Empresa de Portão transforma contêineres marítimos em moradias e outros estabelecimentos

Vagão Urbano, um modelo de negócio


Empresa de Portão transforma contêineres marítimos em moradias e outros estabelecimentos

A Vagão Urbano teve início sete anos atrás, em Canoas. O empreendimento, formado pelos irmãos e sócios Everton Netto, 33 anos, e Gerson Netto, 34, visa transformar contêineres marítimos em moradias e negócios, como restaurantes, lojas comerciais e outras.
A Vagão Urbano teve início sete anos atrás, em Canoas. O empreendimento, formado pelos irmãos e sócios Everton Netto, 33 anos, e Gerson Netto, 34, visa transformar contêineres marítimos em moradias e negócios, como restaurantes, lojas comerciais e outras.
Ambos se mudaram há cinco anos para Portão, após entregarem o segundo projeto, um restaurante. Na cidade, encontraram parceiros e mão-de-obra disponível. A escolha do endereço também teve uma motivação afetiva. Os irmãos sentem um carinho muito grande pela cidade. Quando eram crianças, lembram de visitarem a cidade do avô, Darcy de Souza Netto, fundador do bairro Parque Netto, em 1979.
O projeto de transformação do contêiner passa por algumas etapas, desde o começo da transformação até o planejamento dos detalhes e acabamentos. Depois que a parte burocrática é finalizada, chega a hora da transformação dos contêineres, na qual são feitos os cortes, soldas, piso, paredes, acabamentos e todas as outras instalações pertinentes.
Everton explica a diferenciação que a Vagão Urbano tem das demais empresas. "A nossa empresa se diferencia pela customização do produto. Antes de customizá-lo, passamos por um processo de entendimento da necessidade do projeto com o cliente", informa o empreendedor. Outra principal característica do negócio é o orçamento fixo. "Estudamos o projeto e elaboramos o orçamento detalhadamente, assim não gera surpresas na execução final", afirma o sócio.
Os contêineres são chamados de tecnologia construtiva por possuir características superiores às outras propostas Os empreendedores destacam a mobilidade e sustentabilidade, pois todo o material é reutilizado. Os irmãos explicam que, depois de 10 anos de uso nos portos, eles são descartados, pois ficam danificados. É quando a Vagão Urbano os compra.
A vida útil do contêiner para o mercado naval dura em torno de uma década, mas os empreendedores afirmam que a vida real pode chegar a 100 anos, o que geraria 90 anos de inutilidade forçada. Os principais pontos para garantir a qualidade do produto entregue são observar as avarias como amassados, corrosões e instalação de piso interno.
Everton explica o motivo de ter escolhido, junto com o irmão, contêineres para serem materiais de trabalho. "Por ser uma solução rápida e móvel para o empreendedor. Sempre tive o sonho de abrir um negócio e nunca soube o que. Quando me deparei com uma construção nesse molde, que na Europa não é mais uma novidade, saí pesquisando em diversos países", sublinha. Assim, ele percebeu que o contêiner não só resolvia um problema pessoal, como supria as necessidades de outros empreendedores.
Hoje o preço bruto de um contêiner é de 10 a 15 mil reais. A partir disso, o orçamento dependerá da demanda para o projeto. Em média, fica em torno de R$ 1.800,00 por metro quadrado. Alguns fatores podem influenciar no valor final, como o revestimento, quantidade de aberturas e especificações elétricas e hidráulicas.
300 contêineres transformados
Nesses cinco anos que a empresa está em Portão, já foram 300 contêineres transformados. O que antes era considerado lixo, hoje são casas, restaurantes e instalações comerciais. "Hoje temos projetos pelo Rio grande do Sul e em Santa Catarina", orgulha-se Everton. A estrutura da empresa conta com administrativo comercial, um projetista próprio e uma equipe qualificada que recebe treinamentos periódicos para esse tipo de construção. São cinco funcionários.
Portão é uma cidade bastante quente. As temperaturas elevadas podem ser um problema para determinados negócios, mas não para a Vagão Urbano. Questões térmicas também fazem parte da elaboração dos projetos. Por exemplo: a empresa utiliza de ventilações cruzadas e observam a posição do sol. Os empreendedores também fazem o uso da lã (de isolamento) de garrafas pet para o revestimento térmico dos contêineres. São utilizados 50 dessas por metro quadrado, sendo cerca de cinco mil garrafas por contêiner.
Em média a empresa leva 60 dias para finalizar o todo, contando desde o início até a entrega. A instalação do projeto é feito em um dia, gerando menos transtorno do que obras tradicionais. O contêiner é levado pré-pronto para o cliente até o local, reduzindo inconvenientes como entrada e saída de caminhões, perturbação sonora e até deslocamento da equipe. "Levamos para o local do cliente 80% do projeto pronto. A obra é realizada em um ambiente controlado garantindo a qualidade do produto", garante o empreendedor.
Desses 80%, o que está pronto é a estrutura, tratamento anti-corrosivo, recorte de aberturas, revestimento interno, instalações elétricas e hidráulicas. Eles deixam para fazer in loco a união das unidades e também os acabamentos. Segundo Everton, o dinheiro investido na empresa, cerca de R$ 30 mil, já foi recuperado, porém parte dele é reinvestido em melhorias do produto, maquinário, tecnologia e no desenvolvimento de pessoas.

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