O que era um temor há alguns dias vai ganhando contornos cada vez mais claros: são fortes as chances de que as Olimpíada de Tóquio seja adiada. Pela primeira vez, o Comitê Olímpico Internacional (COI) admitiu a possibilidade de postergar o começo dos Jogos, em razão da pandemia do novo coronavírus, que tem prejudicado a preparação dos atletas em todo o planeta. Após reunião extraordinária neste domingo, o Comitê Executivo da entidade garantiu que a Olimpíada não será cancelada e prometeu dar a resposta final sobre a data do evento em até quatro semanas.
"Esta etapa (espera de um mês) permitirá uma melhor visibilidade do rápido desenvolvimento da situação da saúde em todo o mundo e no Japão. Servirá de base para a melhor decisão no interesse dos atletas e de todos os demais envolvidos", afirmou o COI, em nota. Entre os cenários, está deixar a disputa para o final deste ano, para 2021 ou para 2022. O cancelamento, garante a entidade, está fora de questão - já que, segundo o texto divulgado neste domingo, "não resolveria qualquer problema, nem ajudaria ninguém". A manutenção da atual data, com início das disputas no dia 24 de julho deste ano, também não foi descartada.
Além da situação do próprio Japão, país-sede da Olimpíada, o cenário de surtos de Covid-19 em diferentes continentes também pesam para um eventual adiamento. A situação impede a realização de seletivas e o próprio treinamento dos atletas, gerando um desnível técnico que pode prejudicar seriamente várias modalidades.
As críticas de atletas, comitês olímpicos nacionais e federações esportivas aumentaram depois de declarações do presidente do COI, Thomas Bach, que disse seguidas vezes que a data não seria alterada. No sábado, o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) somou-se à pressão, defendendo que a disputa dos Jogos fique para o ano que vem.
"Como judoca e ex-técnico da modalidade, aprendi que o sonho de todo atleta é disputar uma Olimpíada em suas melhores condições. Está claro que, neste momento, manter os Jogos para este ano impedirá que este sonho seja realizado em sua plenitude", afirmou o presidente do COB, Paulo Wanderley. A posição foi corroborada por entidades esportivas como as confederações brasileiras de Ginástica e de Desportos Aquáticos.