Isadora Jacoby

A estimativa é impactar 500 mil mulheres nos próximos 12 meses

Camila Farani cria hub online para lideranças femininas

Isadora Jacoby

A estimativa é impactar 500 mil mulheres nos próximos 12 meses

Com uma trajetória de 17 anos no empreendedorismo, Camila Farani se destaca quando o assunto é investimentos e liderança feminina. Sócia-fundadora da G2 Capital, boutique de investimentos que, atualmente, conta com mais de 40 startups em seu portfólio, Camila foi a única mulher reconhecida como melhor investidora-anjo no Startup Awards em 2016 e em 2018, prêmio concedido pela Lavca - importante entidade de venture capital da América Latina. A advogada, que faz parte do time de tubarões do programa de TV Shark Tank Brasil, lançou, no fim de 2020, o Ela Vence, um hub online para desenvolver lideranças femininas que pretende atuar na educação, inovação, conteúdo e cases para intraempreendedoras, empreendedoras e investidoras. Nesta entrevista, Camila conta mais sobre a iniciativa que pretende impactar meio milhão de mulheres nos próximos 12 meses.
Com uma trajetória de 17 anos no empreendedorismo, Camila Farani se destaca quando o assunto é investimentos e liderança feminina. Sócia-fundadora da G2 Capital, boutique de investimentos que, atualmente, conta com mais de 40 startups em seu portfólio, Camila foi a única mulher reconhecida como melhor investidora-anjo no Startup Awards em 2016 e em 2018, prêmio concedido pela Lavca - importante entidade de venture capital da América Latina. A advogada, que faz parte do time de tubarões do programa de TV Shark Tank Brasil, lançou, no fim de 2020, o Ela Vence, um hub online para desenvolver lideranças femininas que pretende atuar na educação, inovação, conteúdo e cases para intraempreendedoras, empreendedoras e investidoras. Nesta entrevista, Camila conta mais sobre a iniciativa que pretende impactar meio milhão de mulheres nos próximos 12 meses.
GeraçãoE - De onde surgiu o desejo de criar um hub de lideranças femininas?
Camila Farani - O hub online foi desenvolvido após dois anos de intensa escuta, pesquisa e interação junto a empreendedoras e intraempreendedoras. Um levantamento feito em outubro de 2020 com 2.707 mulheres pela equipe da Innovaty, nossa divisão de Inteligência para negócios, mostrou que capacitação, referências femininas e redes de apoio estão entre as 15 maiores demandas das entrevistadas. Como parte da abordagem educativa, serão oferecidas trilhas de conhecimento que incluirão capacitação com líderes e especialistas que poderão auxiliar a jornada e fomentar o protagonismo feminino.
GE - O projeto será somente online? 
Camila - Não, existem as funcionalidades online e também as presenciais, ambas já estão em curso. No hub online, existem colunas e a circulação de informação reunindo todas as minhas redes. Conteúdos em áudio, vídeo e textos poderão ser consumidos em diferentes plataformas e em qualquer lugar. Uma área específica permitirá que as participantes interessadas criem seus perfis com fotos e detalhem qual tipo de apoio necessitam e como podem ajudar outras integrantes das comunidades, favorecendo conexões entre elas. Mas o hub trará ainda links para redes de apoio e fomento ao desenvolvimento feminino que contam com o meu apoio, como a Rede Mulher Empreendedora, Mulheres no E-commerce, além das comunidades independentes como Filhas de Farani e Conexão Farani. Entre as primeiras iniciativas, estiveram ações com a aceleradora de negócios Marianas - Mulheres Que Inspiram, que atende Ouro Preto, Mariana e região, em Minas Gerais. A rede, que existe desde 2013, se fortaleceu ainda mais depois do rompimento da barragem do Fundão, em Bento Rodrigues, e hoje reúne mais de 400 mulheres. Outro treinamento que já aconteceu em novembro, sob liderança do grupo Filhas de Farani, foi a oficina em apoio ao empreendedorismo feminino na região do Xingu, no Pará. O Ela Vence é uma organização viva, marcada pela co-construção contínua de conteúdos, redes de apoio e de parcerias. Costumo dizer que desistir não é opção e esse é o momento de materializar alternativas para fazer com que empreendedoras, intraempreendedoras e investidoras encontrem conexões e o apoio necessário em sua jornada.
GE - Quais as principais frentes de atuação?
Camila - O Ela Vence vai atuar sobretudo nas frentes de educação empreendedora, compartilhamento de melhores práticas , inovação e círculo de investimentos, para conectar investidoras a mulheres líderes de startups. A expectativa é impactar ao menos 500 mil mulheres ao longo dos próximos 12 a 18 meses, considerando todas as iniciativas. Identificamos que ainda existe uma necessidade grande de informações e conexões que auxiliem as mulheres. Uma intraempreendedora de hoje, por exemplo - que gerencia projetos dentro de uma empresa, e já identificou seu DNA empreendedor -, pode ter dificuldade em preparar sua transição, tirar dúvidas e ter referências. Nosso hub busca oferecer insumos que as acompanhem em sua jornada.
GE - Quais impactos podem surgir das conexões entre investidoras e empreendedoras?
Camila - Queremos estimular a participação de mulheres investidoras-anjo e também apoiar negócios de base tecnológica fundados por empreendedoras ou que tenham executivas na liderança. Essas conexões podem ser muito positivas, à medida que mais investidoras passam a ter visibilidade sobre negócios inovadores liderados por mulheres e podem se interessar em investir. Visibilidade no sentido contrário também é real, já que as líderes de startups passam a ter maior conhecimento sobre as investidoras. É uma estrutura que se retroalimenta positivamente. Parte do fundo G2, também presidido por mim, o grupo G2 Women (G2W), busca reunir investidoras para ampliar a cultura de investimento-anjo e aportar em negócios da área de tecnologia fundados ou liderados por CEOs mulheres. O foco principal são startups que tenham faturamento anual entre R$ 100 mil e R$ 500 mil. A intenção do G2W é fortalecer o ecossistema feminino de empreendedorismo, inovação e investimentos de forma geral.
GE - Qual a importância de termos mais mulheres à frente de iniciativas inovadoras?
Camila - Quanto mais mulheres à frente de iniciativas inovadoras têm visibilidade, mais elas vão inspirar outras que estão em ascensão em sua trajetória profissional. Mulheres são muito motivadas por referências, conexão com outras mulheres, troca de experiências profissionais e pessoais. E, claro, quando as mulheres se sentem mais fortalecidas, mais triunfa o empreendedorismo.
GE - Como acha que teria sido a sua trajetória empreendedora se, no começo, tivesse encontrado uma iniciativa como o Ela Vence?
Camila - Certamente teria me fortalecido em vários aspectos. Penso que toda mulher já passou por alguma situação de descrédito sobre sua capacidade ou conhecimento, e admito que isso já aconteceu comigo. No meu caso, episódios como esses serviram como combustível para que eu pudesse ser melhor e desenvolver minhas capacidades. Mas, quando existem exemplos positivos que te fortalecem, a jornada fica menos complexa. O estudo da Innovaty mostrou que fortalecimento dos argumentos para negociação é uma das três principais necessidades de empreendedoras e intraempreendedoras no mercado profissional - e, por consequência, um bom elemento para combater eventuais questionamentos de capacidade. Fui um típico exemplo disso, busquei me qualificar para que a minha atuação pudesse ser melhor, mas se houvesse alguma iniciativa como o Ela Vence naquele momento, essa trajetória teria sido menos complexa.
Isadora Jacoby

Isadora Jacoby - editora do GeraçãoE

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Isadora Jacoby - editora do GeraçãoE

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