A Casa Italia se propõe a ser um reduto de italianos em Porto Alegre e aposta nas receitas originais como diferencial

Italianos trazem receitas típicas para Porto Alegre


A Casa Italia se propõe a ser um reduto de italianos em Porto Alegre e aposta nas receitas originais como diferencial

Empreender pode ser muito mais que uma possibilidade econômica. Apostar no próprio negócio é, também, uma maneira de levar para os clientes diferentes culturas. Essa premissa sempre norteou Giuseppe Di Lorenzo, 57 anos. O italiano, nascido na região da Calábria, chegou ao Brasil há 22 anos.
Empreender pode ser muito mais que uma possibilidade econômica. Apostar no próprio negócio é, também, uma maneira de levar para os clientes diferentes culturas. Essa premissa sempre norteou Giuseppe Di Lorenzo, 57 anos. O italiano, nascido na região da Calábria, chegou ao Brasil há 22 anos.
Casado com uma gaúcha, decidiu experimentar a vida no Brasil e desde que chegou a Porto Alegre, sempre teve negócios do ramo da alimentação. "O meu sonho sempre foi trabalhar com comida italiana, só que não achava uma parceria que dividisse comigo esse sonho", explica Giuseppe. Em 2017 conheceu Gianmaria Ciabattari, 35 anos, que mora há 4 anos no Brasil. "Saí uma noite para ir em um bar italiano e aí nos conhecemos. Conversamos a respeito de fazer uma coisa totalmente italiana. Eu queria isso há muito tempo e ele também tinha esse sonho. Até que começou um namoro e, então, casamos", diverte-se Giuseppe contando sobre o início da sociedade que deu origem a Casa Italia. O empreendimento completou seu primeiro ano de vida em janeiro e já conquistou sua clientela fiel em função da originalidade dos pratos.
Mesmo com o grande número de estabelecimentos que servem comida italiana em Porto Alegre, os sócios afirmam que existem poucos empreendimentos realmente tradicionais. Foi nesse contexto que nasceu a Casa Italia, localizada na rua Anita Garibaldi, nº 1065. "A cidade não tem isso, não tem italianos que cozinham. Alguns estão atrás do caixa, mas italianos que se sujam a cada dia na cozinha não tem", pontua Gianmaria, que é o responsável pelo cardápio. Além de atrair os descendentes de italianos, o local também pretende atender ao público que se interessa por um ambiente tradicional para reencontrar experiências semelhantes às vividas em viagens. "Essa era nossa ideia desde o início: juntar o maior número de italianos e descendentes e misturar com o brasileiro, que é hoje é um dos povos que mais viaja pelo mundo. O brasileiro conhece muitas coisas e a gente tenta dar aqui o que ele comeu na Itália", conta Giuseppe. Para proporcionar uma experiência típica, o local funciona a partir das 7h30min da manhã servindo café da manhã com salgados e pães produzidos de maneira artesanal e que rememoram o ambiente italiano. Ao meio dia, é servido o almoço; no período da tarde, volta a funcionar o café que atende até às 19h30min.
A ideia de manter a originalidade da comida italiana permeia todos os aspectos do empreendimento. Para eles, no Brasil, as pessoas estão acostumadas a misturar muitos tipos de comida em um mesmo prato, o que não acontece no país europeu. "Comida italiana se reduz a simplicidade e a gostosura. Se misturar muita coisa não se sente o gosto de nada", pondera Giuseppe. Sendo assim, eles não acreditam no sistema de buffet como uma forma de servir comida de qualidade e, por isso, no almoço são oferecidos cinco tipos diferentes de massa, sempre mudando o cardápio com o objetivo de trabalhar somente com ingredientes frescos. "Esse é o segredo: os pratos são feitos na hora, e não ficam sendo esquentados em um buffet. A nossa proposta é fazer tudo na hora, tudo fresquinho. O cliente espera cinco minutos a mais, mas vai comer uma coisa bem melhor." garante. Para assegurar a essência italiana, eles apostam no que Gianmaria define como democratização da comida. "Tem aquela ideia de que comida italiana tem que ser cara e tem que ser chique. Bem pelo contrário. De onde nós viemos, existe um cuidado com a comida. Tem que ser popular, fácil, simples e muito aproveitável". A maioria das massas é artesanal e todos os ingredientes são escolhidos a dedo. Os pratos custam R$ 22,00 durante a semana e R$ 25,00 aos fins de semana.
O empreendimento não é o primeiro dos conterrâneos, que se dizem acostumados a montar negócios. Foi em função dessa experiência que eles estruturaram muito a ideia da Casa Italia antes de inaugurar, de modo que consideram que o primeiro ano de existência foi muito bem sucedido, tanto a nível econômico quanto pela receptividade do público. Para Gianmaria, essa tendência de negócios abrirem e fecharem em poucos meses é decorrente de uma visão equivocada em relação às expectativas do primeiro período. "Essa ideia de que o lugar tem que abrir e bombar é a pior coisa para um negócio. Tem que abrir e se fortificar, até trabalhar pouco às vezes para poder conhecer o teu cliente de verdade. Depois, com calma, crescer, fazer uma raiz na cidade. Quando a cidade aprende, entende, gosta do que você faz, daí tem cinco anos pela frente para trabalhar e expandir". Os planos para o segundo ano do empreendimento são ambiciosos, como define Giuseppe. Os sócios planejam expandir a parte dos produtos disponíveis no balcão, passando a vender massas frescas e congeladas, além de inserir pizza no cardápio. Esse passo, entretanto, está sendo estudado com muita cautela pela dupla, que trabalha apenas com dois funcionários e, para isso, teria que aumentar o quadro de colaboradores.
LUIZA PRADO/JC
O atendimento do salão é feito por Giuseppe de maneira muito afetuosa. Todos os clientes são tratados como amigos e eles consideram este o diferencial da Casa Italia. "Para nós isso aqui tem que ser família. Somos amigos de todos os clientes. A gente senta, toma café juntos, passa receita. Não pode ser uma relação fria, tem que ser bem amigável. Acho que a gente está fazendo sucesso, além dos nossos produtos, por causa desse calor que a gente dá", orgulha-se Giuseppe. E não é papo furado: enquanto conversávamos sobre isso, fomos interrompidos por um cliente que ouviu Gianmaria contar para o GeraçãoE que tinha nascido em Lucca; então, o cliente disse que tem um filho que mora na região e que toda a família é de lá, o que desencadeia um diálogo metade em português, mezzo in italiano, com muitas risadas e com muita gritaria (que, segundo Giuseppe, assim como a comida, está no sangue do italiano). Ao fim, Gianmaria convida o cliente para voltar mais vezes. "Ciao, grazie per tutto. Tem que me contar mais do teu filho. Volte". Esse diálogo resume como se sente na Casa Italia: em família.