Santa Ana abre 28 leitos para dependentes químicos

Porto Alegre ganhou 28 novos leitos específicos para meninos adolescentes com problema de dependência química. As vagas ficam no Hospital Santa Ana, no bairro Teresópolis, inaugurado ontem. O espaço não funcionará com portas abertas - receberá pacientes encaminhados de emergências de saúde mental e de Centros de Atendimento Psicossociais (Caps) da Capital. Hoje, já chegarão os três primeiros.

Quando ingressam, os adolescentes vão para uma sala de observação. Depois, são encaminhados para os quartos, cada um com três ou quatro camas. Os aposentos não têm porta nem tomada e são 100% vigiados. Para não ter grades, que poderiam trazer mal-estar aos pacientes, a escolha foi por vidros blindados, inquebráveis, a fim de manter a segurança contra intenções suicidas.

Cada quarto tem um banheiro, dotado de porta com abertura na sua parte inferior. O chuveiro é instalado diretamente no teto e, se puxado, cai. A torneira do chuveiro é manejada fora do quarto, para que monitores e enfermeiros controlem a temperatura. O local também conta com refeitório.

Segundo o prefeito Nelson Marchezan Júnior, a expectativa é, até o final do ano, recuperar o número de leitos fechados nos últimos anos. Mensalmente, a ampliação estimada é de 600 internações a mais na cidade. "Se conseguirmos uma boa relação com os outros hospitais que nos auxiliam, conseguiremos administrar onde é mais adequado que o paciente fique em cada momento, mantendo-o em um local com melhor estrutura em um primeiro momento e trazendo-o depois para cá, para receber um tratamento mais prolongado", explica.

Os leitos são de longa permanência, não havendo prazo estabelecido para que o paciente saia do hospital, mas a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) trabalha com o ideal de internações de 14 a 21 dias, tempo estimado para que a pessoa saia da crise de abstinência ou da ideação suicida. Depois, o indivíduo é encaminhado para atendimento ambulatorial em Caps Álcool e Drogas (Caps-AD).

"Estamos ampliando o número de Caps, que não tinham incremento desde 2012. Temos quatro propostas na SMS para abrir serviços justamente em Álcool e Drogas", ressalta o secretário municipal de Saúde, Erno Harzheim. Os serviços serão implementados ao longo de 2018 e 2019. O secretário acredita que o aumento da oferta de atendimento em Caps-AD reduzirá a quantidade de casos de reinternação (quando o paciente tem recaídas), que hoje é de 40%.

Além dos 28 leitos abertos ontem, Porto Alegre possui 363 outras vagas em saúde mental, sendo 132 voltadas para dependentes químicos. Oferecem leitos desse tipo os hospitais Nossa Senhora da Conceição, Vila Nova, Presidente Vargas e São Pedro, a Unidade São Rafael do Hospital Espírita e a Unidade Álvaro Alvim do Clínicas. As clínicas São José e Gramado também prestam serviço ao município.