Marcas passam a enxergar o mundo como potencial consumidor, sem focar apenas em quem está por perto

Negócios sem fronteiras


Marcas passam a enxergar o mundo como potencial consumidor, sem focar apenas em quem está por perto

Graças à tecnologia, atualmente, negócios criados no Rio Grande do Sul podem ganhar o mundo. Seja através da expansão física dos produtos e serviços, seja atraindo estrangeiros para provar o que é produzido aqui.
Graças à tecnologia, atualmente, negócios criados no Rio Grande do Sul podem ganhar o mundo. Seja através da expansão física dos produtos e serviços, seja atraindo estrangeiros para provar o que é produzido aqui.
Marcondes Trindade, CEO do aplicativo de mobilidade urbana Garupa, é um exemplo de negócio local com olhar global. Neste ano, a empresa planeja chegar em países como Argentina e Paraguai.
"A expansão para esses países se dará através dos sócios que atendem nas cidades fronteiriças. Temos, por lei, direito a rodar um raio de 50 quilômetros para dentro de cidades de outros países. Desse modo, já iniciamos o plano de expansão nessas localidades que fazem fronteira com o Estado", explica Marcondes.
O aplicativo nasceu no Rio Grande do Sul e mantém sua sede por aqui, mas tem atuação que engloba mais de 600 municípios em nove estados do País. Na capital catarinense, por exemplo, tem exclusividade na comunicação e operação do Floripa Airpoirt.
Com a ascensão da presença nacional, Marcondes acreditou ser a hora de dar um passo maior.
"O Brasil é um país rico e de culturas diferenciadas, mas entendemos que, mesmo com essa diversidade toda, a expansão País afora é algo que irá acontecer ao natural, fazendo um trabalho sério e bem feito. A partir desse pensamento, o Garupa busca ocupar espaços que tragam desafios e que nos coloquem cada vez maiores perante nossas concorrentes internacionais", analisa.
O app possui serviços diversificados na hora de pedir uma corrida. Entre as modalidades, estão Pet, Kids, Objeto, Estudante e Professor, e Mulher. Há, ainda, a opção Favoritar Motorista.
Quanto aos diferenciais para os condutores, o empreendedor garante que o Garupa é o aplicativo que melhor paga atualmente.
Além disso, ele afirma ter suporte 24 horas via WhatsApp e proximidade com os representantes do grupo na cidade ou de operação na região em que se encontra.
Sobre os desafios da expansão, Marcondes demonstra-se otimista e acredita na força dos colaboradores. "Precisamos entender bem a cultura de cada país para captar sócios preparados para suprirem a demanda local, adaptando ao máximo o negócio para a região. Após a captação de um sócio, percebemos que o entendimento da cultura local estará muito mais próximo do que a cidade realmente precisa. Um sócio local entende todas as necessidades da sua comunidade e busca soluções que tragam benefícios a toda população."
Para 2020, a expectativa da empresa é ter 150 sedes espalhadas pelo Brasil, com sócio-operador presente e número de corridas superior a 1,5 milhão por mês.

Chef gaúcho quer ser internacionalmente local

Filosofia de trabalho engloba comprar apenas de pequenos produtores

"Pego produtos cultivados aqui pertinho, que poderiam estar em qualquer lugar do mundo, em qualquer restaurante badalado, pelo cozinheiro mais estrelado, servido ao cliente mais exigente." Esse é o raciocínio do chef Carlos Kristensen, dono do UM Bar&Cozinha, para colocar em prática o conceito Internacionalmente Local. A ideia dele é ter um ambiente pronto para atender clientes de diferentes culturas e mostrar o que o Rio Grande do Sul tem de melhor.
Embora ele esteja instalado em Porto Alegre, com duas unidades, a mais recente aberta no BarraShoppingSul, já exportou seus sabores para fora do País.
"Levei o Internacionalmente Local para outros países no intuito de expor o que temos. Em Lisboa, realizei uma série de jantares, cozinha show e workshops junto ao Fartura, projeto que tem no Brasil inteiro e, agora, está em Portugal. Representei a Região Sul com ingredientes bem interessantes, como o charque e o ganso. Houve uma curiosidade gigante por parte dos portugueses. Eles têm uma proximidade bem intensa com nossa cultura gastronômica e, mesmo tendo bons queijos, por exemplo, se interessaram muito pelos nossos", garante.
Carlos tem vivência em cozinhas da Austrália, Nepal, Tailândia, Índia e outros locais. Ele certifica que o movimento de buscar alimentos direto nos produtores vai em contrapartida ao cenário de algum tempo atrás. "Tinha que buscar de fora para ser bom. As trufas da Itália, queijos franceses", compara.
O rótulo Internacionalmente Local estampa vários produtos vendidos no restaurante. Ele garante, no entanto, que não trata-se de uma marca. "Não é um projeto. É um movimento, uma forma de pensar. Dezenas de famílias de pequenos produtores fazem com que isso dê certo. Temos que fazer a roda girar dentro do Estado, em conjunto, da mesma forma com que eles fazem girar dentro de seus municípios."
O chef também é dono do restaurante Hashi (temporariamente fechado até março). Lá, ele percebeu algo que o incomodava na forma de lidar com a comida. "Estava abrindo umas caixas, porque um dos guris do almoxarifado não tinha aparecido. Fiquei um tempão recebendo caixas, observando entregadores que vinham de um lugar que eu não conhecia, com produtores que eu não fazia a menor ideia de como lidava com seus produtos. Fiquei enlouquecido. Não tinha história, era um monte de caixa chegando. Concentrei toda minha paixão, toda minha força, todo meu trabalho em melhorar todo esse processo", lembra.
Carlos entende que, independentemente do lugar do mundo, onde estão as pessoas, estão as boas comidas. Por isso mesmo, tem uma relação tão próxima com os produtores. "Hoje, liguei para um deles e perguntei: 'O que tem bastante aí?'. Ele respondeu que tinha caixas e caixas de tomate. Sabe qual a entrada de hoje? Todos os tipos de tomate, fatiadinhos, com queijo feta de ovelha de outro produtor nosso e manjericão. Simples, gostoso e nosso", expõe o chef.
Essa postura gera um trabalho de educação da clientela também. De ela entender que o que come em um mês pode não estar no cardápio do próximo.
É uma consciência que encanta frequentadores que chegam dos mais variados cantos.

Rgloor começa a ser vendida em plataformas da Inglaterra e da Austrália

Marca gaúcha possui tratativas em quatro países divulgados

Na Calvin Klein ou no Atelier da Cruz, a dedicação, segundo Rochelle Gloor, é a mesma. Bacharel em Design de Moda pelo Fashion Institut of Technology (FIT), em Nova Iorque, a estilista coleciona histórias e contatos famosos. Desde 2016, está no Brasil com a Rgloor, marca que aposta no conceito de "luxo sustentável". Agora, quer uma atuação maior no exterior.
A marca já vende na Choix do Shopping Morumbi, em São Paulo, e, neste ano, integrará plataformas on-line da Inglaterra e da Austrália. Há tratativas em andamento, ainda, na Itália e nos Estados Unidos. A única parceira já divulgada é com a inglesa Not Just a Label.
Rochelle conta que, muito antes de estar em contato com grandes marcas, já sentia-se disruptiva em relação à moda. "Vejo fotos minhas aos nove anos. Todas as meninas de tênis Reebok, a febre da época, e eu com um tênis bem 'mais de guri'. Não alisava o cabelo, não pintava. Me sentia bem como era."
Sentir-se bem consigo, aliás, é o que a estilista prega com mais veemência. "As pessoas têm medo de ousar. De usar algo que, normalmente, não veem as outras usando no dia a dia. Tem aquela coisa de perguntar para as amigas e, se elas disserem não, acabar por deixar de usar. Não pode ser assim. Se liberta. Muita gente interessante diz que é importante 'se vestir como se não houvesse amanhã'. Talvez não precise ser 100% assim, mas é bom buscar um pouco disso."
Quando Rochelle decidiu montar a marca, o intuito era mostrar sua visão de designer, de como as pessoas podem melhorar a sua aparência. "Todo mundo tem um estilo que não precisa ser mudado, mas acho que as pessoas podem dar um up só de tentar um pouco mais. Mas, claro, de forma com que seja natural para si", complementa a empreendedora.
A Rgloor, por carregar uma pegada sustentável, tem as peças moldadas, desde o início, para não ter excedente de tecido, evitando, assim, o desperdício. No projeto social do Atelier da Cruz, é feito o reaproveitamento de resíduos. "Prego que todo estilista e designer deva ter na consciência a questão da sustentabilidade. Somos os propositores, quem pode movimentar essa cadeia. Esquecer o marketing e colocar em prática de fato", garante Rochelle. A estilista já passou, também, por marcas como Ralph Rucci e Oscar de la Renta.