Residências maiores e mais confortáveis ditarão, inclusive, criação de novos espaços nas empresas para atrair funcionários

Empresas investem em humanizar lares durante a pandemia


Residências maiores e mais confortáveis ditarão, inclusive, criação de novos espaços nas empresas para atrair funcionários

Desde o início da pandemia do coronavírus, a relação das pessoas com suas casas vem mudando. Como muita gente aderiu ao home office e, agora, fica o tempo inteiro no mesmo ambiente, novas necessidades para torná-lo mais agradável ou funcional começaram a surgir. Isso se reflete na escolha do imóvel e se estende até o mobiliário. O escritório de arquitetura de Porto Alegre SAH nasceu, em 2018, com essa atenção humanizada aos lares, mas percebe que a preocupação chegou aos consumidores em 2020.
Desde o início da pandemia do coronavírus, a relação das pessoas com suas casas vem mudando. Como muita gente aderiu ao home office e, agora, fica o tempo inteiro no mesmo ambiente, novas necessidades para torná-lo mais agradável ou funcional começaram a surgir. Isso se reflete na escolha do imóvel e se estende até o mobiliário. O escritório de arquitetura de Porto Alegre SAH nasceu, em 2018, com essa atenção humanizada aos lares, mas percebe que a preocupação chegou aos consumidores em 2020.
"Antes da Covid-19, a grande tendência da arquitetura estava voltada para espaços menores, de baixa permanência. As pessoas aproveitavam pouco as suas residências, com muitas horas despendidas no trabalho. O lazer era destinado a atividades externas. Surgia, também, um direcionamento para as moradias compartilhadas, os colivings", descreve a sócia do SAH, Maria Borsa. Segundo ela, que toca a empresa ao lado de Greyci Bolzan, o contexto mundial despertou, inclusive, a busca pela reconexão com a natureza, e as plantas passaram a ocupar mais prateleiras.
Embora a demanda para adaptação das casas seja intensa no escritório durante o isolamento social, o cuidado para evitar o contágio da doença trouxe novidades ao negócio. Um óculos de realidade virtual é enviado a clientes para que possam experimentar os espaços antes de serem construídos.
A arquitetura, segundo Maria, mostra, ainda, que não é a primeira vez que o estilo de morar é pautado por questões sanitárias. Ela exemplifica com a presença de antessalas e escritórios em casas mais antigas. Além dos interiores, a profissional diz que o interesse por infraestrutura de bairros será crescente, diminuindo a necessidade de locomoção longa e por transporte público.
E fica a dica para empreendedores: essa situação provocará uma maior rotatividade nos ambientes tradicionais de trabalho. "Com os lares confortáveis e adaptados para o home office, os escritórios terão que transmitir, além de segurança, espaços atraentes e convidativos para que seus funcionários se sintam bem", prevê Maria.

Conexão com a mata guia conceito de novo condomínio da Capital

Uma casa que se conecta com o céu, a mata e que, ao lado, tem a escola dos filhos, o escritório e o mercado. Esse modelo de novo urbanismo, inspirado numa tendência da América do Sul, está sendo aplicado a 15 minutos do aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, onde estão sendo erguidas oito casas-conceito que atendem à demanda dos novos tempos. O investidor do projeto, chamado de Prado Bairro-Cidade, é Carlos Gerdau Johannpeter, CEO da incorporadora Domus. 
"São projetos de alto padrão que variam entre R$ 2,5 milhões e R$ 3,8 milhões, e possuem área de 290m² a 430m². Cada uma das casas é única no seu design e forma. São obras de muita qualidade. Os arquitetos foram muito felizes em traduzir o espírito do Prado, a ideia da liberdade, da luz e da vida próxima da natureza, que expressa muito essa característica do pampa da América do Sul", entende Carlos.
Os benefícios de morar em um bairro-cidade, segundo o empresário, passam por diversos âmbitos. Inicia-se na pouca necessidade de longos deslocamentos, na segurança, conforto, interação com a comunidade, espaços projetados mais para pedestres do que para carros, entre outros.
Com a pandemia do novo coronavírus e o aumento gradual do interesse de compradores em casas maiores e espaços ao ar livre, as obras foram aceleradas, restando apenas algumas questões, como instalação dos muros, da rede de iluminação e do paisagismo. Após a comercialização das oito primeiras unidades, que integram a fase de lançamento, o restante das obras do bairro será iniciado. A expectativa é de que 25 mil pessoas habitem o local.
 

Aumenta busca pelo aconchego das lareiras

Com mais tempo em casa em função das orientações de distanciamento social, as pessoas passaram a investir no conforto de seus lares. Essa é a percepção de Bruno Berton, empreendedor de 28 anos que criou, em 2016, a Ecofogo, em que produz lareiras ecológicas. Neste ano, ele conta que as vendas dobraram em relação a 2019, somando 950 itens.
"O pessoal tem ficado muito em casa e não tem onde investir, sair para jantar, para viajar. O único investimento é na própria casa, no seu conforto. Todo segmento da área de decoração e utensílios tem tido um bom resultado, porque as pessoas estão precisando disso. As nossas vendas tem crescido bastante. Desde que abrimos, sempre crescemos, mas esse ano foi o dobro", conta Bruno.
O negócio surgiu de uma demanda pessoal. Passando muito frio em um inverno, ele decidiu pesquisar mais sobre como produzir as lareiras ecológicas. "Tenho bastante problema com ar condicionado quente, passava mal, e queria uma opção diferente. Só achava produtos muito caros, então, comecei a pesquisar algo que pudesse fazer com custo mais baixo, mas que tivesse um bom resultado", lembra Bruno.
Hoje, ele conta com dois funcionários para a produção das lareiras. "Fiz uma para mim e fui entendendo quais eram os materiais certos, as questões de segurança. Fui fazendo, adaptando e melhorando, até que chegamos nos produtos que temos agora, nos quais conseguimos aliar o bom, bonito e barato. É um preço atrativo, de qualidade, e com aquecimento eficaz", acredita.
A segurança do objeto é destacada por Bruno como um aspecto essencial para a sua produção. Na hora da compra, o cliente recebe um manual de uso, explicações detalhadas e, ainda, vídeos que ilustram a maneira correta de acender a lareira.
"Tem que tomar bastante cuidado. Comprar de quem sabe o que está fazendo. Às vezes, as pessoas tentam fazer uma versão caseira e acabam tendo problemas", alerta Bruno. O funcionamento dos itens da Ecofogo é da seguinte forma: cada lareira possui uma quantidade específica de álcool para acender. No processo, é usado álcool líquido 92.
"É um produto inflamável, tem que ter alguns cuidados na utilização. O álcool é inserido dentro dos queimadores, que tem uma manta para fazer absorção do produto e deixar ele retido para que não fique exposto. Se precisar apagar, sempre tem uma tampa para cortar a circulação do oxigênio", detalha o empreendedor.
As lareiras custam de R$ 329,00 a R$ 1.090,00, dependendo do tamanho e do design. As vendas são feitas pelo e-commerce da marca (ecofogolareiras.com), que também comercializa à pronta-entrega em sua fábrica, em Porto Alegre. Bruno acredita que o grande diferencial em relação a lareiras tradicionais é a praticidade.
"É só colocar o álcool e acender, se quiser apagar é só tampar. Não emite fumaça, por isso não precisa de chaminé. Ela é portátil, pode levar para qualquer lugar, para outro ambiente da casa. E tem a questão da sustentabilidade, porque o álcool é um combustível renovável", pontua Bruno.
A Ecofogo envia os produtos para todo Brasil, mas as vendas se concentram na região Sul e Sudeste do País. O empreendedor se orgulha em contar que já enviou lareira até para Fortaleza.
"Não sei o que iam fazer com ela lá, mas foi", diverte-se. Bruno entende que as compras on-line abrem horizontes para os negócios e serão o grande aprendizado desse momento de pandemia.
"É uma realidade, não adianta. Quem não tinha comércio on-line está começando a migrar, porque o custo é mais baixo e o retorno é muito alto. É algo que supera crise, pandemia, qualquer tipo de problema, e que abre horizontes, canais e muitas oportunidades", ressalta ele.