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Prevenção

- Publicada em 26 de Setembro de 2021 às 10:00

Após estagnação, mercado de seguros avança na retomada

Nos sete primeiros meses de 2021, setor registrou receita de R$ 172,46 bilhões em todo o País

Nos sete primeiros meses de 2021, setor registrou receita de R$ 172,46 bilhões em todo o País


PIXABAY/DIVULGAÇÃO/JC
Nícolas Pasinato, especial para o JC
Nícolas Pasinato, especial para o JC
Com uma participação atual de 3,7% no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, segundo dados da Superintendência de Seguros Privados (Susep), o setor de seguros tem demonstrado a sua força e resiliência desde o confinamento social e a redução da atividade econômica impostas pela pandemia do novo coronavírus. Se o PIB do País recuou 4,1% em 2020, conforme números divulgados pelo IBGE, o mercado segurador ficou praticamente estável no ano passado. Em 2021, por sua vez, o desempenho registrado mês a mês dá indícios de um futuro promissor.
"Estamos vivenciando a chamada recuperação em V. Fechamos 2019, na pré-pandemia, com espetacular crescimento de 12,3%. Em 2020, descemos para 1,3%. E agora, em junho, anualizados os dados, voltamos ao patamar pré-crise, crescendo 12%. Isso é muito mais que qualquer outro setor da economia", destaca o presidente da Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg), Marcio Coriolano.
Nos sete primeiros meses de 2021, o setor de seguros arrecadou R$ 172,46 bilhões, o que significa um crescimento de 16,4% na comparação aos R $148,11 bilhões registrados no mesmo período do ano passado, segundo dados da Susep. Somente em julho deste ano, o total foi de R$ 27,43 bilhões, alta mensal de 2,8%.
Entre os segmentos que estão se destacando pela forte retomada, aparecem os seguros de danos, com crescimento de 14,1% na arrecadação de prêmios no acumulado de 2021. Os seguros de pessoas também apresentam plena evolução, com alta de 20,6% na comparação anual, tendo como principal destaque as contribuições VGBL (Vida Gerador de Benefício Livre), que é uma das alternativas de previdência privada comercializadas no país.
Nos produtos de previdência, houve um crescimento nominal de 2,4% na receita nos primeiros sete meses de 2021 em relação ao mesmo período do ano anterior. No setor de previdência tradicional, por sua vez, a receita do acumulado até julho permaneceu estável na comparação anual.

Atuação das seguradoras e de corretores é destacado por entidades gaúchas

Guilherme Bini destaca o auxílio aos segurados vítimas de Covid-19

Guilherme Bini destaca o auxílio aos segurados vítimas de Covid-19


MAPFRE/DIVULGAÇÃO/JC
No Rio Grande do Sul, o crescimento do setor se apresenta de forma ainda mais intensa. Segundo o presidente do Sindicato das Seguradoras do Rio Grande do Sul (SindSegRS), Guilherme Bini, mesmo com as dificuldades do cenário econômico, o Estado apresentou uma elevação de 3,9% dessa indústria em 2020. Já no acumulado de janeiro a junho deste ano, registra uma alta de 22,5%, conforme a entidade.
"Tivemos alguns impactos consideráveis no mercado de seguros neste período. As seguradoras tiveram um posicionamento positivo quanto ao amparo aos segurados vítimas de Covid-19, uma vez que a pandemia é considerada risco excluído de coberturas securitárias e, de imediato, elas passaram a dar cobertura nos seguros de vida, prestamistas, educacional e saúde, desconsiderando a cláusula contratual de exclusão. Com isso, houve um considerável aumento na sinistralidade e também uma redução no prêmio arrecadado", explica Bini.
Segundo ele, observou-se uma queda na arrecadação de prêmios para o seguro de automóvel com a redução da mobilidade provocada no período. Por outro lado, passar mais tempo dentro de casa foi um elemento importante para uma maior procura pelo seguro residencial. "A assistência 24 horas foi uma das coberturas mais utilizadas pelos segurados nesse período", destaca.
O seguro rural, que a nível nacional teve 193 mil apólices contratadas em 2020 (mais que o dobro em relação a 2019), também apresentou alta no Rio Grande do Sul tanto em 2020 quanto em 2021, segundo o presidente do SindSegRS.
O presidente do Sincor-RS, Ricardo Pansera, também destaca o papel desempenhado pelas seguradoras em um período de extrema dificuldade em diferentes áreas. "O mercado segurador já pagou 72 mil indenizações, somando mais de R$ 3 bilhões por mortes decorrentes da Covid-19. Foi um período que consolidou a importância do seguro e de seus corretores, aconselhando e formatando as apólices de acordo com as reais necessidades de cada família", ressalta. Para ele, os seguros pessoais, residenciais e de previdência privada se consolidaram durante a pandemia e devem seguir despontando no mercado.

Susep define normas do sistema Open Insurance

A Superintendência de Seguros Privados (Susep) já definiu as diretrizes para implementação do Sistema de Seguros Aberto: o Open Insurance. Os normativos visam o desenvolvimento do setor, garantindo ao consumidor mais segurança e controle no acesso aos seus dados.
As normas estabelecem condições para permitir que o consumidor acesse e compartilhe seus dados, quando desejar, com outras seguradoras ou terceiros, de forma segura, ágil, precisa e conveniente. Os dados poderão ser utilizados, para desenvolver novos produtos e serviços que atendam às necessidades atuais e futuras dos consumidores de seguros, previdência e capitalização, além de integrar com o Sistema Financeiro Aberto. O Open Insurance possibilita, junto com o Open Banking, a formação do chamado Open Finance.
A previsão de implementação dessa iniciativa deve ocorrer em fases e de forma paulatina, visando uma melhor organização e previsibilidade do setor. A primeira fase, que contempla o compartilhamento de dados públicos das empresas referentes a produtos e canais de atendimentos, deverá iniciar a partir de 15/12/2021. A segunda fase, quando os clientes poderão compartilhar seus dados pessoais, se inicia em 01/09/2022. Por fim, a terceira fase, que prevê a execução de serviços por meio do ecossistema, terá início em 01/12/2022.

O boom das insurtechs, as startups de seguros

Um dos consensos entre especialistas, seguradoras e representantes do mercado de seguros é de que a digitalização do setor veio para ficar. O boom das chamadas insurtechs - startups do setor de seguros que ganham cada vez mais espaço no mercado - é um forte indicativo desse movimento. Segundo dados do Distrito Dataminer, braço de inteligência da plataforma de inovação aberta Distrito, quase metade das 113 startups do mercado de seguros existentes no País surgiram nos últimos 4 anos.
"O setor de seguros vem passando por uma profunda transformação ao longo dos últimos anos, proporcionando muitas oportunidades de mercado. As novas tecnologias presentes no setor deram origem às chamadas insurtechs, que são responsáveis pelo lançamento de produtos e serviços que antes não eram oferecidos pelas seguradoras tradicionais", contextualiza Péricles Gonçalves, pesquisador da FGV Direito Rio e professor associado ao Instituto de Inovação em Seguros e Resseguros da FGV.
O professor destaca que a tecnologia tem ajudado, por exemplo, a fazer com que os próprios clientes efetuem vistorias para comprovação de sinistros em residências, prédios empresariais, fábricas ou em automóveis. Menciona também que, por meio de smartphones, já é possível registrar as ocorrências em fotos e vídeos para, em seguida, enviar para as seguradoras. A conferência dos dados acontece de maneira rápida, com o uso de geolocalização. "As novas tecnologias encontram no setor de seguros um terreno fértil para a criação de novos produtos e serviços", enfatiza Gonçalves.
Fundada em 2018, a Pier é uma das startups que atuam para inovar o mercado de seguros. Iniciou com a distribuição de seguros para smartphones e, em 2020, ampliou a sua oferta de produto com o seguro de automóvel. Neste ano, atingiu a marca de 50 mil clientes nos dois produtos e, no mês de setembro, captou um novo investimento de R$ 108 milhões (US$ 20 milhões), liderada pelo Raiz Investimentos, valor que deve ser utilizado para impulsionar o crescimento da empresa.
Atualmente, a experiência do seguro de smartphone é automatizada de ponta a ponta por meio do uso de inteligência artificial. O objetivo da insurtech é poder, em breve, ampliar essa tecnologia para o seguro auto, garantindo que, em ambos produtos, os clientes possam contratar em menos de 1 minuto e receber sua indenização em segundos.
Primeira a ser autorizada a operar no Sandbox, ambiente regulatório experimental da Susep, a Pier pretende, ainda neste ano, protocolar pedido de licença definitiva ao órgão regulador.