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reportagem cultural

- Publicada em 18 de Março de 2021 às 21:15

Armando Albuquerque, mestre de gerações de músicos gaúchos

Em 16 de março, completaram-se 35 anos da morte do compositor porto-alegrense

Em 16 de março, completaram-se 35 anos da morte do compositor porto-alegrense


Arquivo pessoal Alberto Albuquerque/Divulgação/JC
O maestro Radamés Gnattali conquistou um posto entre os grandes nomes da música de concerto do século XX, mas não foi o único gaúcho a realizar essa façanha. Menos conhecido do grande público - o leitor talvez nunca tenha ouvido falar nele -, o porto-alegrense Armando Albuquerque tornou-se um dos maiores compositores do gênero com uma produção abrangente que inclui peças para piano, voz e piano, orquestra e música de câmara. E um curioso paradoxo: ao contrário do colega, que se radicou no Rio de Janeiro, um dos principais centros das artes na época, Albuquerque criou essa obra excepcional sem sair da Cidade Baixa, onde morava na Capital. Trinta e cinco anos após sua morte, seu legado ressoa pelo País.
O maestro Radamés Gnattali conquistou um posto entre os grandes nomes da música de concerto do século XX, mas não foi o único gaúcho a realizar essa façanha. Menos conhecido do grande público - o leitor talvez nunca tenha ouvido falar nele -, o porto-alegrense Armando Albuquerque tornou-se um dos maiores compositores do gênero com uma produção abrangente que inclui peças para piano, voz e piano, orquestra e música de câmara. E um curioso paradoxo: ao contrário do colega, que se radicou no Rio de Janeiro, um dos principais centros das artes na época, Albuquerque criou essa obra excepcional sem sair da Cidade Baixa, onde morava na Capital. Trinta e cinco anos após sua morte, seu legado ressoa pelo País.
Pianista, violinista, compositor, arranjador, musicólogo e professor, Albuquerque nasceu em 29 de junho de 1901. Formou-se no Conservatório de Música do antigo Instituto de Belas Artes - atual Instituto de Artes da Ufrgs - em 1923, especializando-se em violino. Fez acompanhamento de filmes mudos no antigo Cinema Colombo, foi arranjador da Rádio Difusora e lecionou na principal universidade gaúcha. O músico chegou a viver por um curto período em São Paulo, onde compôs sua primeira peça, Pathé Baby, de 1926. Mas foi em Porto Alegre que construiu a carreira e a obra.
Sua arte desafia classificações. Enquanto outros contemporâneos seguiam a vertente nacionalista, inspirada no folclore brasileiro, e a chamada música serial ou dodecafônica, Albuquerque buscou uma nota totalmente pessoal. Desenvolveu, então, um estilo experimentalista, que o pianista, compositor e professor Celso Loureiro Chaves chama de "música armândica".
"A originalidade dele estava exatamente em não se filiar a nenhuma escola de composição. Desde as primeiras peças, sempre foi um compositor independente", explica Chaves, que foi aluno e amigo de Albuquerque e dedicou sua tese de doutorado na Universidade de Illinois (EUA) ao estudo da obra pianística do músico. Albuquerque deixou mais de 80 composições. Entre suas principais obras, estão peças para piano curtas, de pouco mais de um minuto, e longas como Tocata e Suíte bárbara infantil.
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Albuquerque deixou mais de 80 composições, como peças para piano e orquestra. Foto: Alberto Albuquerque/Arquivo Pessoal
Outra parte importante de sua produção teve início na década de 1940, por influência da literatura modernista gaúcha. O compositor conviveu com os poetas Augusto Meyer e Athos Damasceno Ferreira, além de Mario Quintana e Ruy Cirne Lima, e usou textos desses intelectuais como base para canções.
Do primeiro, musicou poemas como Oração da estrela boieira, Lua boa e Sorriso interior. De Damasceno Ferreira, criou melodias para Reflexos n'água, Bar e Alto da Bronze. "O grupo dele não era um grupo de músicos, era um grupo de escritores das décadas de 1920 e 1930", observa Chaves.
Com a criação da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (Ospa), em 1950, Albuquerque passou a escrever também para esse tipo de formação. A primeira obra foi Suíte breve, de 1954. Em 1970, compôs Evocação de Augusto Meyer, em homenagem ao poeta e amigo morto naquele ano, e inovou ao introduzir um acordeão - instrumento não sinfônico - no final da peça.
"A versão original era para piano, e eu acompanhei o Armando trabalhando na versão para orquestra", conta o maestro e compositor Antônio Carlos Borges-Cunha, que também foi aluno e amigo de Albuquerque. Em maio de 2018, Cunha regeu a Ospa em um concerto especial da programação da 11ª Bienal do Mercosul em que a obra foi executada. "Foi muito impactante, percebi o encantamento dos músicos com a música do Armando", destaca.
Apesar da grande visibilidade obtida por sua obra de concerto em Porto Alegre, Albuquerque só teve reconhecimento nacional a partir da década de 1970, quando algumas de suas primeiras peças foram tocadas no Festival de Música Nova de Santos. "Exatamente por esse isolamento em Porto Alegre, ele só ficou conhecido quando o compositor Gilberto Mendes (1922-2016, um dos principais nomes da música concreta no Brasil), incentivador do festival, convidou e homenageou o Armando", diz Chaves.
Vítima de câncer, Albuquerque morreu em 16 de março de 1986. Amigos do músico lembram dele como um homem simples, adorável e generoso. "Ele era notívago, compunha na madrugada, quando a casa e a rua estavam em silêncio", conta a psicóloga Iracema de Albuquerque Ortega, filha do compositor. No sobrado da rua Lopo Gonçalves, onde hoje mora o filho Alberto, o piano do compositor é preservado na peça que ele usava como estúdio de trabalho.

Compositor é referência para gerações de músicos

Músico José Prediger (à esq.), Albuquerque e Borges-Cunha, em 1982, na formatura em Música na Ufrgs

Músico José Prediger (à esq.), Albuquerque e Borges-Cunha, em 1982, na formatura em Música na Ufrgs


Arquivo pessoal Antônio carlos Borges-Cunha/DIVULGAÇÃO/JC
Para se dimensionar a presença musical de Armando Albuquerque, é preciso um olhar além de sua produção artística. Professor do Instituto de Artes da Ufrgs nas décadas de 1960, 1970 e 1980, o compositor formou e influenciou gerações de músicos atuantes no meio cultural.
Entre os que passaram por suas aulas - no curso de Música, ele esteve à frente de disciplinas de composição, contraponto, fuga, instrumentação e orquestração - , é exaltado sobretudo pela "imaginação livre" e pela forma particular de transmitir conhecimento, estimulando a criatividade dos estudantes.
"Quem foi aluno do Armando tem isso marcado para toda a vida", resume o compositor e pianista Celso Loureiro Chaves, seu amigo, aluno e hoje também docente na mesma instituição de ensino. O maestro e compositor Antônio Carlos Borges-Cunha observa que Albuquerque foi o primeiro professor de composição na universidade.
"Ele tinha um conhecimento muito amplo de um repertório muito amplo e uma experiência muito grande como pianista e arranjador", destaca Cunha, orientador do Programa de Pós-Graduação em Música da Ufrgs. "Me disse uma frase que não esqueço: 'A intuição é uma inteligência superior'. Nos anos 1970 e 1980, em que se buscava uma organização baseada em princípios seriais (na composição musical), uma pessoa fala da importância da intuição no processo criativo, é um estímulo muito grande para a autenticidade."
Músicos também destacam o carisma do compositor de cabelos brancos, fala baixa e pausada. "Mais do que qualquer ensinamento musical específico, o que ele mais ensinava era ele mesmo. Uma figura inesquecível, pelo que traduzia de delicadeza, serenidade e juventude de espírito", descreve o diretor artístico da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp), Arthur Nestrovski, que conviveu com Albuquerque durante um semestre de estudos na Ufrgs.
Quem também não o esquece é o cantor e compositor Vitor Ramil, que o citou em uma de suas canções mais conhecidas. Natural de Pelotas, Ramil passou pelo curso de Música da Ufrgs no início dos anos 1980. "Fui morar em Porto Alegre, e lá moravam o Armando, na Cidade Baixa, e o Mario (Quintana), no Centro, duas figuras históricas com quem eu tive o privilégio de estar e que para mim representam muito a cidade", explica Ramil.
A admiração pelo músico e pelo poeta inspirou versos de Ramilonga, faixa que abre o quinto álbum do cantor, de 1997, e presta uma homenagem à Capital: "Ruas molhadas, ruas da flor lilás/ Ruas de um anarquista noturno/ Ruas do Armando, ruas do Quintana/Nunca mais, nunca mais".
O cantor conta que, quando conheceu Albuquerque, já havia gravado seu primeiro vinil, Estrela, Estrela, de 1981. "Foi uma fase muito importante para mim, porque o meu primeiro disco foi muito precoce. Não sabia ainda o que eu ia fazer, mas queria fazer um trabalho autoral. Fiquei fascinado com ele como professor. Me deu uma sensação de grande liberdade, confiança para seguir as minhas intuições e arriscar", diz Ramil. "Era um senhor superamável, superligado nos jovens alunos, muito interessado."
O compositor é recordado com carinho em muitas histórias contadas por ex-alunos. O saxofonista Vasco Piva, que foi aluno de Albuquerque em 1983, na disciplina Laboratório Experimental de Música, lembra que certa vez o compositor saiu da sala de aula e minutos depois foi encontrado estirado no chão no saguão do andar.
"Parece que tinha se sentido mal e resolveu se deitar, mas daquele jeito dele, bem tranquilo, e depois voltou para a aula", diz o músico. "Ele era muito carismático, apesar de ser de poucas palavras."

Um cantinho, um piano e um violão

Instrumento usado por Armando é preservado na casa onde o compositor morava na Cidade Baixa

Instrumento usado por Armando é preservado na casa onde o compositor morava na Cidade Baixa


MARIANA ALVES/JC
Entre os nomes associados à trajetória de Armando Albuquerque, um dos mais lembrados é João Gilberto, que em 1955 passou um período em Porto Alegre. A psicóloga Iracema de Albuquerque Ortega, filha de Armando e Dalva Albuquerque, conta que uma prima de sua mãe aproximou o músico gaúcho e o baiano - Dona Boneca Regina, como era conhecida, chegou a organizar uma festa-surpresa de aniversário para o cantor em junho daquele ano. João, então, passou a frequentar a casa de Albuquerque na Cidade Baixa. "Eles tinham um sonho de viajar de carro até a Bahia", revela Iracema. O plano não saiu do papel. Quatro anos depois, porém, João consagraria a Bossa Nova com o disco Chega de saudade.
Os encontros históricos são confirmados no livro Chega de saudade - A história e as histórias da Bossa Nova, do jornalista Ruy Castro. "Albuquerque, que não era de elogiar qualquer um, ouviu o rapaz e ficou entusiasmado. Só o achara aflito, em busca de alguma coisa moderna que ele próprio não sabia definir. João Gilberto costumava visitá-lo em sua casa, na rua Lopo Gonçalves, e os dois ficavam horas, cada qual em seu instrumento, descobrindo pequenas belezas na valsa de Lamartine Babo e Francisco Matoso, Eu sonhei que tu estavas tão linda. Ou então João Gilberto fazia com que Albuquerque lhe tocasse, vezes sem conta, a Canção da Índia. Quando soube que era uma composição do russo Rimsky-Korsakov, espantou-se. Sempre achara que fosse de Tommy Dorsey", escreveu Castro.

Presença marcante no rádio

Músico produzia o programa semanal Mestres da Música Alemã na Rádio da Universidade

Músico produzia o programa semanal Mestres da Música Alemã na Rádio da Universidade


Acervo Fotográfico da Rádio UFRGS/DIVULGAÇÃO/JC
Armando Albuquerque deixou sua marca também na Rádio da Universidade (Ufrgs), no ar desde 1957. O compositor, que foi funcionário administrativo na Escola Eletrotécnica da universidade, acompanhou a criação da emissora e iniciou a formação de sua discoteca, considerada um acervo de referência em música de concerto. Orientador musical da rádio até o final da década de 1960, Albuquerque produzia o programa semanal Mestres da Música Alemã, do qual se orgulhava.
Também solicitou a compra, pela universidade, de um piano Grotrian Steinweg com um quarto de cauda, no início da década de 1960. Até hoje presente no estúdio da rádio, situada no campus central da Ufrgs, o instrumento foi usado, entre outros artistas, pelo pianista porto-alegrense Roberto Szidon (1941-2011), que manteve um programa na emissora e depois trilhou uma bem-sucedida carreira no exterior.
Pioneira entre as emissoras universitárias no Brasil, a Rádio da Universidade contribuiu na formação de público para a música erudita na Capital. Sua coleção de discos recebia doações periódicas do Consultado da Alemanha na Capital. Além de programas didáticos, a rádio transmitia concertos ao vivo realizados no Salão de Atos da Reitoria e no Theatro Sao Pedro, iniciativa que tinha muito apoio de Albuquerque, segundo o amigo e compositor Flávio Oliveira.
"O Armando sabia qual era o papel de uma rádio universitária, tinha muito claramente esta função. Ele era o conhecimento musical, o norte da rádio, era respeitado", destaca o músico, que foi programador, produtor e apresentador de programas na emissora entre 1964 e 2003. Oliveira conta que conheceu Albuquerque em 1961, durante um seminário de música, e teve aulas de contraponto com o compositor, um grande incentivador dos seus primeiros trabalhos autorais. "Quando comecei a colaborar na rádio, ele ficou muito contente", diz.
No estúdio, o estilo "zen" do compositor rendia momentos divertidos, recorda Oliveira. Albuquerque redigia o script de seu programa a ser lido pelo locutor em uma máquina de escrever, às vezes durante a transmissão, deixando aflitos os colegas na mesa de som. "O Aníbal (jornalista Aníbal Damasceno Ferreira, na época operador de áudio) dizia para ele, brincando: "Professor, daqui a 5 minutos vai acabar a música. O senhor não nos daria mais um pouco de programa? Ele ria: 'Já vou aí'. Terminava de bater aquelas folhinhas de papel-carbono, levantava tranquilamente e deixava para o operador a cópia (do script). Ficou folclórico", relata Oliveira.

Tesouro musical guardado em gravações

O primeiro registro fonográfico da obra do compositor gaúcho foi o LP Mosso

O primeiro registro fonográfico da obra do compositor gaúcho foi o LP Mosso


Arquivo pessoal Celso Loureiro Chaves/Divulgação/JC
A produção musical de Armando Albuquerque não ficou restrita às salas de concerto. Ao longo do tempo, esse legado foi valorizado em gravações que ajudaram a tornar conhecidas algumas de suas obras principais. O primeiro desses registros fonográficos foi o LP Mosso, produzido pelo compositor e pianista Celso Loureiro Chaves e pelo flautista Ayres Potthoff. Com canções, música de câmara e peças para piano executadas pelo próprio Albuquerque e por outros intérpretes, o disco foi gravado no Salão Mourisco da Biblioteca Pública do Rio Grande do Sul e lançado em 1985.
"Ele ficou fascinado quando eu e o Ayres tivemos essa ideia de fazer o vinil. (Era) a primeira vez que alguém se interessava em registrar a obra dele", afirma Chaves. Nome de uma das faixas, o título inusitado do LP é um trocadilho entre a palavra "moço" e o termo italiano "mosso" (movido), que na escrita musical se refere a um tipo de andamento, explica o músico. Uma brincadeira que Albuquerque fez no início da partitura da obra, ao prescrever que se tocasse "com mossidade".
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Armando em evento no Theatro São Pedro ao lado da então presidente da instituição, Eva Sopher. Foto: Alberto Albuquerque/Arquivo Pessoal
Em 1998, a trilogia Sonhos, de Armando Albuquerque, foi incluída no CD Prelúdios em Porto Alegre, disco de estreia da pianista Luciane Cardassi. Paulista radicada no Canadá e focada em repertório contemporâneo, Luciane fez mestrado na Ufrgs na segunda metade da década de 90.
"A motivação (para o disco) veio do interesse te conhecer mais a música feita anteriormente em Porto Alegre e gravar músicas ainda inéditas", explica. Do compositor gaúcho, a pianista gravou ainda a peça Poemas ao mar, que acabou ficando de fora do CD e ela planeja incluir em um álbum futuro. "As obras para piano do Armando têm um caráter visceral muito forte. São peças líricas, que te surpreendem", destaca.
Em 2001, Celso Loureiro Chaves tornou acessível uma parte expressiva do repertório do compositor com o lançamento do CD Uma ideia de café - A música para piano de Armando Albuquerque. No álbum, gravado em 1994 no John Knowles Paine Concert Hall, na Universidade de Harvard, em Cambridge, nos Estados Unidos, o pianista interpreta nove peças. Entre estas, Tocata, de 1948, que Albuquerque considerava sua "obra mais alta", e Sonho III, de 1974, sua última composição para piano, que ele dedicou ao aluno e amigo
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Partitura de uma das peças do compositor. Foto: Celso Loureiro Chaves/Arquivo pessoal
Mais recentemente, a obra orquestral do compositor gaúcho ganhou destaque em um projeto da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp). O Selo Digital Osesp, que disponibiliza gravações de obras do acervo da sinfônica, lançou em 2014 o álbum Armando Albuquerque - Duas peças para orquestra. Gravado na Sala São Paulo, o título traz Suíte breve e Evocação de Augusto Meyer, com regência de Celso Antunes e Isaac Karabtchevsky. "O que nos motivou foi justamente a falta de registros. Fizemos o óbvio e necessário: tocar e gravar", diz o diretor artístico da Osesp, Arthur Nestrovski.

A discografia

Artigos da antiga casa de Armando Albuquerque, na Cidade Baixa, com fotos, obras e instrumentos

Artigos da antiga casa de Armando Albuquerque, na Cidade Baixa, com fotos, obras e instrumentos


MARIANA ALVES/JC
Mosso, Armando Albuquerque (LP)
  • Lançado em 1985, pelo selo Som Livre/RBS Discos, com 16 peças interpretadas pelo compositor e por outros músicos
Prelúdios em Porto Alegre, Luciane Cardassi (CD)
  • Lançado em 1998, pelo selo Fumproarte, traz Sonho I, Sonho II e Sonho III de Armando Albuquerque, além de obras de outros compositores gaúchos. Faixas disponíveis para streaming (gratuito) e download na plataforma Bandcamp, aqui no link
Uma ideia de café, Celso Loureiro Chaves (CD)
  • Álbum independente lançado em 2001, com nove composições
Armando Albuquerque - Duas peças para orquestra, Osesp (Álbum digital)
  • Lançado em 2014, pelo Selo Digital Osesp, com duas peças: Suíte breve e Evocação de Augusto Meyer. Disponível gratuitamente para download e streaming na página de Discografia do site da Osesp, pelo link aqui.

O legado

Antigo violino do músico, que chegou a se especializar no instrumento

Antigo violino do músico, que chegou a se especializar no instrumento


MARIANA ALVES/JC
Algumas das principais composições de Armando Albuquerque
Obras para orquestra
  • Suíte breve (1954)
  • Evocação a Augusto Meyer (1970)
Peças para piano
  • Pathé Baby (1926)
  • Sonho III (1974)
  • Motivação (1945)
  • Tocata (1948)
  • Suíte bárbara infantil (1965)
Música de câmara
  • Música para violoncelo e piano (1955)
  • Sonatina para flauta e piano (1949/1965)
  • Trio 1953 (1953; para piano, violino e violoncelo)
Música de cena
  • Ópera da lua (1968-1984), baseada em obra de Jacques Prevért
Canções
  • Oração da estrela boieira (1943)
  • Lua boa (1947)
  • Órbita (1947)
  • Sorriso interior (1956; coletânea)
  • Reflexos n'água (1940)
  • Bar (1940)
  • Beco do império (1940)
  • Serenata dotrefoá (1940; tríptico)
  • Alto da Bronze (1970)

* Patrícia Feiten é jornalista formada pela UFSM e tradutora, formada em Letras pela Ufrgs.