Pode não parecer, mas a atual edição do Campeonato Brasileiro, cujo regulamento traz limitações para demissão de treinadores, ainda tem um número menor de troca de técnicos do que a anterior. A conta considera o ritmo de saídas dos comandantes dos times até o período pós-jogos da 25ª rodada da Série A.
Com a decisão do São Paulo pela saída de Hernán Crespo "em comum acordo", a edição de 2021 do Brasileiro chegou a 16 trocas de técnico. Ano passado, nessa mesma altura da competição, o número de mudanças de treinador estava em 21 - considerando alterações a contragosto dos clubes. Ou seja, redução de 23,8%.
Tirando os casos nos quais o técnico é quem pede para sair, algo que aconteceu duas vezes em 2021,
com Lisca (América-MG) e António Oliveira (Athletico-PR), ainda assim o Brasileiro de 2020 foi mais duro com os treinadores: o placar de demissões fica 17 a 14.
Com a saída de Crespo, seis clubes ainda não mudaram de técnico desde o início da Série A: Atlético-MG (Cuca), Fortaleza (Juan Pablo Vojvoda), Palmeiras (Abel Ferreira), Red Bull Bragantino (Maurício Barbieri), Corinthians (Sylvinho) e Juventude (Marquinhos Santos).
O artigo 32 do regulamento da Série A, que tenta coibir a dança das cadeiras dos técnicos, estabelece que "somente será permitida uma demissão de treinador sem justa causa, por iniciativa do clube, durante o campeonato".
A regra ainda acrescenta: "Caso o clube demita um segundo treinador sem justa causa após ter demitido o primeiro nessa mesma condição, deverá necessariamente utilizar um treinador registrado há pelo menos seis meses no clube".
Mas mesmo o novo dispositivo do regulamento traz uma brecha: "Eventual pedido de demissão por parte do treinador, demissão por justa causa por iniciativa do clube ou rescisão por mútuo acordo não serão computados para os efeitos deste artigo".
É o tal "comum acordo". Essa modalidade de saída cresceu nas últimas rodadas. Das oito demissões mais recentes, cinco foram assim.
O Bahia, que já trocou de treinador duas vezes, não especificou como fez o acerto para a saída de Dado Cavalcanti e Diego Dabove. O Grêmio, outro que já demitiu dois treinadores no Brasileirão, inseriu tanto
Tiago Nunes quanto
Luiz Felipe Scolari na modalidade "comum acordo".
Olhando a média móvel de demissões, nota-se que, em 2021, os clubes se seguraram no primeiro terço do campeonato - alguns, como o Corinthians, Fortaleza e Chapecoense, trocaram de técnico antes do início da competição. Até a 14ª rodada, tinham sido só seis trocas. Entre a 16ª e o período atual, que antecede jogos pela 26ª, foram dez.
A observação sobre o efeito prático do novo item no regulamento ainda é parcial. Como parâmetro, o ritmo de trocas de técnico no Brasileirão de 2020 após a 26ª rodada diminuiu: só aconteceram mais cinco. Resta saber como será o comportamento do RH dos clubes neste ano.
Trocas de técnicos do Brasileirão de 2021 até a 25ª rodada
- Alberto Valentim (Cuiabá) - 1ª rodada, demitido
- Miguel Ángel Ramírez (Inter) - 2ª rodada, demitido
- Lisca (América-MG) - 3ª rodada, pediu demissão
- Tiago Nunes (Grêmio) - 9ª rodada, comum acordo
- Rogério Ceni (Flamengo) - 10ª rodada, demitido
- Jair Ventura (Chapecoense) - 14ª rodada, demitido
- Dado Cavalcanti (Bahia) - 16ª rodada, não revelado
- Roger Machado (Fluminense) - 16ª rodada, demitido
- Umberto Louzer (Sport) - 18ª rodada, comum acordo
- Guto Ferreira (Ceará) - 18ª rodada, comum acordo
- Fernando Diniz (Santos) - 19ª rodada, demitido
- António Oliveira (Athletico-PR) - 19ª rodada, pediu demissão
- Eduardo Barroca (Atlético-GO) - 22ª rodada, comum acordo
- Diego Dabove (Bahia) - 24ª rodada, não divulgado
- Luiz Felipe Scolari (Grêmio) - 25ª rodada, comum acordo
- Hernán Crespo (São Paulo) - 25ª rodada, comum acordo
Trocas de técnicos do Brasileirão de 2020 até a 25ª rodada
- Ney Franco (Goiás) - 4ª rodada
- Eduardo Barroca (Coritiba) - 4ª rodada
- Dorival Júnior (Athletico) - 5ª rodada
- Daniel Paulista (Sport) - 5ª rodada
- Felipe Conceição (Red Bull Bragantino) - 6ª rodada
- Roger Machado (Bahia) - 7ª rodada
- Tiago Nunes (Corinthians) - 9ª rodada
- Thiago Larghi (Goiás) - 12ª rodada
- Paulo Autuori (Botafogo) - 12ª rodada
- Ramon Menezes (Vasco) - 14ª rodada
- Vagner Mancini (Atlético-GO) - 15ª rodada, pediu demissão e foi para o Corinthians
- Vanderlei Luxemburgo (Palmeiras) - 16ª rodada
- Eduardo Barros (Athletico) - 17ª rodada
- Jorginho (Coritiba) - 18ª rodada
- Bruno Lazaroni (Botafogo) - 18ª rodada
- Domènec Torrent (Flamengo) - 20ª rodada
- Eduardo Coudet (Internacional) - 20ª rodada, pediu demissão e foi para o Celta (ESP)
- Rogério Ceni (Fortaleza) - 20ª rodada, pediu demissão e foi para o Flamengo
- Enderson Moreira (Goiás) - 21ª rodada
- Ramon Díaz (Botafogo) - 23ª rodada
- Odair Hellmann (Fluminense) - 24ª rodada, pediu demissão e foi para o Al Wasl (EAU)