Vitorya Paulo

8 de março inspira conversa entre contadora e advogada de Porto Alegre

Mês da mulher pauta discussões sobre presença feminina nos negócios

Vitorya Paulo

8 de março inspira conversa entre contadora e advogada de Porto Alegre

"As pessoas negras e as mulheres precisam de alguém que, simplesmente, abra a porta para elas. Porque há portas que só abrem por dentro." É assim que a contadora Onília Araújo, 45 anos, da a I.Con Consultoria e Contabilidade, de Porto Alegre, define a necessidade da criação de oportunidades no mercado de trabalho para esses grupos. Com um discurso e desafios similares, a advogada Christiane Baladão, 37, comanda o escritório Baladão & Fagundes. Por estarem à frente de negócios, as duas superam obstáculos diariamente e conversaram com o GE sobre as questões em torno do Dia Internacional da Mulher (8 de março).
"As pessoas negras e as mulheres precisam de alguém que, simplesmente, abra a porta para elas. Porque há portas que só abrem por dentro." É assim que a contadora Onília Araújo, 45 anos, da a I.Con Consultoria e Contabilidade, de Porto Alegre, define a necessidade da criação de oportunidades no mercado de trabalho para esses grupos. Com um discurso e desafios similares, a advogada Christiane Baladão, 37, comanda o escritório Baladão & Fagundes. Por estarem à frente de negócios, as duas superam obstáculos diariamente e conversaram com o GE sobre as questões em torno do Dia Internacional da Mulher (8 de março).
Formada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), Onília conta que, quando era mais nova, não imaginava onde chegaria. "Quando se é de periferia, tem um ambiente que pauta qual é teu limite, teu horizonte", afirma.
Foi com o suporte financeiro e emocional de uma família que a empregava em uma rede de hotéis que, em 2003, passou no vestibular para Contabilidade. "As pessoas são obrigadas a ter um contador. Pensei que se fizesse isso de um jeito próximo, afetivo, ficaria rica", lembra.
É essa relação de confiança com os atuais 150 clientes da empresa, distribuídos entre o Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e São Paulo, que é o diferencial do negócio, afirma a contadora. "Ou o cliente está alinhado com os valores da empresa ou ele vai embora", comenta Onília. Com sete colaboradoras mulheres e um estagiário, o ambiente da I.Con, garante ela, tem horário flexível e poucas regras. "Todo mundo sabe o que tem que fazer", explica.
A mesma metodologia com os clientes é aplicada no escritório de Christiane, onde, acima de tudo, as conexões são valorizadas. Formada em Direito pela Pontifícia Universidade Católica do RS (Pucrs) desde 2006, a advogada afirma que escolheu a área por influência de um homem: o pai, que é delegado de polícia.
"Caí de paraquedas, como a maioria das empreendedoras não percebe que cai", conta, sobre o desenvolvimento do escritório.
O empreendedorismo se tornou concreto na vida de Christiane quando ela contratou a prima e, atualmente, sócia, Michelle Baladão Fagundes, para um estágio. "Foi através dela que consegui compreender que não poderia seguir outra coisa a não ser a advocacia."
Essa dificuldade em perceber o empreendedorismo acontecendo na própria vida, avalia Christiane, é um sintoma da histórica falta de investimento no desenvolvimento financeiro na vida das mulheres.
"A mulher foi recebendo liberdades sem nenhuma consciência. Enquanto os homens, há muito tempo, empreendem, lidam com dinheiro e têm suas contas correntes, não houve essa cultura com as mulheres. Às vezes, ela está há três, quatro, cinco anos no mercado, está prosperando, o dinheiro está entrando, e ela não faz a mínima ideia que tem um negócio", interpreta.
Nesse sentido, outra questão pontuada por Onília é o papel das mulheres negras, ainda no tempo da escravidão, dando início ao empreendedorismo feminino. "Elas compraram a própria alforria e a do homem delas. Tinham uma noção muito forte que não é sobre dinheiro, é sobre a liberdade que vai vir a partir disso. A liberdade econômica e financeira faz tu seres o que quiseres", explica.
Uma das consequências dessa desatenção às mulheres empreendedoras, para elas, é a falta de confiança e valorização que elas projetam em si. "A mulher sempre coloca o preço do próprio trabalho abaixo do mercado. É algo que identifiquei em mim. Um homem sempre bota o preço acima", avalia Christiane. Para Onília, defender o valor do serviço que oferece é essencial para se manter competitiva. "Quem perde o cliente por preço porque defendeu o valor pode ficar tranquila pois ele vai voltar. Outros voltarão porque entenderam o teu valor. E é um aprendizado incrível perder e errar", opina.
Como orientação para as mulheres que sentem desejo de empreender, mas não investem nisso, a dupla afirma que é necessário ter coragem e dar o primeiro passo. "Descobre teu talento. Vais ganhar muito mais se trabalhar para si mesma do que para os outros", diz Onília, destacando a importância de contar com amigos, família e pessoas próximas.
Para Christiane, o serviço que uma pessoa oferece é único, mesmo que outros profissionais atuem na mesma área. "No teu negócio, tem algo que só tu fazes. Empreendendo, mulher, tu não estás sozinha", expõe.

Curiosidade

REPRODUÇÃO/JC
As empreendedoras se conhecem de longa data. O primeiro encontro foi numa palestra, justamente, sobre empreendedorismo feminino. Atualmente, Onília é contadora do escritório de Christiane, que é advogada de Onília. #8M #sororidade

Eventos sobre o Dia Internacional da Mulher 

Confira os eventos que acontecerão para celebrar o 8 de Março: 
Vitorya Paulo

Vitorya Paulo - repórter do GeraçãoE

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Vitorya Paulo - repórter do GeraçãoE

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