Atentos às demandas da nova geração de pais e recém-nascidos, negócios gaúchos surgem com alternativas repaginadas para itens da infância, do enxoval aos brinquedos

Negócios focam em produtos sustentáveis para bebês


Atentos às demandas da nova geração de pais e recém-nascidos, negócios gaúchos surgem com alternativas repaginadas para itens da infância, do enxoval aos brinquedos

A nova geração de pais e mães trouxe ao mercado diferentes necessidades. Com olhar atento para as questões envolvendo sustentabilidade, eles buscam, cada vez mais, alternativas que contribuam com o meio ambiente e com a educação de seus filhos. A escolha dos brinquedos, que podem ser uma importante ferramenta para o desenvolvimento do bebê e da criança, está nesse contexto. É nisso que acredita Lara Coletti, 36 anos, que há três está à frente da Respira e Brinca. Com seu companheiro Douglas Lehn, 36, ela cria brinquedos artesanais de madeira que tem como objetivo desenvolver os sentidos dos pequenos.
A nova geração de pais e mães trouxe ao mercado diferentes necessidades. Com olhar atento para as questões envolvendo sustentabilidade, eles buscam, cada vez mais, alternativas que contribuam com o meio ambiente e com a educação de seus filhos. A escolha dos brinquedos, que podem ser uma importante ferramenta para o desenvolvimento do bebê e da criança, está nesse contexto. É nisso que acredita Lara Coletti, 36 anos, que há três está à frente da Respira e Brinca. Com seu companheiro Douglas Lehn, 36, ela cria brinquedos artesanais de madeira que tem como objetivo desenvolver os sentidos dos pequenos.
Graduada em Artes Plásticas, Lara trabalhava como cenógrafa e arte educadora. Durante uma visita à marcenaria de um amigo, lhe despertou a vontade de transformar as ideias que tinha em itens lúdicos.
"Sempre gostei muito dos brinquedos, da infância em si, das crianças e de criar formas de me conectar com elas", lembra sobre os primeiros passos da Respira e Brinca.
No ano seguinte, com o início da gestação de seu filho, Romã, Lara decidiu migrar da Capital para Portão e, assim, Douglas passou a fazer parte da empreitada.
"Decidimos comprar as máquinas e assumir a produção. Ele é serralheiro de formação, então tinha um know how com máquinas de corte. Já fazia trabalhos manuais e tem uma sensibilidade e uma desenvoltura para trabalhar com esse tipo de equipamento", conta.
Todas as etapas do desenvolvimento dos brinquedos são feitas pelo casal. "Fazemos tudo na nossa casa. A parte que mais gostamos é descobrir um brinquedo novo, pesquisar e ver ele nascer", revela.
Os quebra-cabeças de madeira de floresta estão entre as primeiras criações de Lara e custam R$ 150,00. Os alinhavos, pequenas peças de maneira que simulam o movimento da agulha em um tecido, custam R$ 70,00 e possuem três variações para estimular a motricidade de diferentes formas.
A empreendedora conta que os arcos para montar um pequeno arco-íris são os mais indicados para bebês, já que cabem nas mãos e não levam nenhuma tintura, tornando a brincadeira mais segura. Todos os produtos são pensados para desenvolver os sentidos.
"São sensoriais porque a madeira tem textura, cheiro, um peso, uma temperatura, um gosto. São todas coisas que precisam ser estimuladas nas crianças e nos bebês logo na primeira infância, porque é pelo corpo que as crianças conhecem o mundo em que elas estão inseridas", explica Lara.
Durante a pandemia, a dupla desenvolveu uma prancha de equilíbrio, pensando nas crianças que estavam muito tempo em casa e precisavam se movimentar. "Já estava no papel há um tempo e acabou saindo durante a pandemia. É um brinquedo muito legal. Tem também o vira e mexe, dois círculos que, com o mínimo impulso, saem andando. Estimula a criança naquele momento que ela está começando a se arrastar", pontua Lara.
As peças são enviadas para todo Brasil e vendidas pelo Instagram (@respiraebrinca), onde é possível conferir o portfólio da marca.
A empreendedora afirma que, além dos pais, muitos profissionais que trabalham com crianças, como psicólogos, são clientes da empresa. Para ela, há uma busca maior nos últimos tempos por esse tipo de item, influenciada também pela situação desencadeada pelo surto da Covid-19.
"O fato dos filhos estarem em casa e convivendo mais com os pais fez as pessoas se darem conta da péssima qualidade de interação que as crianças têm se elas ficam à deriva. Virou uma chave para entender que os pais realmente precisam cuidar do que as crianças têm acesso", acredita Lara, que vive essa experiência com Romã.
Além dos benefícios do desenvolvimento, salienta o lado sustentável do brinquedo de madeira e o valor que pode agregar nesse ponto.
"O brinquedo de madeira é muito mais durável, a criança vai poder dar para os seus filhos depois. Então, os pais também estão ensinando a questão da qualidade versus quantidade. É um brinquedo fácil de arrumar, característica que permite mostrar para a criança a importância de consertar as coisas, mostrando um valor de que as coisas não são descartáveis", destaca ela.

Roupas especiais se ajustam aos bebês que utilizam fraldas ecológicas

A escolha por usar fraldas de pano em seu filho fez a designer de Moda Luana Jacobus, 37, perceber que a maioria das roupas de bebês não se adequavam ao uso do item não descartável. À medida que ajustava as peças do filho com ajuda da amiga e também designer de Moda Fernanda Detoni, 30, veio a ideia de transformar a sua necessidade em negócio. Assim, a dupla criou a Niu Bebê, marca de roupas infantis de Porto Alegre com a proposta de oferecer peças que se adaptem a todos os tipos de fraldas.
Antes de estrearem no segmento de roupas infantis, as duas já eram sócias em um atelier de roupas para casamentos e eventos. O planejamento das sócias para 2020 era fazer o negócio crescer. Por isso, no fim de 2019, investiram em uma reforma do espaço e na produção de uma nova coleção que seria lançada em março. A chegada da pandemia pausou o cronograma.
Em abril, nasceu Inácio, filho de Luana. A aproximação do universo infantil por meio da maternidade foi o insight para o novo negócio. "Sempre quis usar fraldas de pano no meu filho, mas tinha dificuldade de encaixar as roupas, porque as fraldas de pano são mais robustas. As roupas ficavam sempre curtas ou apertando. Eu e a Fernanda começamos a corrigir as modelagens e percebemos que poderia ser um bom nicho, porque procuramos e não encontramos nada específico que funcionasse para esse volume a mais das fraldas", lembra Luana. Além de propor mais conforto para quem usa fralda de pano, as empreendedoras trabalham apenas com peças lisas com o objetivo de proporcionar mais versatilidade para mães e pais na hora de vestir a criança. "Não sou mãe, mas gosto muito de roupas e acho que, para bebês, a variedade de estampas e roupas cheias de elementos dificultam um pouco. Resolvemos focar em uma variedade grande de cores. Hoje, são 15 tons disponíveis, mas as roupas são todas lisas, fáceis de combinar e com uma modelagem minimalista", complementa Fernanda.
 As peças, vendidas pelo site (niubebe.com.br), são enviadas para todo o País. O carro-chefe, segundo as empreendedoras, são as peças mais básicas, como body, calças e tapa fraldas. "São as mais usadas e as mais difíceis de encaixar nos bebês que usam as fraldas de pano. Geralmente, tem que usar extensor ou um tamanho maior para que caiba", explica Luana. No entanto, apesar da marca ter surgido em função das peças de tecido, Fernanda explica que não são restritas a esse perfil. "Todas possuem aumentos que proporcionam esse conforto para quem usa fralde de tecido, o que não impede o uso para quem prefere as fraldas descartáveis", pontua. As peças vão do tamanho recém-nascido até três anos e custam a partir de R$ 34,00.
Apesar da experiência na confecção de roupas para festas, as sócias levaram alguns meses na elaboração das modelagens da Niu. "Sempre trabalhamos com tecido plano, e viramos a chave para roupa de bebê, que é tudo de malha. De julho a outubro, fomos aprendendo. Sabíamos o que queríamos fazer, mas fomos aprendendo a mexer com o tecido. Fomos testando e chegando no que hoje temos segurança de oferecer. Foi um processo bem legal e interessante", expõe Fernanda.
O atelier de roupas para eventos segue existindo, ainda com as atividades paradas. "Tem alguns vestidos de noivas com casamentos adiados que precisam ser finalizados", contextualiza Luana. Para o futuro, as sócias ainda não bateram o martelo se conciliarão os dois negócios ou se a dedicação será exclusiva para a nova marca. Por enquanto, o desejo e os esforços são para o sucesso da nova empreitada.

Plataforma oferece aluguel de roupas para quem tem até dois anos de idade

Ao fazer os preparativos para uma viagem à Europa com a filha, que na época tinha sete meses, a arquiteta Carolina Costa Dutra, 37 anos, de Porto Alegre, se deu conta de um problema: teria de comprar um verdadeiro enxoval de roupas de frio para serem usadas por apenas 15 dias. A inquietação sobre o desperdício lhe motivou a empreender e lançar a Loop for Good, uma plataforma de aluguel de roupas de bebês de até dois anos de idade.
O projeto saiu do papel em meio à pandemia do coronavírus, em junho de 2020, e contou com a ajuda da irmã de Carolina, e hoje sócia, Camila Costa Dutra, 40, engenheira de produção e professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs). Ela, aliás, também é mãe, fator que a motivou a abraçar a iniciativa.
"Pela minha experiência na maternidade, quero fazer de tudo para que a gente melhore o mundo em que vivemos. É uma questão que acredito", destaca Camila. Ela refere-se ao propósito do negócio, que promete gerar economia de aproximadamente 70% às famílias, praticidade, preservação do meio ambiente e popularização do conceito de compartilhamento desde cedo. Até porque, devido ao crescimento, a média de uso das roupas nos primeiros dois anos é de três meses.
"Temos muitas gestantes nos procurando, o que é positivo, pois passa uma ideia diferente de consumo para os filhos. Eles nem nasceram e já estão experimentando uma nova forma de consumir. Há muito poder de transformação", orgulha-se Carolina.
Os clientes têm a opção de alugar peças avulsas, a partir de R$ 7,00, ou fazer parte do clube de assinatura, com valor mínimo de R$ 50,00 por mês - há cerca de 60 adeptos atualmente. O número de roupinhas enviadas às casas dos bebês neste valor depende dos modelos escolhidos.
Como a fase inicial dos pequenos envolve risco de manchas, a dupla esclarece que limpezas simples são feitas pela Loop for Good. E o mais bacana: com o uso de produtos veganos e biodegradáveis. Se for impossível deixar com aparência de nova, é cobrada uma taxa. E as empreendedoras fazem o encaminhamento posterior. "Doamos para comunidades carentes. Elas decidem se vão vestir ou transformar através de técnicas de upcycling", afirma Carolina.
O estoque começou com roupinhas que eram dos filhos de Camila e Carolina, mas hoje elas também apostam na aquisição de marcas nacionais. O acervo, disponível em www.loopforgood.com.br, conta com mais de 600 opções. "Não são itens tão especiais, como vestidos de casamento, por exemplo, mas, sim, para complementar o dia a dia", descreve Camila.
E, como expõe Carolina, o luxo está em o bebê ter roupas novas a cada três meses, sem precisar vestir as que estão apertadas ou grandes demais. "Se todas as famílias se preocuparem com isso, fará diferença para o planeta", emenda Camila.