Isadora Jacoby

Especialista ressalta a importância das soft skills

'A tecnologia surgiu para auxiliar e não para substituir profissionais'

Isadora Jacoby

Especialista ressalta a importância das soft skills

Nos últimos meses, a tecnologia ocupou um espaço ainda mais relevante no dia a dia das pessoas. Reuniões de trabalho ou aniversários por vídeo chamada se tornaram rotina. Neste contexto, inúmeros profissionais de tecnologia seguem desenvolvendo novas soluções. Andressa Dellay Agra, professora do curso de tecnologia do Senac de Porto Alegre, acredita que o perfil dos alunos que buscam formação nessa área mudou muito nos últimos anos e que, mais que nunca, eles estão preocupados em criar alternativas que realmente impactem a vida dos consumidores. Neste entrevista, ela fala sobre a demanda de mercado, como a pandemia mudou o olhar das pessoas para o uso de recursos tecnológicos e como as chamadas soft skills (termo em inglês usado para definir características profissionais como capacidade de comunicação, de se relacionar, de ser criativo) devem fazer parte dos profissionais da tecnologia. 
Nos últimos meses, a tecnologia ocupou um espaço ainda mais relevante no dia a dia das pessoas. Reuniões de trabalho ou aniversários por vídeo chamada se tornaram rotina. Neste contexto, inúmeros profissionais de tecnologia seguem desenvolvendo novas soluções. Andressa Dellay Agra, professora do curso de tecnologia do Senac de Porto Alegre, acredita que o perfil dos alunos que buscam formação nessa área mudou muito nos últimos anos e que, mais que nunca, eles estão preocupados em criar alternativas que realmente impactem a vida dos consumidores. Neste entrevista, ela fala sobre a demanda de mercado, como a pandemia mudou o olhar das pessoas para o uso de recursos tecnológicos e como as chamadas soft skills (termo em inglês usado para definir características profissionais como capacidade de comunicação, de se relacionar, de ser criativo) devem fazer parte dos profissionais da tecnologia. 
GeraçãoE - Mesmo em períodos de pouca oferta de emprego, sempre há vagas para áreas da tecnologia. Por que existe esse déficit?
Andressa Dellay Agra - A tecnologia está em constante atualização e está presente no cotidiano de todos. Não conseguimos mais nos imaginar sem um smartphone que nos permita acesso à conta bancária ou troca de mensagens instantâneas com um amigo que se encontra fisicamente longe. Essas facilidades diárias são possíveis devido a profissionais que se dedicam à tecnologia. Sem eles, não existiriam aplicativos e outros sistemas. Como a tecnologia possui grande demanda de uso, o mercado de trabalho está deficiente de profissionais qualificados. Em uma reportagem do site O Globo, em janeiro de 2020, comenta-se que o mercado da tecnologia tem um déficit de 24 mil profissionais por ano. Estamos em um País que possui uma taxa aproximada de 13% de desempregados e que sobram vagas a serem preenchidas para a área de tecnologia.
GE - De que maneira as soft skills são necessárias, também, para os profissionais da tecnologia?
Andressa - Durante muito tempo, o profissional da área de tecnologia era visto como um ser antissocial, que se mantinha na frente de um computador durante horas e não cuidava de sua aparência. Nas décadas de 1980 e 1990, por exemplo, o desenvolvedor não tinha a característica de manter diálogo com seus clientes e, muitas vezes, acabava por desenvolver softwares extremamente complexos ao usuário. O mercado, em constante mudança, vendo a necessidade de criar produtos que facilitem a vida do público, começou uma busca por profissionais que possuam competências como boa comunicação, empatia, motivação, entre outras. Ou seja, atualmente, não basta saber apenas técnicas da área, é preciso ter soft skills para ser um bom profissional.
GE - Estamos, mais que nunca, usando todos os recursos tecnológicos disponíveis para manter a proximidade e a comunicação durante a pandemia. Quais outras soluções e inovações estão sendo desenvolvidas nessa área a partir do contexto da Covid-19?
Andressa - A pandemia tem acelerado constantemente a adesão do uso da tecnologia, seja no teletrabalho, no ensino on-line e até mesmo na saúde. Neste último exemplo, houve um avanço significativo no atendimento de pacientes a partir da teleconsulta, que tem como objetivo manter pacientes seguros em suas residências e desafogar o sistema de saúde. Na área de educação, grande parte dos alunos estão tendo acompanhamento educacional sem prejudicar o calendário escolar. Além disso, muitos profissionais, que antes não sabiam se seria possível o teletrabalho, continuam com seus empregos. Se antes havia alguma dúvida sobre a substituição do homem pela máquina, agora é fato que estamos nos reinventando e percebendo que a tecnologia surgiu para auxiliar e não para substituir profissionais.
GE - Empresas de tecnologia em geral já atuavam mais de maneira remota. O que essas empresas podem ensinar, hoje, para outros setores que tiveram que adotar o home office de um dia para o outro?
Andressa - No Brasil, antes de 2020 e da pandemia da Covid-19, infelizmente, muitas empresas não eram adeptas ao home office. Gestores mantinham a ideia que era preciso ver fisicamente seu colaborador para saber se estava desenvolvendo seu trabalho. Por outro lado, já existiam gestores com uma mente mais aberta e entendiam que, para o rendimento de um colaborador, não é preciso que o mesmo esteja fisicamente em um prédio comercial. Um exemplo de segmento que sempre foi adepto ao trabalho remoto é o de desenvolvimento. Neste setor, muitos profissionais já trabalham em home office há tempos e levam uma vida profissional atrelada às suas residências, independentemente do horário escolhido para desempenhar sua função. Podemos concluir que, ao exemplo do setor de desenvolvimento, é preciso implementar uma cultura de confiança e responsabilidade dentro das empresas que estejam se adaptando ao "novo mundo". Fazer com que colaboradores se sintam parte do local onde trabalham, mostrar-lhes o quão são importantes para a equipe e como sua mão de obra é imprescindível para a empresa. Isso fará com que um círculo de confiança seja criado juntamente com melhor produtividade de seus colaboradores.
GE - Qual o perfil dos alunos que procuram hoje os cursos de tecnologia do Senac? Percebe que ele mudou ao longo dos anos?
Andressa - Com a atual realidade de mercado, os alunos que buscam cursos de tecnologia no Senac estão em constante busca por desafios, ou seja, almejam ser protagonistas das mudanças do cenário tecnológico, em vez de aguardar que aconteçam. Há perceptível alteração de perfil entre os alunos de pelo menos cinco anos para cá. Hoje, eles não estão mais querendo fazer parte de empresas com horário de entrada e saída, de forma inflexível, nem ter que possuir regras de vestimentas formais para o desempenho de seu trabalho diário. São estudantes que querem aplicar seu conhecimento em projetos que "mudem o mundo", independentemente de possuir uma assinatura em sua carteira de trabalho. O aluno de tecnologia do Senac quer ser um grande profissional, e não apenas mais um profissional da área.
GE - Quais as principais características que alguém que deseja atuar nesse ramo deve ter?
Andressa - Boa comunicação, saber trabalhar em grupo, ser engajado e ter motivação.
GE - Quais legados que a pandemia deve deixar nas empresas de tecnologia?
Andressa - A pandemia veio para mostrar a todos que a tecnologia é aliada do profissional, e não a sua substituição. É preciso estar em constante atualização, buscando sempre soluções para um futuro próximo.
Isadora Jacoby

Isadora Jacoby - editora do GeraçãoE

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