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reportagem cultural

- Publicada em 04 de Março de 2021 às 20:48

Nova geração de artistas gráficos do Rio Grande do Sul conquista o País

Quadrinistas gaúchos que vêm ajudando a transformar o cenário no Brasil: Carlos Ferreira, Ana Luiza Koehler, Guilherme Smee, Bruna Maia, Pablito Aguiar e Fabiane Langona

Quadrinistas gaúchos que vêm ajudando a transformar o cenário no Brasil: Carlos Ferreira, Ana Luiza Koehler, Guilherme Smee, Bruna Maia, Pablito Aguiar e Fabiane Langona


ARQUIVO PESSOAL/ARTE DE THAÍS SEGANFREDO/DIVULGAÇÃO/JC
A casa de Guilherme Smee abriga cuidadosamente uma coleção de nada menos de 5 mil histórias em quadrinhos. Integrante de uma geração que cresceu lendo gibis e cartuns, ele é um dos artistas gaúchos que vem ajudando a transformar o cenário das artes gráficas no Brasil, ao lado de nomes como Bruna Maia, Pablito Aguiar, Fabiane Langona, Ana Luiza Koehler e Carlos Ferreira.
A casa de Guilherme Smee abriga cuidadosamente uma coleção de nada menos de 5 mil histórias em quadrinhos. Integrante de uma geração que cresceu lendo gibis e cartuns, ele é um dos artistas gaúchos que vem ajudando a transformar o cenário das artes gráficas no Brasil, ao lado de nomes como Bruna Maia, Pablito Aguiar, Fabiane Langona, Ana Luiza Koehler e Carlos Ferreira.
Na última década, a potência das redes sociais revelou novos talentos, financiados diretamente pelos próprios leitores, além de chamar a atenção de grandes editoras e produtores de eventos. Com narrativas e traços autorais, quadrinistas mulheres, negros e LGBTQI encontraram nas HQs oportunidades inexistentes 20 anos atrás, provocando um amadurecimento no gênero e jogando luz em temas como sexualidade feminina, identidade de gênero e cultura afro-brasileira.
O Rio Grande do Sul sempre foi um tradicional reduto do cartum no Brasil, com artistas como Edgar Vasques, Odyr, Santiago e Adão Iturrusgarai. No século XX, não faltava espaço nos jornais e revistas para as charges, e a atividade se fortaleceu com a criação da Cooperativa Editora de Trabalhos de Porto Alegre em 1967, com apoio de Leonel Brizola, e da Grafistas Associados do Rio Grande do Sul (Grafar), já nos anos 1980.
O pelotense Érico Assis, um dos principais jornalistas especialistas em HQ no Brasil, observa que foi um conjunto de fatores que fez com que tantos artistas gaúchos se destacassem. "Tem essa questão histórica da associação e já ouvi gente comentando sobre proximidade com a Argentina, que tem um mercado de quadrinhos de muita projeção internacional". Além disso, cursos, galerias e editoras como a L&PM, que publicava muitos quadrinistas europeus, argentinos e gaúchos, ajudaram a compor um cenário favorável.
Embora o espaço para a charge tenha diminuído de forma drástica não só no Estado como no País, a chegada das graphic novels (ou romances gráficos) ao Brasil contribuiu para que as artes gráficas vivessem um boom no mercado editorial a partir dos anos 2010, desta vez com destaque para as HQs. "Claro que a gente sempre teve mercado de revistas de quadrinhos, Mauricio de Sousa, Ziraldo, mas esse mercado de graphic novel é mais recente", explica Assis. O formato permite que os quadrinistas criem narrativas longas, além de muitas vezes originar edições com características gráficas mais trabalhadas e, consequentemente, de maior valor no mercado.
Mas é na internet que os criadores de HQs têm encontrado um público cada vez maior, atingindo dezenas de milhares de leitores em seus próprios perfis nas mídias sociais. "Por muito tempo se pensou que o mercado editorial seria a saída, mas vejo o pessoal buscar na internet uma forma de monetização, fazendo vaquinha ou financiamento coletivo. São possibilidades talvez maiores que o mercado editorial", aponta Assis.
Entre tantos artistas gaúchos de talento, a reportagem conversou com seis quadrinistas que lançaram publicações nos últimos dois anos e alcançaram um público nacional. Com diferentes vivências e estilos que vão da apuração jornalística à ironia como linguagem, eles têm em comum o fato de inspirarem outros quadrinistas, para que o gênero floresça ainda mais.

Histórias reais

Pablito Aguiar parte de métodos do jornalismo para dar origem às suas obras

Pablito Aguiar parte de métodos do jornalismo para dar origem às suas obras


/ACERVO PESSOAL DO ARTISTA/DIVULGAÇÃO/JC
Pablito Aguiar, 32 anos, sempre gostou de conhecer histórias de vida. Como um bom contador de histórias, descobriu que ecoar vozes de homens e mulheres com vivências diversas era uma de suas paixões. Foi assim que ele conheceu pessoas como Denise, que teve pólio com 4 anos por não ter sido vacinada; Deraldo, que levou o quadrinista para pescar; e Janja, mestre griô do Quilombo dos Alpes. "Sinto como se estivesse viajando para longe a cada saída a campo que faço. Recebo muito em troca quando conheço uma realidade diferente da minha e olho com atenção para aquilo que vivi", conta.
Mas, diferentemente de qualquer outro repórter, foi nas artes gráficas que Pablito encontrou um jeito muito autoral de levar essas histórias para o mundo. Há cinco anos, quando trabalhava em um jornal da Região Metropolitana de Porto Alegre, começou a desenhar e roteirizar conversas que tinha com moradores de Alvorada, um projeto proposto por ele. Aos seis anos de carreira, Pablito já alcançou a marca de seis livros lançados, entre eles Alvorada em quadrinhos, que lhe rendeu o prêmio de vencedor do 25º Salão Internacional de Desenho para Imprensa, com a história da recicladora Rita de Cássia. Atualmente, o quadrinista publica quinzenalmente na revista Parêntese e já foi convidado duas vezes para mostrar seu trabalho no Fantástico, da TV Globo.
Partindo de métodos do jornalismo em quadrinhos para dar origem às suas obras, ele pode levar até dois meses para concluir uma HQ mais longa. Foi o caso da entrevista que fez com Betinho, porto-alegrense que trabalhou a vida inteira no edifício mais alto da Capital, o Edifício Santa Cruz. "Este quadrinho para mim é uma espécie de declaração de amor à cidade. Fiquei muito feliz e ainda mais quando ele me convidou para ir até o terraço para ver Porto Alegre lá de cima", destaca.
Para Pablito, dar visibilidade a histórias diversas faz parte da profissão. "É consenso a necessidade de equilibrar esse mundo tão desigual e por isso é urgente darmos espaço para aquelas pessoas invisibilizadas por tanto tempo dentro da sociedade", defende. O quadrinista já trabalha na produção de seu próximo livro, Porto Alegre em quadrinhos, que será composto por 12 entrevistas longas. "São entrevistas que necessitam uma proximidade física com o entrevistado, e por isso, devido à pandemia, tive que pausar a produção. Mas assim que chegar a vacina vou sair para a rua de novo e recomeçar. Ainda faltam algumas", conta.

Geração sarcasmo

Quadrinista rio-grandina Bruna Maia está radicada em São Paulo

Quadrinista rio-grandina Bruna Maia está radicada em São Paulo


/EDITORA COMPANHIA DAS LETRAS/DIVULGAÇÃO/JC
Se é difícil para os quadrinistas brasileiros conquistarem espaço no mercado em meio a tantos talentos, para a rio-grandina Bruna Maia, 34 anos, a conquista parece chegar naturalmente. A artista tem um público de mais 90 mil seguidores nas redes, onde começou a publicar seus quadrinhos há três anos. O alcance cresceu rápido, e o sucesso de suas HQs chamou a atenção da Companhia das Letras.
Em 2020, ela publicou, pelo selo de quadrinhos da editora, Parece que piorou. "O livro é bem importante como estabelecimento dos meus quadrinhos enquanto crônicas, um gênero que fala muito do cotidiano e do momento que estamos vivendo", observa. As histórias são uma extensão do que Bruna posta com foco na persona @estarmorta. Cria da geração millenium, entre freelas frustrantes e encontros com homens neuróticos, a personagem traduz o pensamento de sua geração.
Na era dos memes, a ex-jornalista radicada em São Paulo dialoga diretamente com uma geração que sabe rir de si mesma, encarando anseios individuais e coletivos. O humor sarcástico que perpassa suas criações é atribuído a um elemento local: "O gaúcho tem um tipo de humor meio ácido e muito direto, que funciona muito bem nos quadrinhos".
Ela conta que começou a criar HQs recentemente, quando estava passando por um período difícil: "Conciliei com minha carreira de jornalista de economia até o fim de 2019, para me dedicar a outros projetos, que incluem estudar roteiro e desenho". Bruna já é reconhecida por seu traço autoral, pincelado por referências artísticas como Edward Hopper, Edvard Munch e até mesmo alguns experimentos surrealistas. Já as temáticas que ela mais aborda são política, mercado de trabalho, saúde mental, relacionamentos e feminismo.
Sem se limitar a temas "femininos", Bruna tem consciência do espaço que conquistou enquanto quadrinista do gênero: "Por exemplo, a Laerte, que é uma mulher trans e aborda isso nos quadrinhos dela. Mas ainda acho que tem bastante espaço para crescer, para mulheres, mais pessoas negras e mais pessoas não heteronormativas publicarem".
A quadrinista já trabalha em seu próximo livro, A vida como ela seria, de crônicas em texto mesmo. "A ideia é inverter as narrativas do Nelson Rodrigues, narrar aos moldes do Nelson histórias que se passam em um mundo dominado por mulheres. Mas também vai conter algumas HQs", revela.
 

Mulher do poder

Cartunista começou a desenhar profissionalmente em 2005, na extinta revista de humor MAD

Cartunista começou a desenhar profissionalmente em 2005, na extinta revista de humor MAD


/Fabiane Langona/REPRODUÇÃO/JC
Pode parecer clichê, mas não é exagero algum dizer que Fabiane Langona, 36 anos, é uma mulher à frente de seu tempo. Jornalista por formação, a porto-alegrense foi uma das primeiras mulheres a conseguir se destacar nacionalmente no mercado do cartum e, hoje, colhe os frutos de uma carreira consolidada que começou 15 anos atrás.
É claro que nem sempre foi fácil. Ela teve que abrir caminhos sozinha, hoje seguidos por uma geração de artistas. "Foi uma construção, eu não tinha nenhuma amiga que fazia quadrinhos. Hoje em dia, estou muito mais familiarizada com outras artistas", relembra a quadrinista, que se inspirava em cartunistas francesas quando começou a desenhar profissionalmente.
Antes, na infância e adolescência, costumava desenhar bandas de rock e ler os HQs de faroeste do pai e revistas Chiclete com Banana da irmã, além de coletâneas do Pasquim. "Comecei a trabalhar de uma forma meio acidental, achava que me expressava melhor quando conseguia unir o texto e o desenho. Me alfabetizei com essa linguagem de certa forma".
A cartunista, que já trabalhou no Jornal do Comércio, começou a desenhar profissionalmente em 2005, na extinta revista de humor MAD. Os cartuns de Fabiane sempre tocaram em tabus, desde política até sexualidade feminina, ainda em uma época anterior ao feminismo pop. Sua personagem mais conhecida, a protagonista-narradora Chiquinha, que até 2017 foi seu pseudônimo, é uma mulher independente e de personalidade, mas também cheia de inseguranças e ansiedades.
Suas crônicas ilustradas, repletas de caricaturas comportamentais, além de traços, segundo a mesma, "zero técnica, muito ódio carinhoso", chegaram a veículos como Uol e Piauí. Radicada em São Paulo, Fabiane também é colaboradora fixa da Folha de S.Paulo.
Apesar da crescente popularidade dos quadrinhos no Brasil, a cartunista analisa com olhar crítico o cenário das HQs no Brasil. "As editoras têm lançado mais títulos de graphic novel, mas os cartunistas, de forma geral, têm perdido cada vez mais espaço nos veículos de imprensa", avalia.
Os desenhos de Fabiane, no entanto, seguem frequentes, agora cada vez mais em pixels, nas páginas da internet. A cartunista já participou de mais de 30 exposições nacionais e internacionais, além de ter dois livros lançados: Uma patada com carinho - As histórias pesadas da Elefoa Cor-de-Rosa (Editora LeYa/ Barba Negra), de 2011, vencedor do 25° Troféu HQ Mix, e Algumas mulheres do mundo (Mórula Editorial), de 2015.

Revisitando a história do Brasil

Adaptação de Os Sertões, com roteiro de Carlos Ferreira, foi relançada em 2019

Adaptação de Os Sertões, com roteiro de Carlos Ferreira, foi relançada em 2019


/EDITORA COMPANHIA DAS LETRAS/DIVULGAÇÃO/JC
Carlos Ferreira não é nenhum novato na área das HQs. Ainda assim, em 2019, seu trabalho atingiu um novo alcance, após o relançamento da adaptação de Os Sertões (com roteiro de Carlos e desenhos de Rodrigo Rosa) pela Companhia das Letras. Aos 50 anos, ele se mudou para São Paulo, onde encontrou novas oportunidades, e já planeja ir morar na França, país no qual o mercado de artes gráficas é consolidado.
Sua relação com os quadrinhos começou quando ele tinha 14 anos e teve um acidente que imobilizou sua perna por algum tempo. Como muitos de seus colegas quadrinistas, foi com as HQs que ele descobriu novos horizontes quando era adolescente. "Por querer entender mais como se produzia quadrinhos, acabei me tornando um quadrinista também", relembra.
A estreia na carreira foi em 1989, na revista Dum-Dum, com um quadrinho roteirizado por ele e desenhado por Rodrigo Rosa, parceria que se concretizaria nas décadas seguintes. Juntos, os dois lançaram obras como Kardec (editora Chave) e Os Sertões, relançada quase uma década depois. "Na primeira vez que publicamos o livro, fiquei bastante agradecido, porque sempre me interessei pela história do Brasil e acredito que a história contada no livro é universal, e vem se repetindo em ciclos", avalia.
Com a atualização pela Companhia das Letras, eles conseguiram incluir ainda mais sua autoria nessa adaptação, que é focada principalmente na terceira parte do clássico e na história de como a obra foi criada por Euclides da Cunha.
Vencedor do prêmio HQ Mix ao lado de Rodrigo Rosa, ele destaca a relação de confiança que tem com o parceiro de trabalho: "Se fosse um filme, o Rodrigo seria o diretor de fotografia e o montador e eu seria o roteirista, mas nossa química é o diretor do filme".
Mesmo sendo um dos maiores especialistas em roteiro de HQs no País, Carlos Ferreira também tem talento para ilustrações. "Desenho para mim é uma jornada ligada ao espiritual, mais do realismo fantástico, mística. Acaba sendo um trabalho mais underground, de autobiografia ficcional", explica.
O quadrinista, que começou a carreira em Porto Alegre, em uma época de muitas oportunidades para o gênero, diz que só vem conquistando novos públicos e espaços na área porque saiu do Estado. "Chama a atenção essa saída dos quadrinistas do Rio Grande do Sul, porque o Estado não oferece mais o que já ofereceu em outras décadas", lamenta. No momento, Carlos trabalha no roteiro de Exu Dumas, uma ficção histórica livremente baseada em uma passagem da vida do escritor Alexandre Dumas.
 

Múltiplas expertises

HQ Beco do Rosário é um trabalho da ilustradora Ana Luiza Koehler

HQ Beco do Rosário é um trabalho da ilustradora Ana Luiza Koehler


/RUMOS ITAÚ CULTURAL/DIVULGAÇÃO/JC
Foi no mercado do quadrinho franco-belga que a arquiteta Ana Luiza Koehler, 43 anos, começou a ganhar destaque. Ela é a desenhista da HQ medieval Awrah, lançada em 2009 na Europa, com roteiros de Christian Simon e Fuat Erkol. Na época, ela trabalhava paralelamente na área da reconstituição arqueológica, criando ilustrações para museus alemães: "Tinha muitos pedidos para reconstituir cenas de cidades antigas, era um esforço de visualizar como seria o passado delas".
Não demorou para que a artista se desse conta de que poderia aplicar esse conhecimento e o seu talento para o desenho na reconstituição de sua cidade natal. "É algo pouco feito com o patrimônio brasileiro de uma forma geral. Para isso, pesquisei muito da história cultura e social e o desenvolvimento urbano".
Ela conta que acessou arquivos imagéticos e jornais antigos para reconstituir a Capital, roteirizou e transpôs para o formato em quadrinhos o processo de modernização da cidade, que serviu como plano de fundo para os dilemas e lutas dos personagens de uma história de ficção. Assim surgiu Beco do Rosário (Veneta), uma HQ que traz como mote a história de três personagens envoltos na aceleração da modernização de Porto Alegre nos anos 1920, um processo que acentuou as desigualdades sociais ao forçar a ida da população negra para as regiões periféricas. A obra foi selecionada pelo Rumos Itaú Cultural em 2018, que possibilitou o lançamento do segundo volume.
A quadrinista comemora o cenário de expansão no País nos últimos 15 anos, com quadrinhos autorais com temáticas nacionais, muitos eventos congregando esse cenário e resistindo à crise financeira e à diminuição de investimentos do governo federal em educação e cultura.
 

Um quadrinista acadêmico

Guilherme Smee é autor da graphic novel D.I.V.A.S Brasileiras

Guilherme Smee é autor da graphic novel D.I.V.A.S Brasileiras


Guilherme Smee/REPRODUÇÃO/JC
Como boa parte de seus colegas, Guilherme Smee, 36 anos, é um apaixonado por quadrinhos. Roteirista, mestre em Memória Social e Bens Culturais e doutorando em Ciências da Comunicação, ele já tem mais de cinco quadrinhos publicados, além de livros acadêmicos sobre o assunto. "HQs são minha paixão, e tenho tatuado um balão de quadrinhos no braço, porque é uma coisa que gosto muito, tenho mais de 5 mil quadrinhos aqui em casa", conta.
Na faculdade, decidiu direcionar sua carreira para trabalhar na área, com foco no roteiro. Desde 2013, quando lançou a HQ Fratura Exposta na Bienal de Curitiba (em parceria com Jader Corrêa e Matias Streb), ele publica pelo menos um livro por ano de forma independente (financiamento coletivo), além de alguns lançamentos por editoras.
Para Smee, essa efervescência de publicações independentes de HQs no Brasil é fruto de alguns fatores, que impulsionaram o setor a partir de 2010: "A internet, os eventos de quadrinhos, como a ComicCon e uma facilidade maior nas técnicas de impressão ajudaram a aumentar os títulos e a diversidade de temáticas".
Sua mais nova obra é D.I.V.A.S Brasileiras, uma graphic novel vencedora de um edital da Funarte. Em conjunto com Eduardo Ribas, a HQ resgata a vida de mulheres importantes para a história e a cultura brasileira. Suas obras abordam naturalmente temas como feminismo e diversidade de gênero. "As redes sociais ajudaram a colocar essas pautas em discussão. Protagonistas negros, LGBT, mulheres, que até então eram relegados ao esquecimento e estão virando tema de quadrinhos", avalia. Especialista no tema, o roteirista produziu o livro Sexo e gênero nos quadrinhos: "Vai sair ainda neste ano, com financiamento coletivo, uma coletânea com vários autores queer de quadrinhos no Brasil, da qual sou um dos organizadores".

* Thaís Seganfredo é jornalista formada pela Ufrgs, editora do site Nonada - Jornalismo Cultural e sócia-diretora da agência Riobaldo Conteúdo Cultural.