Da compra ao descarte, repensar a forma de consumo é uma demanda ambiental urgente

Sustentabilidade guia empreendedores gaúchos


Da compra ao descarte, repensar a forma de consumo é uma demanda ambiental urgente

Pensar na sustentabilidade do negócio passa pela escolha dos materiais de produção do produto e segue até o preço. É nisso que acredita Larissa Nascimento, 31 anos, sócia, com sua irmã Loriane Nascimento, 34, da Platana Bag, marca de bolsas e mochilas feitas à mão a partir de tecidos de reuso. Graduada em Administração, Larissa sempre desejou ter um negócio próprio. Ao término de seu curso, se aproximou da costura e viu ali uma possibilidade de negócio.
Pensar na sustentabilidade do negócio passa pela escolha dos materiais de produção do produto e segue até o preço. É nisso que acredita Larissa Nascimento, 31 anos, sócia, com sua irmã Loriane Nascimento, 34, da Platana Bag, marca de bolsas e mochilas feitas à mão a partir de tecidos de reuso. Graduada em Administração, Larissa sempre desejou ter um negócio próprio. Ao término de seu curso, se aproximou da costura e viu ali uma possibilidade de negócio.
Inicialmente, porém, ela produzia peças de roupas, o que, segundo a empreendedora, acabava sendo frustrante, principalmente pelo material excedente que era desperdiçado. "A roupa tem uma limitação muito grande de tamanhos, cada pessoa é diferente. Eu não ficava satisfeita com isso. Fora que gerava muito resíduo, e isso me incomodava. Para uma peça, às vezes, sobra de 20% a 30% do tecido e aquilo é difícil aproveitar para uma outra criação", explica Larissa.
Foi assim que, depois de um tempo afastada da máquina de costura, ela teve a ideia de trabalhar com produtos que servissem para todos, como bolsas e mochilas, e aproveitar materiais que já existiam. Nasceu, assim, em 2017, a Platana Bag. Larissa atribui a escolha pelos tecidos de descarte e a preocupação ambiental na hora de empreender à infância, quando morava no interior. "Sempre fomos muito preocupadas com o meio ambiente, isso caminhou do nosso lado. Por esse motivo que a Platana tem tanto significado, pelo propósito que deu na minha vida e da minha irmã", afirma.
O caminho para trabalhar com o material não é fácil, conta Larissa. "Contatamos diversas empresas para doarem os tecidos. De umas 30, uma deu ok. É bem difícil. Ainda tem uma certa resistência", explica a empreendedora, que hoje conta com três parcerias fixas para recolher os tecidos: uma estofaria em Porto Alegre, uma loja de decoração de Criciúma e uma confecção de peças em jeans de Gravataí. 
Os itens são produzidos por Larissa, em Porto Alegre, e por Loriane, em Garopaba, e vendidas pelas redes sociais e pelo site da marca (platanabag.com.br). Os valores partem de R$ 15,00 nas carteiras e chegam a R$ 149,00 nas mochilas. A precificação dos produtos é uma preocupação para as irmãs, que defendem que o viés da sustentabilidade também engloba a questão.
"Acreditamos que a sustentabilidade não está ligada somente ao uso de materiais de descarte ou tecidos reciclados, achamos que o produto tem que ser sustentável no valor. Sabemos que, na realidade do nosso País, a maioria das pessoas são classe C, então de nada adianta ser sustentável para que só 1% possa comprar aquele produto", acredita Larissa.
Outra preocupação da dupla é a durabilidade. Por isso, no site da Platana há um espaço reservado à política de reparos da marca, para garantir vida longa às peças e evitar o consumo excessivo, o que é uma preocupação do público da marca. "É um nicho que, quando começamos, nem imaginávamos que existia. Está intrínseco na nossa sociedade o consumo desenfreado. Então, quando iniciamos, as pessoas gostaram muito. A maioria do público da Platana é preocupada com a questão ambiental, com o futuro, de onde vêm os produtos, em usar os recursos que já existem", pontua Larissa. 

Startup lança lixeira que recompensa pela separação correta

Criar um produto que estimulasse a separação correta de lixo era um desejo antigo do engenheiro ambiental Kauê Pelegrini. Segundo ele, existem dois caminhos para fazer com que se tenha consciência do descarte correto de resíduos. "As pessoas melhoram sua separação de resíduos pelo impacto negativo, multando e cobrando, ou pelo incentivo", explica Kauê. Partindo dessa premissa, ele criou, com seus sócios Osmar Gomes, Marcelo Rodrigues, Joel de Conto e Bruno Barcellos Pavan, a Sort-e, startup de lixeiras inteligentes. 
A ideia foi elaborada em 2019 no programa Startup Garagem, da Pucrs. O desejo de Kauê era possibilitar que estabelecimentos conseguissem estimular os clientes a colocarem cada item na lixeira correta, já que a falta de separação atrapalha ainda mais o processo de reciclagem. "Sabemos que isso é um problema no Brasil. Só 3% dos resíduos que têm potencial são de fato reciclados por causa da viabilidade econômica ou logística. Tem sempre esses entraves", pontua Kauê. 
Saindo da fase de prototipagem para entrar no mercado ainda em 2020, as lixeiras da Sort-e funcionam da seguinte maneira: são cinco bocas para o descarte de vidro, metal, resíduos orgânicos, plástico e papel. Em cada boca, existem sensores que reconhecem o material que está sendo descartado. Antes de colocar o lixo, a pessoa deve se conectar à lixeira fazendo a leitura do QRCode presente no equipamento através do aplicativo da startup, que é gratuito. A partir daí, quando for feito o descarte, a lixeira reconhece o que está sendo depositado e, se estiver correto, o usuário ganha moedas no aplicativo, chamadas de ecopontos, que podem ser trocadas por recompensas em empresas parceiras, como descontos em cafeterias, estacionamentos e até brindes
Durante a fase de teste, Kauê orgulha-se em contar que o uso da lixeira nos estabelecimentos cumpriu o objetivo de estimular a melhor separação. "Testamos em até cinco estabelecimentos. Na maioria deles, melhorou de 70% a 80% de separação para 96%. Em um dos locais, tinha aquelas garrafas de suco de vidro. As pessoas chegavam a separar o rótulo para colocar no plástico ou papel. Era muito gratificante ver que as pessoas estavam separando a esse nível", conta o engenheiro ambiental, que tem o objetivo de instalar cinco modelos da lixeira até o fim do ano em Porto Alegre. 
As lixeiras da Sort-e não serão vendidas ou alugadas. O empreendedor ou empreendedora que desejar ter um exemplar em seu estabelecimento deve fornecer energia e conexão wifi para o funcionamento do item. A monetização da startup será feita através da venda de anúncios na tela presente na lixeira, onde, explica Kauê, os sócios pretendem passar informações de educação ambiental e orientações para o descarte adequado. Serão oito cotas de marketing por lixeira (entre R$ 200,00 e R$ 250,00), sendo uma reservada para a startup e uma para o estabelecimento.
 

Casal cria mini hortas que podem ser cultivadas até em apartamentos

A pandemia desacelerou o ritmo de trabalho de muitas pessoas, como é caso do casal Luiza Barreto, 27 anos, advogada que mora em Porto Alegre, e do seu namorado, Luiz Henrique Alves, 22 anos, estudante de Medicina Veterinária e residente de Garopaba, em Santa Catarina. Após passarem alguns dias com o pai de Luiza, Luis Eduardo Barreto, 53, agrônomo de Lagoa Vermelha, começaram a prestar mais atenção no ciclo das plantas. Surgiu, assim, a ideia da Brota Horta. O objetivo é levar a mesma experiência de uma horta do campo para quem vive nas áreas urbanas.
As entregas são feitas com as culturas ainda em fase de crescimento. "Isso demanda do cliente atenção, sensibilidade e respeito com as plantinhas. O nosso desejo é justamente esse: proporcionar a experiência do cultivo e não apenas a aquisição de um produto", diz Luiza.
Para ela, a Brota Horta tem um compromisso com a qualidade de vida e com o futuro do planeta. "Desejamos que nossos clientes sintam o prazer em cultivar ingredientes orgânicos em casa para que, então, contemplem e consumam o resultado do ciclo do qual fizeram parte. A agricultura sustentável é determinante para que seja mantida a consciência do que produzimos, consumimos e descartamos." O preço varia de acordo com o tamanho da caixa. A menor, com três mudas, mede 30cmx15cm e custa R$ 35,00. A caixa maior, com seis mudas, que mede 30cmx30cm, custa R$ 50,00. As entregas são feitas em Porto Alegre, Lagoa Vermelha e Garopaba - sem custo adicional. "Realizamos algumas entregas em outros municípios informalmente através 'de carona' com amigos", celebra Luiza.