Conheça negócios ativos há anos e que continuam conquistando novos clientes

Marcas que operam há mais de duas décadas servem de exemplo a novos empreendedores


Conheça negócios ativos há anos e que continuam conquistando novos clientes

Virou rotina, nos últimos meses, receber notícias sobre fechamento de negócios. O que provoca essa avalanche, atualmente, é a crise do coronavírus. No entanto, mesmo antes da pandemia, sabia-se que grande parcela das empresas não completavam cinco anos no Brasil. Qual o segredo, então, para ultrapassar duas décadas?
Virou rotina, nos últimos meses, receber notícias sobre fechamento de negócios. O que provoca essa avalanche, atualmente, é a crise do coronavírus. No entanto, mesmo antes da pandemia, sabia-se que grande parcela das empresas não completavam cinco anos no Brasil. Qual o segredo, então, para ultrapassar duas décadas?
O alegretense Constantino Rodrigues de Freitas, CEO da marca de produtos naturais Shambala, que tem uma fábrica em Santa Catarina e está no mercado há 30 anos, acredita que a chave seja a habilidade de adaptação. Algo que vale para o que se vive hoje ou para qualquer outro momento conturbado. "É necessário adaptar-se ao que o mercado pede. Conforme a época, o padrão de consumo da população vai mudando. Uma boa equipe também é fundamental para o sucesso da empresa. Por isso, buscamos criar um ambiente agradável e amigável de trabalho, extraindo o melhor de cada colaborador", avalia Constantino.
E se você pensa que a preocupação com o relacionamento com o público surgiu agora, por causa das redes sociais, o empreendedor diz que isso é, desde sempre, responsável por criar uma base sólida para qualquer empresa. "Estas relações de parceria estendem-se aos clientes, grande parte deles têm uma relação antiga de confiança com a Shambala", aponta.
Porém, uma coisa é certa: Constantino aprendeu, ao longo dessas três décadas empreendendo, que é preciso persistência e paciência, pois, como ele diz, não há atalhos para conquistar credibilidade. Outro erro comum que ele enxerga no mercado é se prender a paradigmas - sem esquecer do que motivou o negócio a começar.
Shambala/Divulgação/JC
No caso da Shambala, foi o amor por consumir produtos saudáveis. O desejo individual, em 1987, deu lugar à vontade de oferecer os itens para a população. Foi inaugurada, então, uma loja de produtos naturais e uma farmácia de manipulação em Gravatal.
Ao longo do tempo, virou uma indústria com uma linha que inclui nuts, frutas secas, farinhas, chás, temperos, cereais, sementes e suplementos alimentares. Todos vendidos em lojas deste nicho no Rio Grande do Sul. 
A Shambala enfrentou a pandemia, justamente, com o olhar de adaptação, já que, segundo Constantino, ela modificou o consumo de produtos a nível global. "Diversas pesquisas vêm indicando que a atenção à alimentação passou a ser uma preocupação para um maior número de pessoas, sendo uma forma de cuidado com o organismo e com a imunidade. Esse fato resultou em mais procura por produtos naturais em geral, inclusive os orgânicos, que certamente são mais saudáveis que os convencionais", interpreta ele.
Demanda, portanto, haverá para os próximos anos.

A aposta na tradição e na qualidade

A erva-mate, encontrada na casa de gaúchas e gaúchos em todo Rio Grande do Sul, é o tipo de produto que gera compra recorrente. Essa tradição foi o que encantou os fundadores da NutriMate.
A empresa, com sede em Arvorezinha, completou 20 anos em 2021, e nasceu do sonho de três amigos que se dedicaram à empreitada. "A NutriMate iniciou a construção em 2000 e, em 2001, a nossa primeira erva-mate entrou no mercado, sendo o carro-chefe até hoje. Na verdade, essa ideia nasceu do sonho de três amigos, e um deles é o meu marido. Então, foi concretizado com a dedicação de todos", conta Nara Parchen Tomé, uma das fundadoras e diretora comercial do negócio.
Manter um projeto por tanto tempo requer disciplina e cuidado, segundo ela. Completar duas décadas em um ano de pandemia fez, inclusive, Nara acreditar que a empresa se consolida a cada dia graças à qualidade.
"Realmente, 2020 foi um ano totalmente atípico e difícil para todos, mas, antes de tudo, temos que agradecer por conseguirmos nos manter e por termos protegido todos os empregos dos colaboradores. Sabemos que nesses momentos de descontração, quando o nosso cliente faz um chimarrão, ou serve um chá, ele está usufruindo de prazer, e é isso que faz a diferença: ele encontra qualidade. O resultato é a fidelização."
Ao longo dos anos, a empresa desenvolveu outros produtos, como uma linha de chás com ingredientes como chá verde, amora, gengibre, laranja, mate tostado, canela, entre outros.
A NutriMate também criou versões especiais de chimarrão, fazendo uma homenagem à cultura do Rio Grande do Sul e aos artistas gaúchos, como a erva-mate Chimarruts, Os Fagundes e Guri de Uruguaiana.
Com o crescimento da empresa, em 2016, os sócios começaram a ajudar causas sociais, como o Outubro Rosa, em que parte do lucro do mês de outubro daquele ano foi destinado à causa do câncer de mama.
Em 2017, criaram o composto de erva-mate que contém mirtilo, anis-estrelado e camomila. Parte do lucro deste produto também é depositado, mensalmente, ao Imama.
"Esta ação social faz parte do conceito que temos na NutriMate como uma empresa que pensa e vive para um mundo melhor", diz Nara.
Para 2021, há diversos projetos de expansão, como disponibilizar em todas as redes e mercados de bairro os chás.
"Estamos com uma linha de solúveis que podem ser tomados quente ou gelado, fazendo uma grande diferença para quem busca uma bebida saudável e refrescante no verão. E, claro, continuaremos disponibilizando nossa linha de erva-mate, consagrada desde sua criação pelo público gaúcho", celebra a empreendedora, mirando os passos futuros a serem tomados.

Receitas próprias e brecha no mercado contaram a favor em gelateria

A gelateria Di Argento completou duas décadas em 2020. Fundada pelo engenheiro Alvin Chu, 52 anos, que trabalhou em uma empresa de produtos alimentícios por quatro anos, a marca se consolidou através de receitas próprias e por ter se instalado na rua Padre Chagas, no bairro Moinhos de Vento, onde não havia outra operação desse tipo.
"Com sua formação em Engenharia, ele fez as receitas no início. E é ele quem faz até hoje, com ingredientes da Itália e frutas aqui do Brasil", conta Carine Arrué Chu, 44 anos, sócia do negócio.
Mesmo tradicional, Carine diz que a Di Argento nunca deixou de lado a essência dos gelatos italianos, e vê isso como uma das coisas que fizeram a marca se manter consolidada por tanto tempo. "O gelato é preparado no dia, não leva gordura hidrogenada, é feito a partir do creme de leite, de nata e usando produtos frescos. Então, achamos que sobrevivemos no mercado com expansão devido ao respeito ao produto. Sempre fomos exigentes e criteriosos com a qualidade dos ingredientes e com o que estamos oferecendo ao público."
Para comemorar os 20 anos, os empreendedores abriram uma loja no Shopping Iguatemi. Eles já tinham um quiosque no local desde 2015, mas, com o fechamento de vários estabelecimentos em março, por conta da pandemia, Alvin e Carine começaram a pensar no projeto, e ele se concretizou.
"Queríamos ter um espaço maior para atender os clientes e fizemos um investimento na loja. Foi um ano em que, apesar da crise, conseguimos crescer, até pelo estímulo dos 20 anos. Queríamos ter alguma coisa para marcar o aniversário", lembra.
A loja do Iguatemi é maior que a original da Padre Chagas, por isso ela possui algumas características próprias. "Temos taças de sorvete, milkshake, picolés. Na Padre Chagas, a operação é mais enxuta", conta Carine. No entanto, a loja original está passando por mudanças na estrutura interna e na fachada, e Carine considera 2020 um ano positivo.