União de vinícolas de Flores da Cunha e de Nova Pádua coloca as cidades na rota do enoturismo

Uva torna região de Altos Montes um celeiro de empreendedores


União de vinícolas de Flores da Cunha e de Nova Pádua coloca as cidades na rota do enoturismo

A serra gaúcha vive, entre janeiro e março, um período de muita demanda de trabalho. Isso se deve à vindima, como é chamada a época de colheita da uva. E a região de Altos Montes, que compreende Flores da Cunha e Nova Pádua, é uma das que mais registra fluxo de caminhões com as frutas - já que concentra uma das maiores produções do Brasil.
A serra gaúcha vive, entre janeiro e março, um período de muita demanda de trabalho. Isso se deve à vindima, como é chamada a época de colheita da uva. E a região de Altos Montes, que compreende Flores da Cunha e Nova Pádua, é uma das que mais registra fluxo de caminhões com as frutas - já que concentra uma das maiores produções do Brasil.
Os vinhos finos de Altos Montes, aliás, a partir deste ano, ganharão um selo de Indicação de Procedência (IP) - solicitação feita em 2012. Isso dará credenciais à bebida, cujo processo passa pela plantação de espaldeiras, erguidas de forma que não façam sombra, entre 600 m e 800 m de altitude. "Essa característica (de insolação) deixa o vinho com mais estrutura, mais potente", explica Giovani Fabian, 30 anos, sócio da Vinícola Fabian.
Altos Montes quer virar destino turístico alternativo ao Vale dos Vinhedos. Foi criada, inclusive, a Associação das Vinícolas de Vinhos Finos de Altos Montes, com 10 marcas participantes. "A nossa união gera fortalecimento. E a relação entre os empreendedores foi melhorando ao longo das gerações. Trocamos muita ideia", afirma Débora Molinari Viapiana, 28, sucessora na Vinícola Viapiana.
LUIZA PRADO/JC
Para os turistas que querem ver de perto toda a função ao redor da uva, começou na última sexta-feira e segue até 1º de março a Fenavindima, no Parque da Vindima Eloy Kunz, em Flores da Cunha. Giovani e Débora participarão de algumas edições da Prova dos Dez, evento promovido aos sábados para que o público deguste os rótulos originais da terra.
A fruta, para a dupla, dá sentido à vida de suas famílias. Ambos cresceram e se desenvolveram em torno dos cachos. A Fabian surgiu em 1985 e produz, anualmente, 70 mil garrafas de espumantes e vinhos. A Viapiana veio um pouco mais tarde, em 1986, e sua produção atinge 120 mil garrafas ao ano. Eles não herdaram apenas as técnicas do modo de fazer as receitas de seus pais e avós. O brilho nos olhos é tão forte quanto o de fundadores de negócios.
LUIZA PRADO/JC

Quando o negócio cresce exponencialmente

Quem passa pela rua da Vinícola Panizzon, em Flores da Cunha, já tem uma ideia da dimensão do negócio. O número de caminhões carregados com uva provoca congestionamento nesta época de vindima. A marca tem capacidade para produzir 40 milhões de garrafas por ano, entre todas as bebidas.
Filipe Panizzon, 31 anos, da quarta geração do negócio, narra com orgulho a trajetória da família. Ao passar pela casa que pertencia a seus antepassados, conta que os Panizzon começaram como agricultores, vendendo a colheita para uma cooperativa.
Até que, certo dia, a entidade não pôde pagar pela uva, e eles fizeram o próprio vinho. Foi a virada de jogo. Agora, a empresa tem 53 mil metros quadrados de área construída, vende para todo o Brasil e deve começar a exportar para o Paraguai.
"Não temos mais para onde expandir", orgulha-se. O jeito foi adquirir, recentemente, a antiga fábrica dos refrigerantes Bonanza. A linha da Panizzon é quase toda automatizada. Entra a garrafa vazia de um lado e sai encaixotada do outro.
Em um espaço especial da vinícola, um memorial guarda itens marcantes dos últimos 60 anos. Ali, Filipe expõe como é sua relação com a empresa. "Vejo que não é um trabalho que venho para fazer minhas tarefas, ir para casa e esquecer. Trabalho pelos produtores, por mim, por todo mundo que está aqui dentro", diz.
A Panizzon também faz parte da Associação das Vinícolas de Vinhos Finos de Altos Montes, da qual Filipe é o atual presidente.
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Cuidado que garante a qualidade da bebida servida na garrafa

O vinhedo de sete hectares na região de Nova Pádua e as 335 mil garrafas produzidas por ano são a realização do sonho de Inês e Clóvis Boscato, fundadores da vinícola que leva o sobrenome do casal. Especialista em vinhos finos, a empresa, hoje, é administrada pela segunda geração da família. "O sonho da minha mãe era fazer o próprio vinho, e meu pai era técnico em enologia, dava assistência para outras vinícolas. Depois que eles se casaram, ela viu que ele realmente tinha o dom de fazer vinho", conta Roberta Boscato, 44 anos, filha do casal e sucessora na administração da empresa.
A relação da agrônoma com a fruta começou ainda na infância com o avô, que comercializa uvas na região. "Trabalhava com ele desde os seis anos de idade, praticamente nasci agrônoma", conta Roberta, que também é graduada em Enologia, sommelier e professora.
Há 37 anos no mercado, o objetivo da Boscato, garante Roberta, não é produzir grandes volumes, mas sim manter a qualidade dos vinhos finos que são fabricados a partir do vinhedo da família e de produtores parceiros supervisionados. O diferencial da marca é garantido, segundo ela, pelos atributos geográficos da região. "A nossa produção é toda de vinhos finos, mais tintos que brancos, justamente para aproveitar a potencialidade do terroir", explica.
A colheita é feita manualmente, sem uso de máquinas. Nesse processo, Roberta diz que é realizada uma seleção dos frutos para assegurar o melhor resultado final. "Não trabalhamos com nenhuma esteira, nem caminhão. As caixas, individualmente, são lavadas e esterilizadas. A colheita acontece cacho a cacho e há uma análise prévia de maturação e mais 15 pontos de qualidade. Esses cuidados fazem com que a gente consiga um ponto de maturação e uma cor diferenciada dos vinhos", explica. E a Boscato, segundo ela, não usa pesticidas na plantação nem esterco para manter os nutrientes do solo. O controle de pragas é feito por meio de controle biológico, e a adubação é verde, ou seja, acontece com o plantio de flores e leguminosas. "Isso resulta em uma produção menor, mas, em compensação, mantém esse equilíbrio."  
Plantado há 20 anos com mudas certificadas vindas da Itália, o vinhedo da Boscato é, de acordo com Roberta, uma prova da aptidão da região para o plantio da uva. "É uma relação muito íntima que a planta tem que ter com o solo e com o clima para chegar nesse equilíbrio. Não é só a planta, não é só o solo, não é só o clima. É o terroir, o conjunto dessas três bases, associadas ao manejo", pondera.
O local pode ser visitado em eventos especiais organizados pela empresa, como os sunsets - celebrações ao pôr do sol -, de onde é possível ver as cidades vizinhas da Serra.
A sede da vinícola, que fica a dois quilômetros do vinhedo, pode ser visitada de segunda a sexta-feira, das 8h às 12h e das 13h às 17h45min. A visitação, nos fins de semanas, acontece mediante agendamento prévio. Além dos pontos em Nova Pádua, a empresa tem uma sede em Caxias do Sul, a Adega Boscato.
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Siga o nosso roteiro

Comece fazendo a Prova dos Dez vinhos da Associação das Vinícolas de Vinhos Finos de Altos Montes, na Escola de Gastronomia da Universidade de Caxias do Sul (UCS), e depois as visite. São elas:
>> Casa Venturini
>> Mioranza
>> Fabian
>> Valdemiz
>> Luiz Argenta (não deixe de almoçar no restaurante Clô)
>> Terrasul
>> Boscato
>> Fante
>> Panizzon
>> Viapiana