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entrevista

- Publicada em 09 de Novembro de 2020 às 03:00

Crescimento nos negócios mesmo em ano de pandemia

Rodrigo Sisnandes Pereira diz que a Fundação Família Previdência registrou adesões de pessoas físicas

Rodrigo Sisnandes Pereira diz que a Fundação Família Previdência registrou adesões de pessoas físicas


Fundação Família Previdência/Divulgação/jc
Maior fundo de pensão do Rio Grande do Sul, gerenciando um patrimônio superior a R$ 7 bilhões, a Fundação Família Previdência não apenas passou incólume pela pandemia como ainda cresceu. Com 18 mil participantes e 22 clientes institucionais (entre entidades e empresas), ganhou mercado em um ano de crise tanto pela migração de planos para sua gestão quanto por novas instituições aderentes.
Maior fundo de pensão do Rio Grande do Sul, gerenciando um patrimônio superior a R$ 7 bilhões, a Fundação Família Previdência não apenas passou incólume pela pandemia como ainda cresceu. Com 18 mil participantes e 22 clientes institucionais (entre entidades e empresas), ganhou mercado em um ano de crise tanto pela migração de planos para sua gestão quanto por novas instituições aderentes.
"Nosso público não foi tão afetado pela crise, tem uma renda acima da média e é vinculado a empresas e instituições que não registraram muitas demissões. Também tivemos adesões de pessoas físicas e com aportes extras de migrações vindas de bancos e de novos planos", explica Rodrigo Sisnandes Pereira, presidente da fundação.
Profundo conhecedor do tema previdência e também de finanças pessoais, Pereira destaca que a previdência privada enfrenta, obviamente, os desafios da baixa renda da população em geral. E, agora mais ainda, do elevado índice de desemprego. Mas reforça que é necessária uma ação urgente de governos e de todos que têm capacidade econômica um pouco melhor para aumentar essa reserva interna. Neste sentido, a gestão dos recursos de quem tem (o poupador pessoa física) por quem sabe (como fundos de previdência) é ainda mais fundamental.
"A pessoa física, em geral, não sabe investir e diversificar para aumentar a rentabilidade. Nós temos pessoas full time dedicadas a isso. E como fundação sem fins lucrativos repassamos toda a rentabilidade que conquistamos no mercado. Temos apenas uma taxa para manter o custeio e a operação", explica o executivo.
Neste ano, por exemplo, Pereira destaca que, mesmo com grandes oscilações no mercado e na bolsa de valores, a fundação chegou a alcançar recordes. Em junho, a Fundação Família Previdência alcançou a marca de 1.468% de ganho acima da média do CDI, em sua rentabilidade consolidada. Enquanto o CDI, taxa que funciona como referencial para os investimentos foi de 0,21%, a Fundação obteve 3,16% de rentabilidade naquele mês.
Na entrevista, Pereira fala sobre como a fundação consegue alcançar estes ganhos, porque a previdência privada com um todo é importante para o País e as razões pelas quais as pessoas que tem condições devem começar a fazer uma reserva financeira.
JC - Como a Fundação Família e Previdência registrou rentabilidades tão altas em relação ao CDI, por exemplo?
Rodrigo Sisnandes Pereira - Primeiro, porque somos uma entidade que conta com R$ 7 bilhões na carteira e fazemos uma gestão ativa e forte de investimento, com maior poder de negociação. Recentemente, quando fomos buscar uma corretora, tivemos propostas de até 95% de deságio nas taxas. Isso é lucro direto para o participante, até porque nós não temos lucro, mas apenas uma taxa anual para manter o nosso custeio.
JC - E onde estão os maiores aportes? Onde a fundação mais aplica?
Pereira - Somos principalmente voltados ao longo prazo, então 70% dos recursos estão em títulos no mercado futuro, especialmente do governo. Outra parte, próximo de 20%, em Bolsa de Valores e fundos multimercados. Outra parcela em empréstimos com desconto em folha e diretamente em empresas.
JC - Qual o maior desafio de gerenciar esses recurso, hoje?
Pereira - Temos uma longevidade cada vez maior, e isso vai provocar uma série de problemas que talvez não estamos nos dando conta nesse momento. Para você ter uma ideia, temos um plano entre os mais antigos, em que a média de idade já é de 82 anos. Lá em 1970, era de 45 anos e hoje está, no Brasil, em 77 anos. Pelos dados oficiais do IBGE, com viés de alta muito considerável. O Brasil não está conseguindo aproveitar o chamado bônus demográfico, como fez a China e estão fazendo outros países, de acumular poupança interna. Já estamos vivendo quase o final do bônus demográfico, não aproveitamos ele e agora ainda estamos vivendo uma crise sem precedentes.
JC - Qual é o ponto de virada desse bônus demográfico, que significa é ter mais jovens do que idosos?
Pereira - É quando o número de pessoas com 60 anos ou mais supera o número de pessoas em 14 anos ou menos. E essa transição demográfica está muito acelerada. A previsão do IBGE era para 2031 ocorrer no Brasil. No Rio Grande do Sul isso já aconteceu em 2019. Temos que pensar a longevidade no caso da sustentabilidade do planeta, que não é mais uma questão para as gerações futuras. Os danos, nos dois casos, virão logo e para gerações que aqui estão e continuarão. Temos hoje quatro gerações vivendo ao mesmo tempo. Alguns municípios do Interior estão fechando escolas por falta de alunos e, por outro lado, abrindo lares para população idosa.
JC - Qual a solução então quando a maior parte da população não mal consegue sobreviver e menos ainda guardar dinheiro?
Pereira - O governo precisa estimular a previdência privada, ter isso com um pilar obrigatório, em mais de um sentido. Planos de previdência privada devem ser tal qual planos de saúde, ofertados em larga escala e adotado amplamente por quem tem recursos. Se não tiver um incentivo forte para essa parcela da população, que tem condição de se preparar para a aposentadoria, certamente nós vamos ter mais dificuldades sociais em breve.
JC - Entre os projetos de reforma em andamento na esfera federal, algo positivo neste sentido?
Pereira - Não. O setor está negociando com o Ministério da Economia um projeto para tratar sobre a questão previdenciária privada especificamente. Os planos de previdência representam 13% do PIB e são grandes investidores de títulos do governo, infraestrutura e empresas. É importante para o País incentivar essa poupança interna, por meio de isenção fiscal, por exemplo. Por mais que tu ganhes, hoje tu abate 12% quando vai resgatar. Temos que ter mais proteção e estímulo ao poupador previdenciário. E com a atual taxa Selic em baixa, o próprio investimento dos fundos de pensão e previdência deve retrair sua participação em títulos públicos.
JC - E irão, ou já estão indo, para onde?
Pereira - Para carteiras e opções de investimento internacionais, por exemplo, que era algo que o segmento não tinha tanto. Além de mais fundos multimercados. Ou seja, é menos aporte de recursos para o próprio governo gerir e aplicar no desenvolvimento do País.

A Fundação Família Previdência em números

APORTES - São contribuições extras dos participantes nos planos previdenciários, além das contribuições mensais normais.
2018 - R$ 1,3 milhão
2019 - R$ 3,3 milhões
2020 - R$ 2,2 milhões (até outubro)
PORTABILIDADES - Transferências de recursos de outros planos de previdência para os produtos administrados pela Fundação Família Previdência
2018 - R$ 166 mil
2019 - R$ 1,1 milhão
2020 - R$ 1,9 milhão (até outubro)
NOVOS PARTICIPANTES
2018 - 1.093
2019 - 2.241
2020 - 775 (até outubro)