Mesmo no setor mais pulsante em meio à pandemia, sobrevivem os negócios que nascem com um diferencial

É preciso criatividade para se destacar no ramo gastronômico


Mesmo no setor mais pulsante em meio à pandemia, sobrevivem os negócios que nascem com um diferencial

Quando começou a pandemia, o primeiro movimento do casal Gabriela Cademartori, 27 anos, e Lourenço Paiva, 39, foi passar em uma casa de carnes e garantir o churrasco para o período incerto que iniciava. A partir daí, os dois perceberam uma brecha no mercado dos amantes de carne e decidiram apostar na experiência do consumidor para empreender juntos. Assim, em abril, abriram as portas do Quintal da Carne no bairro Moinhos de Vento em Porto Alegre. Definido por eles como um marketplace de carnes, o espaço reúne uma boutique de cortes premium, fastfood de churrasco, sequência do assador e um clube de assinaturas. Usaram da criatividade para se diferenciar.
Quando começou a pandemia, o primeiro movimento do casal Gabriela Cademartori, 27 anos, e Lourenço Paiva, 39, foi passar em uma casa de carnes e garantir o churrasco para o período incerto que iniciava. A partir daí, os dois perceberam uma brecha no mercado dos amantes de carne e decidiram apostar na experiência do consumidor para empreender juntos. Assim, em abril, abriram as portas do Quintal da Carne no bairro Moinhos de Vento em Porto Alegre. Definido por eles como um marketplace de carnes, o espaço reúne uma boutique de cortes premium, fastfood de churrasco, sequência do assador e um clube de assinaturas. Usaram da criatividade para se diferenciar.
Assim que surgiu o insight, a dupla pretendia viajar para o Texas para se inspirar em negócios do segmento por lá. Com as fronteiras fechadas por razões sanitárias, eles escolheram outro destino para entender melhor a proposta do negócio. "Pegamos o carro e fomos para São Paulo, e tivemos mais certeza que o negócio era muito inovador", diz Gabriela, contando que a ideia surgiu a partir da percepção deles enquanto consumidores deste nicho. "Achávamos muito frio o consumo de carne. Eu ia na casa de carnes, comprava uma peça e ia embora. Não tinha como consumir lá, onde ter mais informações, sendo que é assim que se fideliza o cliente. Como consumidores, queríamos mudar a maneira de ver a carne congelada. Não somos um açougue, abrimos uma boutique e não manipulamos os cortes. Tudo vem pronto, congelado e embalado à vácuo", explica a empreendedora.
A boutique tem 25 tipos de corte de 13 frigoríficos do Rio Grande do Sul, São Paulo, Minas Gerais e Uruguai. Além da loja, o espaço tem uma operação de fastfood de churrasco, com autoatendimento e proposta de ser mais acessível. "No momento que vivemos, não queremos ficar conversando com o garçom. Queremos comer uma carne de qualidade, no menor tempo e valor possível. Então, tentamos fazer isso no fastfood de churrasco. O cliente entra, ele mesmo faz o pedido, pega a bebida na geladeira, como se estivesse em casa. É algo totalmente intimista e de confiança", garante Gabriela. Os preços dos combos, com bebida e sobremesa, partem de R$ 39,44.
Apesar de apostarem nesse formato, os empreendedores perceberam que existia uma demanda de clientes que preferem operações mais tradicionais. Por isso, o Quintal da Carne abriga, ainda, um local onde é servida a sequência do assador, que custa R$ 119,00 por pessoa. A ideia desse serviço é ser sazonal e oferecer sempre diferentes cortes e preparos. "No terceiro andar, criamos um espaço mais enxuto, com garçom, onde é servida a sequência do assador. Toda semana queremos oxigenar e ir inovando o paladar", afirma Gabriela. As duas modalidades funcionam no horário de almoço e a loja opera de segunda-feira a sábado, das 10h às 20h.
O Quintal da Carne tem, ainda, um clube de assinaturas, que é contratado pelo site (quintaldacarne.com.br) e tem pacotes mensais que partem de R$ 219,44, com 2kg, até R$ 1.444,44, com 15kg de carne. "O intuito é, em 12 meses, receber 24 cortes diferentes com uma dica de preparo, porque queremos abrir a mente das pessoas para o consumo, para saírem daquilo que elas sempre comem e experimentarem coisas tão boas quanto", destaca a empreendedora. Um dos benefícios do clube é poder utilizar o espaço das operações de gastronomia sem custo de sublocação para eventos privados.
"Acreditamos nessas junções menores que acontecem à noite, num lugar arejado, que não precisa se preocupar com a limpeza. Ao invés de ir em um restaurante com 50 pessoas e ter aquela falsa sensação de que está seguro por estar só com duas pessoas, tu vais estar com pessoas do teu círculo. É um espaço muito intimista e aconchegante", pontua.
Com tantas frentes diferentes, Gabriela conta que o desafio dos primeiros meses tem sido, justamente, transmitir para o consumidor todas essas possibilidades.
"A maior dificuldade é explicar para o consumidor final que não somos só uma loja, só um restaurante ou só um clube de assinatura, e sim um marketplace de carnes", destaca a sócia, revelando que o investimento no espaço foi de R$ 1,2 milhão. O Quintal da Carne (@somosquintal) fica na rua Tobias da Silva, n° 44, no bairro Moinhos de Vento.

Culinária típica da Bahia como atrativo na terra do churrasco e chimarrão

A terapeuta e empresária Jessica Alberton sempre quis levar a cultura do seu estado, a Bahia, para as outras regiões do Brasil. Foi pensando nisso que iniciou, em 2020, a operação do Oxente Mainha em Porto Alegre (avenida Lavras, 345 - Petrópolis). O restaurante, que está funcionando por delivery e take away, é especializado em comidas típicas do estado nordestino e conta com uma equipe baiana para garantir a autenticidade dos pratos.
O negócio, no entanto, não surgiu no ano passado. Jessica já havia iniciado o projeto em outro estado, e, quando veio ao Rio Grande do Sul, decidiu dar continuidade à missão. "A Oxente Mainha existe desde 2018, nasceu em Minas Gerais, onde eu morava com o meu marido, que é gaúcho, e minha filha. Quando decidimos voltar ao Sul, falei a uma amiga que queria montar aqui e ela disse que queria ser minha sócia. Aí abrimos no ano passado. O objetivo sempre foi levar a culinária e a cultura baiana para o Sul e o Sudeste", conta.
Para proporcionar uma experiência de degustação fiel, o Oxente Mainha conta com uma equipe que entende do assunto. Na cozinha, profissionais e temperos são 100% baianos. A única gaúcha envolvida no negócio é a sócia Patrícia Nobre. Tudo para levar aos clientes mais que comida. "Buscamos entregar uma experiência. Como se fosse um presente. Se você pedir a moqueca de camarão, que é o nosso carro-chefe, eu mando a moqueca, o arroz, a farofa de dendê e o pirão. Tudo isso separado, em kits lacrados, com a fita do Senhor do Bonfim, que é o padroeiro da minha cidade. Então, as pessoas amam receber a nossa comida e muitas compram para presentear alguém, porque ela é muito bonita", explica.
O propósito de trazer um pedacinho da Bahia para os gaúchos não estremeceu pela pandemia do novo coronavírus. Mesmo com um ponto físico funcionando desde a inauguração, em novembro de 2020, no bairro Petrópolis, em Porto Alegre, o Oxente Mainha tem passado pela crise apostando forte no delivery. "Sou uma mulher extremamente empreendedora e tenho uma comunicação digital muito forte. Então, estamos apostando nas redes. Temos um relacionamento com o cliente que é super efetivo. Além disso, acredito muito no delivery e não pretendo trabalhar com mesas no nosso espaço por enquanto", comenta.
A estratégia, Jessica revela, tem dado certo. "Com exceção do investimento inicial, para começar a operar, nós não fizemos mais nenhum aporte. O negócio tem se mantido por si", afirma. Há algo, porém, além de estratégias de operação e comunicação. O tempero baiano e as misturas de sabores mexem com o imaginário de possíveis clientes e fidelizam aqueles que já experimentaram.
"Nós, nordestinos, temos muita habilidade com frutos do mar e somos muito elogiados por como trabalhamos com o camarão, por exemplo. Então, imagine uma comida feita com leite de coco, azeite de dendê e camarão? É uma comida tropical e que serve muito bem no verão e no inverno", pontua.
Depois de Porto Alegre, Jessica deve continuar levando a marca para mais lugares. Segundo ela, há um plano em andamento para franquear o Oxente Mainha e já há procura de investidores de Santa Catarina.
 

Empreendedora aposta em pizzaria com temática marítima em Uruguaiana

O sonho de ter um negócio na beira da praia foi o pontapé para a que Virgínia Ueda, 33 anos, criasse a Ale Nek's, pizzaria com temática marítima em Uruguaiana. A operação foi desenhada durante a pandemia e abriu as portas no último trimestre de 2020. Uma das apostas do espaço é a customização de pizzas, massas e saladas. O processo de montagem é chamado 'moeda de ouro' e leva cerca de sete minutos.
Empreender era um desejo de Virgínia desde a infância. Nos anos 1990, ela e seu primo Álex sonhavam com a ideia de um estabelecimento na beira da praia. Foi dessa relação que surgiu o nome do negócio, "Ale", por causa do apelido de seu primo e "Nek" por conta do seu, que é Neka.
A Ale Nek's, no entanto, não foi a primeira experiência da empreendedora no ramo alimentício. Formada em Ciências Contábeis, Virgínia atuou no setor de Recursos Humanos, realizando recrutamento e seleção para restaurantes, padarias e cafés. Em 2018, comprou uma franquia de alimentação e, trabalhando na loja, adquiriu conhecimento sobre gestão. Em 2020, porém, com a chegada da pandemia, o estabelecimento fechou para atender às medidas restritivas. "Como eu já tinha a franquia, fiz o distrato, usei o mesmo espaço e adaptei, modifiquei", conta.
Com um investimento inicial de R$ 200 mil, o objetivo de Virgínia era testar a marca em Uruguaiana, onde não existem tantas opções de lazer quanto em grandes centros urbanos, e tornar a pizzaria uma das atrações da cidade. Por ter imaginado o projeto do restaurante por muito tempo, a empreendedora não se abateu frente à realidade desfavorável de 2020. "Não criei uma marca no meio da pandemia só porque eu queria uma marca. Queria dar início ao meu sonho para gerar empregos e fazer a diferença na vida das pessoas", relata.
O propósito da temática do espaço, segundo Virgínia, é promover uma experiência sensorial aos clientes. "Sempre quis fazer a diferença, queria que o cliente saísse da atmosfera dele, saísse da rotina", explica. O tema marítimo, que compõe a decoração do espaço e o logotipo da Ale Nek's, foi desenvolvido com a intenção de remeter à praia, às férias, à infância e ao descanso, além de fazer a pizzaria se destacar. "As pizzarias estão num oceano vermelho, então a gente teve que encontrar nosso oceano azul", afirma. Além disso, a figura das capitãs é central no negócio, cuja equipe é 90% composta por mulheres.
Segundo a idealizadora da marca, apesar do cenário conturbado em que o lançamento aconteceu, a recepção do negócio tem sido positiva e, nos primeiros meses após a inauguração, já houve procura por franquia.