins de semana foram despertados pelos animais na areia. Muitos ligaram para o Corpo dos Bombeiros para avisar, preocupados com ferimentos ou até mesmo achando que os mamíferos deveriam ser removidos.
Lobos e leões marinhos e mesmo pinguins migram entre julho e outubro para se alimentar. Outra espécie que é avistada no litoral sul brasileiro é das baleias franca, que vêm da Argentina para se acasalar e amamentar os filhotes que nascem no mar brasileiro.
Um dos problemas é que cachorros que vivem no entorno da praia chegam próximo aos lobos e acabam machucando os animais marinhos. Além disso, pessoas também chegam muito perto e podem gerar estresse aos mamíferos marinhos. A orientação é que se deve ficar a mais de cinco metros e não alimentar ou mesmo mexer com os animais.
A surfista e professora de ioga Sandra Grassi, que reside em Torres, manteve uma espécie de plantão próximo a um dos animais - o que estava vivo - nesse sábado para afugentar cães e esclarecer as pessoas sobre cuidados, como não chegar muito perto. Nas praias mais frequentadas, foramcolocadas placascom orientações e até telefones para quem ligar buscandoorientação e até avisando de problemas com os animais.
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Sandra ficou horas orientando as pessoas para não chegar perto do lobo. Fotos: Naná Hausen/Divulgação/JC
"Eles (lobos) vêm à praia para descansar, e a maioria não está ferida. Muitas pessoas têm curiosidade para chegar perto e alguns até mexeram com eles. Tivemos relato neste sábado de um senhor que cutucou o animal com um pau", revolta-se a moradora. Para prevenir este tipo de ocorrência, Sandra ficou circulando pelo calçadão da praia da Cal durante boa parte do dia. A cada movimento de aproximação de um morador ou cachorro ela se mobilizava.
"Ele (lobo) só está na areia porque não está em condição de voltar ao mar e precisa descansar", ensina a surfista, que se transformou em uma voluntária para ajudar a proteger os mamíferos. Segundo ela, os animais podem ficar até 48 horas na areia até recobrar as forças e retornar à água. "Quando alguém ver o lobo não deve tentar fazê-lo voltar à agua. Ao fazer isso, a pessoa pode estar condenando o animal à morte", reforça a moradora, lembrando que o mamífero só não está na água devido ao cansaço.
O 2º Pelotão dos Bombeiros de Torres recebeu vários chamados sobre o registro dos mamíferos na areia nesse sábado. O sargento Jeferson Luiz França reforçou que as ocorrências são quase diárias nesta época do ano. Mas a questão de quem atua nos casos de exemplares feridos e mortos gerou preocupação. Reunião na sexta-feira (10) entre representantes dos Bombeiros, Instituto Chico Mendes de Conservação e Biodiversidade (ICMBio), Patrulha Ambiental (Patram), ligada à Brigada Militar, e prefeitura definiu a rotina. 
Segundo o bombeiro, o encontro definiu que será intensificada a marcação dos animais para monitoramento e como será a retirada, quando algum deles estiver ferido ou morto. "Quando aparecem os animais, avisamos à equipe do Chico Mendes˜, diz França. A Patram, diz o sargento, deve isolar o local e se avalia se há necessidade de retirada. "Os bombeiros entram em ação para salvar o mamífero em caso de risco, como estar preso em uma rede ou se entrar na casa de um morador". Mas no primeiro dia após a reunião, nenhum integrante dos órgãos chegou a ir à Praia da Cal, segundo apurou o Jornal do Comércio.  

Órgão federal não faz plantão em fins de semana

Integrante do ICMBio em Torres, o biólogo marinho Martins Sucunza Perez, diz que recebeu a informação e fotos de um conhecido de que tinha um animal morto em frente à Santinha, entre a Prainha e a Cal, e um vivo na Cal. Perez diz que desconhecia um segundo mamífero morto. A retirada em caso de morte, segundo ele, é feita pela Secretaria de Obras do município. "Qualquer pessoa pode comunicar a prefeitura", orienta o biólogo.
O integrante do ICMBio diz que "os animais que saem da água podem morrer". "É da biologia da espécie. As pessoas precisam entender isso, pois muitos saem já debilitados e acabam morrendo. É natural." Esta situação é mais com filhotes devido ao cansaço gerado pelos mais de mil quilômetros percorridos desde a Argentina. "Os filhotes têm dificuldade para caçar e se alimentar e acabam eventualmente morrendo. Não temos como evitar", lamenta o biólogo.
Perez explica que o escritório do instituto funciona de segunda a sexta-feira e não tem plantão no fim de semana. O principal trabalho é monitorar o chamado Refúgio da Vida Silvestre (Revis) da Ilha dos Lobos. "Não temos plantão em fim de semana porque a Revis da Ilha do Lobo não tem visitação guiada como existe nos parques nacionais", esclarece. "Mesmo que tivesse mais gente não seria feito o plantão." A Ilha dos Lobos fica a 1,5 quilômetro da praia Grande, a mais frequentada no verão. No local, vivem 150 lobos marinhos.
"Eventualmente, se tivermos disponibilidade, entramos em ação no fim de semana e vamos até o local para verificar. Mas isso não foi possível nesse sábado", diz o biólogo, citando que se precisar o isolamento onde estão os animais é feito em dias de semana.
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Filhote ficou no sábado na praia da Cal, chegou a se movimentar, atraindo curiosos  
O biólogo explica que o mais comum é que lobos marinhos, normalmente filhotes, com dois a três anos de vida, acabem saindo do mar para descansar na areia. "É importante que as pessoas saibam disso. Por isso, a orientação da distância e de não tentar recolocar o animal na água e nem alimentar ou retirar para outro local. Sair e voltar ao mar é um movimento normal da espécie", detalha Perez.
Sobre a eventual remoção dos mamíferos, o biólogo diz que o Instituto e a Patram só agem em casos específicos, "quando o animal está machucado, com corte ou outra lesão evidente ou mancha de óleo". No fim de semana passado, um lobo que estava na areia da praia da Guarita foi retirado por estar machucado, pois tinha um anzol na boca com um peixe. "Infelizmente o animal morreu, pois tinha outro peixe na garganta", informa o integrante da ICMBio. 
Perez diz que os animais machucados são levados ao Centro de Reabilitação de Animais Marinhos (Ceram), localizado no Ceclimar, em Imbé. "Mas não podemos levar todos que chegam, pois não há espaço físico suficiente." Ele observa que os animais podem permanecer vários dias fora da água que não ressecam e morrem de fome. "Nas colônias reprodutivas, por exemplo, eles ficam um mês fora da água sem problema", lembra o biólogo. "É muito importante a conscientização das pessoas. Não precisamos ficar 24 horas vigiando, o mais importante é garantir o descanso." 
Perez lembra que a ICMBio mantém um programa de voluntariado com estudantes do Ensino Médio da rede pública de Torres. As escolas Marcilio Dias e Jorge Lacerda participam. O programa capacita os estudantes para agir quando tem animais na beira da praia. Eles aprendem a como faz o cordão de isolamento, para evitar que os moradores se aproximem, e que tipo de informação repassar à população em geral explicando a razão de os mamíferos estarem na praia.
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