Negócios contam com a soma das habilidades de seus fundadores

Empreender fora da área de formação pode trazer vantagens


Negócios contam com a soma das habilidades de seus fundadores

Um apartamento decorado com muitas plantas. O cenário - que parecia tão natural - motivou o publicitário Richard Medeiros Moura, de 27 anos, a criar a marca Have Plants, em fevereiro de 2020. "As pessoas vinham na minha casa e me perguntavam onde eu comprava as minhas plantas ou se eu não gostaria de vendê-las. Vi uma oportunidade de negócio aí", diz. De repente, além de publicitário, virou vendedor, empreendedor, dono de seu próprio caminho.
Um apartamento decorado com muitas plantas. O cenário - que parecia tão natural - motivou o publicitário Richard Medeiros Moura, de 27 anos, a criar a marca Have Plants, em fevereiro de 2020. "As pessoas vinham na minha casa e me perguntavam onde eu comprava as minhas plantas ou se eu não gostaria de vendê-las. Vi uma oportunidade de negócio aí", diz. De repente, além de publicitário, virou vendedor, empreendedor, dono de seu próprio caminho.
Antes da pandemia do coronavírus, Richard trabalhava em uma empresa de comunicação. Paralelamente, começou a tocar o seu empreendimento. Até que saiu do emprego e passou a dar atenção exclusiva para a Have Plants. A partir disso, as coisas mudaram. "Depois que fiz a Have Plants a prioridade na minha vida, passei a ter um retorno financeiro maior do que eu tinha no meu antigo trabalho", confessa.
A marca teve um investimento inicial de R$ 450,00 para o primeiro lote de plantas. Hoje, com aproximadamente 50 tipos de espécies à disposição, os valores vão de R$ 30,00 a R$ 800,00. Segundo o publicitário, a base da sua clientela são os jovens que estão iniciando a vida fora de casa, em busca de decoração natural para seus apartamentos. Dentre as plantas mais vendidas, estão a Costela de Adão, carro-chefe da marca, o Bambu da Sorte e a Marenta Pavão.
"Empreender é algo muito curioso, né? Pode ser que em um dia tu faças dinheiro pelo mês todo, assim como tu podes passar 10 dias sem ganhar quase nada. É tudo muito novo para mim, e eu venho desenvolvendo técnicas, como marketing de influência, para sempre alavancar as vendas e reforçar a imagem da marca", relata. Além das estratégias online, Richard planeja uma grande mudança em seu negócio, que hoje atua somente pelo Instagram (@haveplants_). Segundo o empreendedor, a marca ganhará uma loja física em 2021. "Tem clientes que pedem para ver as plantas presencialmente antes de comprar, mas não me sinto muito à vontade para receber as pessoas em casa. Ainda mais nessa pandemia. A loja física vai facilitar muito na dinâmica e na relação dos clientes com as plantinhas", diz.
O atendimento, que é feito todo online, conta com dicas de manutenção e cuidados das plantas no pós-venda, e também com entrega das compras a domicílio. "Se a pessoa não for retirar a compra no local onde eu moro, no centro de Porto Alegre, e quiser a entrega, eu mesmo faço. Pego meu carro e vou", avisa.
Mesmo empreendendo com as plantas, ele continua oferecendo serviços em sua área de formação, como gestão de conteúdo para redes sociais. Com as duas frentes, Richard destaca a importância do empreendimento para o seu orçamento mensal. "Aproximadamente 75% da minha base financeira é conquistada pela Have Plants. Meu negócio paga as minhas contas, mas não gosto de me limitar em só uma atividade", fala.
Devido ao pouco no mercardo, o empreendedor ainda carrega algumas dúvidas. "Tudo é muito novo pra mim. Ainda tenho inseguranças. É difícil diferenciar até onde o isolamento influenciou e influencia na venda das plantinhas. Mas, de qualquer maneira, está sendo muito divertido. Tenho muito trabalho."

Profissional da comunicação leva experiência do coffee break para o home office

A Zazá Comidinhas entrega na casa dos clientes kits para lanches da tarde e café da manhã

Voltar para a proposta inicial. Esse foi o movimento que Pedro Torres, 32 anos, teve de fazer para manter os resultados do seu negócio desde o início da pandemia. Há oito anos, o publicitário mudou o rumo de sua carreira e iniciou uma jornada à frente da Zazá Comidinhas, que, até março de 2020, estava focada em atender demandas do universo corporativo, como catering para palestras e eventos. Depois disso, ele precisou voltar o modelo de negócio para o que fazia no início da sua trajetória empreendedora: atendimento direto ao público final. Assim, passou a vender kits de lanches por delivery.
Com os escritórios esvaziados a partir da adoção do trabalho remoto, uma das oportunidades encontradas por Pedro foi oferecer kits para que as empresas enviassem para os seus colaboradores durante o home office. "Seguimos algumas parcerias corporativas e fizemos tanto kits individuais para happy hour de empresa como cestas de café da manhã em datas especiais. Conseguimos manter alguns clientes corporativos nesse formato de entrega direta para o colaborador", afirma. A mudança exigiu muitas adaptações, que passaram por alterações no cardápio e nas embalagens. "Pedíamos sempre dois dias úteis para encomendas e passamos para um turno. Demos uma enxugada no cardápio para conseguir atender essa pronta-entrega sem prejuízo tão grande. Ajustamos os posicionamentos. Repensamos embalagem, para não ficar danificada no transporte caso seja de moto", explica o empreendedor.
Além do público corporativo, a Zazá Comidinhas passou a conversar diretamente com o público final. Ao longo do último ano, o negócio incorporou como clientes mães e pais que estavam com os filhos em casa e quem estava trabalhando em home office e queria fazer um lanche diferente ao longo do dia. "Já pensamos a embalagem do delivery para que seja bonita o suficiente para ser servida à mesa", contextualiza Pedro.
Agora disponíveis por iFood, Rappi e na entrega própria, os kits são vendidos em dois tamanhos. O maior custa R$ 55,00 e é composto por 20 cachorrinhos-quentes ou mini sanduíches e 15 pedaços de bolo, servindo de quatro a cinco pessoas. O menor, indicado para três pessoas, custa R$ 30,00 e tem seis cachorrinhos ou mini sanduíches e 12 pedaços de bolo ou pizza de sardinha. O quitute, aliás, é uma das receitas da avó de Pedro, que dá nome ao negócio.
"Sempre gostei de cozinhar, mas nunca curti uma cozinha mais rebuscada. A minha avó cozinhava muito para a família, e era tudo bem caseiro. Então, fiz uma homenagem porque Zazá era o apelido dela. A maioria das receitas são da minha avó. Fizemos alguns ajustes, mas a pizza de sardinha, o bolo de chocolate, de cenoura, são todas receitas do caderninho da vó", releva Pedro.
Aos poucos, o empreendedor conta que estão surgindo algumas demandas para empresas, mas ainda muito diferente do que era antes da pandemia. Por essa razão, o norte do negócio segue sendo o público final. "A expectativa é que o setor corporativo vá engatinhar por muito tempo. Tínhamos um volume grande e diário de coffee break, que era o que sustentava a empresa. Esse tipo de demanda não tem perspectiva de retorno, porque a maioria dos clientes vai instituir o home office. A junção de 30 pessoas para um treinamento, uma palestra, não é mais uma realidade", pontua Pedro.
Com dois funcionários fixos, o objetivo do empreendedor para aprimorar a relação com o público final é abrir mais uma cozinha para produção no bairro Bom Fim. Estar próximo das pessoas, aliás, é uma preocupação que ele trouxe da Comunicação.

Bacharel em Direito aposta em lavagem de carro a domicílio diferenciada

O serviço é realizado apenas com produtos biodegradáveis a seco, sem utilizar água e sabão

A crescente nos pedidos por delivery de serviços ou produtos durante a pandemia fez André Goss, formado em Direito, inovar. Uniu sua paixão de infância por carros, com o olhar para o mercado, e criou a Ag-car, uma empresa que faz serviços de lavagem de veículos a domicílio. "Sempre gostei de cuidar da parte estética dos meus carros. É algo muito prazeroso. Resolvi começar a trabalhar com isso, mas trazendo o diferencial da comodidade para o cliente", diz o empreendedor.
A pandemia impulsionou André a começar uma nova história profissional. Porém, também, tirou abruptamente os planos que o recém-formado em Direito tinha para 2020. "Sempre visei fazer um concurso público, me preparei por muito tempo durante a faculdade. Em março, quando iria abrir alguns editais de vagas que eu sonhava, a pandemia acabou tirando essas possibilidades de mim", confessa André. Ele, no entanto, já tirou lições da nova vida. "Para quem quer empreender, a parte mais importante é começar. Não tem como construir algo legal, algo bacana, sem dar o primeiro passo. Mesmo que a estrutura seja mínima, vai e começa".
Os serviços da Ag-car podem ser contratados em toda Zona Norte de Porto Alegre sem taxas adicionais. Para Zona Leste, Oeste e Sul da Capital, há acréscimo devido ao deslocamento. As lavagens são feitas de segunda à sexta-feira, das 8h às 18h. Sábado, das 8h às 16h, e domingo, das 8h às 14h.
A Ag-car oferece lavagem a seco biodegradável, que consiste na utilização apenas de produtos ecologicamente sustentáveis. Sem o tradicional método com água e sabão, é utilizado pano de microfibra, que evita arranhões ou texturas no veículo. O processo inclui também um limpador APC, aspirador de pó e um restaurador de brilho para os pneus. "A única coisa que o cliente precisa fornecer é uma tomada elétrica. De resto, o serviço vai todo completinho", brinca André.
A contratação inclui parte interna ou externa do veículo, tendo também à disposição a lavagem completa. Os valores variam de acordo com o tamanho do automóvel. Os modelos hatches são os mais em conta. A limpeza interna custa R$ 15,00, a externa, R$ 30,00, e a limpeza completa sai por R$ 40,00. A empresa, fundada em dezembro de 2020, pode ganhar um espaço físico, segundo o empreendedor. "Por enquanto, estamos atuando apenas por Instagram (@agcar_ecolavagem) e WhatsApp, mas pretendo construir uma loja da Ag-car. Para mais breve ainda, quero implementar máquinas para pagamento em cartão."