Isadora Jacoby

A iniciativa acontece no estacionamento da EPTC com ingressos que variam de R$ 100,00 a R$ 300,00

'O formato drive-in pode ser uma alternativa até depois da pandemia'

Isadora Jacoby

A iniciativa acontece no estacionamento da EPTC com ingressos que variam de R$ 100,00 a R$ 300,00

Se o cinema drive-in era uma memória do passado, durante a pandemia voltou a acontecer, sendo estendido, inclusive, para outros tipos de entretenimento. O Poa Drive-in Show, realizado pelas empresas Impacto Vento Norte e Best Entretenimento, em parceria com a prefeitura de Porto Alegre, aposta em espetáculos musicais e teatrais para que o público acompanhe de dentro do carro.
Se o cinema drive-in era uma memória do passado, durante a pandemia voltou a acontecer, sendo estendido, inclusive, para outros tipos de entretenimento. O Poa Drive-in Show, realizado pelas empresas Impacto Vento Norte e Best Entretenimento, em parceria com a prefeitura de Porto Alegre, aposta em espetáculos musicais e teatrais para que o público acompanhe de dentro do carro.
A iniciativa acontece no estacionamento da EPTC, ao lado do estádio Beira-Rio, com ingressos que variam de R$ 100,00 a R$ 300,00, e 5% da receita é destinada para a Associação dos Músicos do Rio Grande do Sul (Assmurs).
Nesta entrevista, Pinheiro Neto, sócio da Best Entretenimento com Sandro Sant'Ana, fala sobre a reinvenção do setor.
GeraçãoE - Como surgiu a ideia do Poa Drive-in e como foi colocada em prática?
Pinheiro Neto - Surgiu da necessidade de Porto Alegre ter um local, um espaço para lazer e entretenimento de forma responsável, visto que as pessoas estão em isolamento. O Poa Drive-in Show foi pensado, ao mesmo tempo, para conciliar diversão com solidariedade e empatia, porque a diversão é solidária. As pessoas que participam estão ajudando a classe artística, tanto os artistas que se apresentam no evento quanto sua equipe técnica, além da Assmurs, pois parte da receita arrecadada com a venda dos ingressos é destina à associação, com a finalidade de assistência à classe artística do Estado. O mercado artístico e cultural sofreu um impacto econômico muito grande, então nós, enquanto empresas, entendemos que deveríamos fazer algo para fomentar o mercado. Tudo teve inicio quando o Ricardo Salomão, da Impacto Vento Norte, assistiu a uma matéria de um jornalista na qual ele cobrava a prefeitura de Porto Alegre por uma opção de lazer e entretenimento. Ricardo entrou em contato com a prefeitura e propôs a ideia do drive-in. A prefeitura aceitou e ele procurou a Best Entretenimento para iniciar essa parceria.
GE - Qual o desafio de realizar um evento na pandemia?
Neto - O primeiro desafio é fazer as pessoas compreenderem que o entretenimento também é saúde mental. A partir do momento em que criamos, em meio à pandemia, uma opção de lazer e entretenimento de forma segura e responsável, estamos, de alguma forma, contribuindo para a saúde das pessoas também. Embora estejamos vivendo em meio a uma pandemia, onde existem pessoas que estão contaminadas, que acabam morrendo em decorrência do vírus, não podemos esquecer que existe uma vida acontecendo. Precisamos respeitar as pessoas que estão sofrendo com o vírus, mas também compreender que a vida continua para quem não tem o vírus. Não podemos desamparar as pessoas que estão em suas casas fazendo o isolamento, sem opção nenhuma de entretenimento. O maior desafio é conciliar a questão do entretenimento e demonstrar, ao mesmo tempo, respeito e consciência do que está acontecendo de fato. Também temos um desafio em fazer com que as pessoas compreendam que não há chances de contágio no evento, no modelo que nós desenvolvemos, respeitando todas as normas e protocolos de saúde e higienização. É um desafio fazer com que o público se sinta tranquilo.
GE - Como passar segurança para as pessoas saírem de casa?
Neto - Só conseguimos fazer isso mostrando o resultado de nosso trabalho, por meio de imagens e da própria imprensa que tem essa responsabilidade de informação. Importante compreendermos que o carro, neste momento, é uma extensão do lar. Ou seja, as pessoas que fazem isolamento nas suas casas são as mesmas pessoas que estão nos veículos. A única exceção para sair do veículo (somente acompanhado por um monitor) durante o evento é se houver necessidade de ir até o banheiro, e eles são higienizados a cada uso. Inclusive, têm pessoas que vão até o evento de pijama e pantufa. A maneira que temos de transmitir segurança, de fato, é utilizando todos os protocolos, mantendo o local sempre higienizado.
GE - Quantas pessoas são envolvidas na produção?
Neto - Entre equipe de limpeza, segurança, monitores, produção e técnicos, temos uma média de 200 profissionais envolvidos desde a montagem até o encerramento de cada espetáculo, sem falar da parte dos artistas que participam do evento. Ou seja, é uma média de 200 famílias tendo receita financeira, sobrevivendo do evento. Toda a área do evento é bem sinalizada e higienizada constantemente, nós temos diversos totens de álcool em gel espalhados pelo evento, onde os profissionais são orientados ao uso constante. O uso de máscaras é obrigatório e também respeitamos o distanciamento entre os colegas. O palco e toda a estrutura montada é muito grande, justamente, para que não haja aglomeração e seja respeitado o distanciamento, incluindo dos artistas que se apresentam.
GE - Os artistas gaúchos receberam bem a iniciativa?
Neto - Tivemos uma aceitação muito boa por parte dos artistas, porque o projeto tem um cunho solidário. Eles entenderam que o propósito é fomentar a cultura e o entretenimento. Os artistas estão bastante motivados, esperançosos e felizes com essa possibilidade de apresentar os seus espetáculos nesse modelo drive-in.
GE - O público aderiu?
Neto - Foi até surpreendente, de forma positiva, o público que vem comparecendo aos espetáculos. As pessoas que nunca foram num drive-in podem pensar que existe uma certa frieza pelo fato do público estar dentro dos seus carros, mas não existe. Há uma interatividade muito grande do público com o artista. O público interage o tempo todo através da buzina, do sinal de luz, abanando com as mãos para fora do veículo, na janela ou do teto solar. Muitas vezes, cantam tão alto que o artista consegue ouvir o coro do palco.
GE - O formato será uma alternativa a longo prazo?
Neto - É notório que o segmento cultural e de entretenimento foi o primeiro a parar e será o último a retornar. Acredito que o formato drive-in pode ser uma alternativa até depois da pandemia por vários motivos. Entendemos que o drive-in foi uma forma de entretenimento através dos cinemas antigamente, existiam muitos. Com o tempo, isso foi se extinguindo. Em muitos relatos, nos descrevem que a experiência é melhor que um teatro ou que uma festa tradicional, porque as pessoas se sentem mais tranquilas e no conforto do seu próprio veículo. Além disso, conseguem regular o som da altura que desejam. Acreditamos, sim, que o formato drive-in, mesmo após pandemia, possa permanecer como uma opção, inclusive nos meses mais frios, mas não na quantidade que está sendo ofertada hoje.
Isadora Jacoby

Isadora Jacoby - editora do GeraçãoE

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Isadora Jacoby - editora do GeraçãoE

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