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gestão pública

- Publicada em 26 de Junho de 2018 às 21:55

Vazamento de água gerava conta milionária à Carris

Diretor informou que o vazamento ficava no pátio de ônibus, e a conta de água chegava a R$ 1,5 milhão

Diretor informou que o vazamento ficava no pátio de ônibus, e a conta de água chegava a R$ 1,5 milhão


PATRICIA COMUNELLO/ESPECIAL/JC
A Carris, estatal de ônibus de Porto Alegre que transporta 23% dos passageiros do sistema, tinha um gasto milionário com água, de R$ 1,5 milhão ao ano ou R$ 125 mil mensais. A gestão que entrou em 2017 resolveu investigar. Resultado: um vazamento em canos sob o pátio dos ônibus era a causa do rombo. Agora a conta deve cair a R$ 15 mil mensais, diz o diretor administrativo-financeiro, Cesar Griguc, contador, com passagem pelo setor metalmecânico e de móveis. O gasto menor com água vai ajudar a reduzir outro buraco, o das contas da estatal, que deve fechar 2018 com prejuízo de R$ 21 milhões, metade do que foi em 2017.
A Carris, estatal de ônibus de Porto Alegre que transporta 23% dos passageiros do sistema, tinha um gasto milionário com água, de R$ 1,5 milhão ao ano ou R$ 125 mil mensais. A gestão que entrou em 2017 resolveu investigar. Resultado: um vazamento em canos sob o pátio dos ônibus era a causa do rombo. Agora a conta deve cair a R$ 15 mil mensais, diz o diretor administrativo-financeiro, Cesar Griguc, contador, com passagem pelo setor metalmecânico e de móveis. O gasto menor com água vai ajudar a reduzir outro buraco, o das contas da estatal, que deve fechar 2018 com prejuízo de R$ 21 milhões, metade do que foi em 2017.
A situação da empresa, que costuma aparecer em declarações do prefeito da Capital, Nelson Marchezan Júnior (PSDB), como virtual candidata a ser privatizada e que será alvo de consultoria externa, foi detalhada ontem pelo diretor na reunião da Comissão de Economia Finanças Orçamento e Mercosul (Cefor) da Câmara de Vereadores. Na semana que vem, conselho da estatal avalia os balanços de 2017. 
Jornal do Comércio - Qual é a situação financeira da Carris?
Cesar Griguc - O prejuízo caiu 48,7% em 2017 frente a 2016, quando ficou em R$ 74,2 milhões para um faturamento de R$ 155,5 milhões. No ano passado, a receita ficou em R$ 153,4 milhões, mas o prejuízo recuou a R$ 43,2 milhões, corte de R$ 31 milhões! Isso foi possível graças ao novo modelo de gestão, com práticas do mercado e mudanças em controles de processos para otimizar os recursos disponíveis. Em 2018, a meta é reduzir o prejuízo em 50,5%, caindo a R$ 21,8 milhões. Os resultados preliminares indicam que será possível. 
JC - Qual é a situação da frota? Vai ter renovação?
Griguc - Existe a necessidade de renovação da frota, em média, com 7,5 anos de vida. O limite é de 12 anos. Com manutenção adequada, é possível usar a frota até o limite. Mas para atender às tabelas de transporte, com um número mínimo de carros, precisamos comprar em torno de 20 novos veículos em seis a 12 meses. A última compra, de 50 ônibus, foi em 2014. Hoje temos 347 carros, sendo que 40 estão parados, mas a frota disponível é suficiente para atender 100% do que está estipulado.
JC - Por que esses 40 ônibus estão parados?
Griguc - O problema é manutenção, muitas delas corretivas e somente algumas preventivas. A meta é aumentar as manutenções preventivas e reduzir as corretivas, o que nos dará uma frota, mesmo com idade alta, com mais condições, com, no máximo, 30 ônibus parados. Chegamos a ter 102 carros no começo de 2017. Conseguimos ampliar a frota rodando com mais eficiência nas compras de peças. Reduzimos em 30% os custos médios das peças com mais concorrência e mais fornecedores.
JC - A Carris vai comprar ônibus?
Griguc - Estamos trabalhando para ter licitação. A necessidade mais urgente é de comprar 20 ônibus, mas precisamos definir dentro da realidade financeira - que ainda é restritiva para crédito, e da posição do acionista, que é a prefeitura. Vamos fazer isso ao longo de 2018 para efetivar as compras em 2019. É nosso projeto para o segundo semestre. Cada ônibus custa em torno de R$ 400 mil.
JC - Como é a história da conta milionária com água?
Griguc - Eram cerca de R$ 125 mil mensais ou R$ 1,5 milhão no ano. Havia suspeita de vazamento há algum tempo, pois desde 2015 a conta aumentava, mas não houve ação. O que fizemos foi identificar, com apoio do Dmae e a contratação de uma empresa especializada em rede hidráulica. O vazamento era em canos no pátio onde os ônibus entram. A água era absorvida pelo solo. Nossa equipe interna fez a manutenção há dois meses, e a despesa já está baixando. A conta vai ficar em R$ 15 mil este mês.
JC - A empresa já sentiu o efeito do fim da gratuidade da segunda passagem?
Griguc - O percentual dos usuários não pagantes caiu de 36% para 29% do total de passageiros até maio. O impacto efetivo ainda não foi totalmente medido, devido à greve dos caminhoneiros, que reduziu 15% da receita. Em junho, vamos verificar o real impacto. Continuamos, por outro lado, a perder passageiros, mas em ritmo menor do que em 2017, que teve queda de 10%. Este ano está em 5% até abril. Hoje transportamos cerca de 5 milhões de usuários por mês. 
JC - Considerando esta evolução, a empresa tem futuro?
Griguc - O que posso dizer é que temos trabalhado para reequilibrar receitas e despesas. O que conseguimos até agora mostra que é possível reequilibrar as contas e que há muitas possibilidades e oportunidades que podem nos levar a isso.

Vereadores se animam com projeção de a companhia sair do prejuízo

Comissão ouviu os números e perspectivas para a estatal de transporte público da Capital

Comissão ouviu os números e perspectivas para a estatal de transporte público da Capital


HENRIQUE FERREIRA BREGÃO/CMPA/Divulgação/JC
A possibilidade de a Companhia Carris Porto Alegrense sair do vermelho em 2020 foi ventilada pelo diretor administrativo-financeiro, Cesar Griguc. Os vereadores que acompanharam a reunião da Cefor se animaram com a projeção e focaram questionamentos sobre provisões para cobrir ações judiciais e o tema da privatização. 
Airto Ferronato (PSB), que se disse "um torcedor fanático" da Carris, ressaltou os resultados e a chance de menor prejuízo. Fabrício Lunardi (Novo) não considera que um desempenho melhor descarte eventual venda, mas defendeu que se mantenha a linha de gestão profissional. 
A vereadora Lourdes Sprenger (MDB) comentou que a separação das áreas de compras e controles é fundamental. Lourdes sugeriu que os dados do balanço sejam levar aos plenário. O presidente da Cefor, João Carlos Nedel (PP), ficou preocupado com o passivo judicial, que tem provisão de R$ 17 milhões para 2017. A conta, explicou Griguc, compensa valor menor provisionado em anos anteriores.