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Educação

- Publicada em 30 de Julho de 2018 às 01:00

Pesquisa do BID mostra dificuldade de atrair jovens para a carreira de professor

Infraestrutura de escolas latino-americanas é deficiente em equipamentos e laboratórios

Infraestrutura de escolas latino-americanas é deficiente em equipamentos e laboratórios


MARCELO G. RIBEIRO/JC
O Brasil, assim como outros países da América Latina, tem dificuldade em atrair jovens talentosos para a carreira de professor. Essa é uma das conclusões do estudo Profissão Professor na América Latina - Por que a docência perdeu prestígio e como recuperá-lo?, divulgado na última sexta-feira pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
O Brasil, assim como outros países da América Latina, tem dificuldade em atrair jovens talentosos para a carreira de professor. Essa é uma das conclusões do estudo Profissão Professor na América Latina - Por que a docência perdeu prestígio e como recuperá-lo?, divulgado na última sexta-feira pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
No Brasil, apenas 5% dos jovens de 15 anos pretendem ser professores da Educação Básica, enquanto 21% pensam em cursar Engenharia. No Peru, o índice dos que pretendem optar pela docência é de menos de 3%, contra 32% que querem se tornar engenheiros. Por outro lado, em nações nas quais a profissão é mais valorizada, o interesse é maior, como na Coreia do Sul, onde 25% dos jovens têm a intenção de lecionar, e na Espanha, país no qual o índice chega a quase 20%.
Entre as razões para o desinteresse para atuar na Educação Básica estão, segundo a pesquisa, os baixos salários oferecidos. "Mesmo nos últimos anos, após uma década de incrementos nos salários, os professores continuam a ganhar consideravelmente menos do que outros profissionais", enfatiza.
A partir dos dados das pesquisas domiciliares no Brasil, no Chile e no Peru, o estudo do BID mostra que os educadores ganham cerca da metade da remuneração de profissionais com formação equivalente. No Equador, a diferença é menor, mas os professores ainda recebem 77% da remuneração de outras áreas. No México, os vencimentos equivalem a 83% dos de outros ramos.
Além da questão financeira, o estudo aponta para as condições de trabalho como razão do desinteresse dos jovens pela docência. "Muitas vezes, a infraestrutura das escolas latino-americanas é deficiente em relação a equipamentos, laboratórios e, até mesmo, em termos de serviços básicos", ressalta o documento.
O estudo menciona as informações levantadas pelo Laboratório Latino-americano de Avaliação da Qualidade da Educação em 2013 sobre escolas de 15 países latino-americanos, incluindo o Brasil. Na ocasião, foi constatado que 20% dos estabelecimentos não tinham banheiros adequados, 54% não possuíam sala para os professores e 74% não contavam com laboratório de Ciências.

Opção pela docência, às vezes, ocorre mais por 'eliminação' do que por 'vocação'

O estudo aponta, ainda, que muitos jovens acabam seguindo a carreira docente "por eliminação, não por vocação". Recuperando dados do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) de 2008, a pesquisa destaca que, à época, 20% dos estudantes de Ensino Superior com foco no magistério haviam feito a opção para ter uma alternativa caso não conseguissem outro emprego, e 9%, por ser a única possibilidade de estudo perto de casa.
"Ser professor, na América Latina, não é uma carreira atraente para jovens talentosos, do ponto de vista acadêmico. Não se pode ignorar o fato de que muitos futuros professores decidem frequentar um curso de carreira docente exatamente por ser mais acessível no aspecto acadêmico, e não necessariamente por terem uma vocação pedagógica", analisa o estudo.
Esse problema tem, junto com outros fatores, reflexos no desempenho dos estudantes. Os dados do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), citados pela pesquisa, mostram, por exemplo, que os conhecimentos em leitura, Matemática e Ciências dos jovens de 15 anos da região está dentro dos 40% dos com pior resultado entre os países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). O percentual dos estudantes que não atingem o nível básico das competências é mais do que o dobro da média da OCDE.