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Vinhos e Espumantes

- Publicada em 11 de Novembro de 2021 às 17:06

Falta de garrafas e alta no preço dos insumos assusta produtores

 Daniel Panizzi diz que incerteza ronda vendas de fim de ano

Daniel Panizzi diz que incerteza ronda vendas de fim de ano


/Don Giovanni/divulgação/jc
Patrícia Lima
Patrícia Lima
Um dos lançamentos de 2021 da vinícola Don Affonso, de Caxias do Sul, veio bem a calhar com o momento que vive o setor. Pensando em atender os consumidores que apreciam os coquetéis à base de vinho, especialmente no verão, será lançado nos próximos dias o Enosfera Spritz em lata. A bebida de inspiração italiana elaborada com espumante e licor de aperol já havia feito sucesso em sua versão na garrafa e, agora, chagará em latinha de alumínio, para maior comodidade de quem quiser degustá-la na praia ou piscina. O enólogo da vinícola, André Gasperin, mirou na preferência do público por uma bebida de verão e acertou no insumo alternativo, a lata, que nesse caso vai substituir um item cada vez mais raro: a garrafa de vidro.
Segundo Gasperin, que também é presidente da Associação Brasileira de Enologia (ABE), os insumos enológicos sofreram aumentos que vão de 50% a 100%, o que encarece o produto final em toda a cadeia, mas nenhum problema se compara à escassez de garrafas. "Eu e muitos outros já estamos deixando de vender por falta de embalagens. Só na Don Affonso seria possível comprar 30% mais garrafas, se houvesse disponibilidade no mercado", comenta Gasperin. Empolgado com o momento positivo que vive o setor, com crescimento real na comercialização de vinhos finos, o enólogo teme que esse cenário de incertezas com relação aos insumos prejudique o ritmo de avanço das empresas.
O diretor da vinícola Don Giovanni, em Pinto Bandeira, e também vice-presidente da União Brasileira de Vitivinicultura (Uvibra), Daniel Panizzi, alerta que cerca de 40% das vendas do setor, especialmente dos espumantes, se concentram no último trimestre, o que representa uma incerteza enorme para quem deveria estar planejando seus estoques. "Na Don Giovanni, não vamos conseguir atender de 25% a 30% dos pedidos por falta de garrafas para o envase", lamenta. As vinícolas estão importando garrafas do Chile, mas mesmo essas são escassas e caras, e os pedidos demoram muito a chegar. Segundo Panizzi, o setor pode deixar de crescer até 30% pela falta de garrafas.
E o pior é que o problema das garrafas não se resolverá no curto prazo. Uma série de fatores contribuiu para que se chegasse a esse cenário, como a desorganização das cadeias produtivas ao redor do mundo no começo da pandemia, o que fez cair a fabricação de insumos, e o aumento astronômico na demanda por embalagens de vidro para setores como bebidas e alimentos. O fato de o Brasil ter um único produtor de garrafas também deixa os vitivinicultores sem opção para suprir a demanda por embalagens.
Lideranças do setor já se organizam para tentar atrair uma fábrica de garrafas para a região da Serra, mas nenhum contrato foi assinado. Uma empresa norte-americana estuda o investimento de quase R$ 1 bilhão no Estado para montar uma unidade fabril com capacidade próxima de 1 milhão de garrafas por dia. Porém, mesmo que o projeto se concretize, o resultado só viria no final de 2023. Até lá, o crescimento do setor deve ficar condicionado à disponibilidade de embalagens.
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