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reportagem cultural

- Publicada em 12 de Março de 2020 às 20:16

Vianna Moog, o escritor gaúcho que desafiou o Terceiro Reich

No livro 'Um rio imita o Reno', autor previu um dos momentos mais vergonhosos da história

No livro 'Um rio imita o Reno', autor previu um dos momentos mais vergonhosos da história


ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS/DIVULGAÇÃO/JC
Quando, em janeiro, sob os olhares de todo o Brasil, o então secretário nacional de Cultura Ricardo Alvim viu-se exonerado de seu cargo após divulgar um vídeo no qual reproduzia frases tomadas "emprestadas" do ministro da Propaganda (e antissemita radical) de Adolf Hitler, Joseph Goebbels, das brumas do esquecimento um livro e sua potente mensagem ressurgiram dos sombrios tempos do Holocausto.
Quando, em janeiro, sob os olhares de todo o Brasil, o então secretário nacional de Cultura Ricardo Alvim viu-se exonerado de seu cargo após divulgar um vídeo no qual reproduzia frases tomadas "emprestadas" do ministro da Propaganda (e antissemita radical) de Adolf Hitler, Joseph Goebbels, das brumas do esquecimento um livro e sua potente mensagem ressurgiram dos sombrios tempos do Holocausto.
O nome da obra: Um rio imita o Reno. Seu autor: o "capilé" - gentílico para os nascidos em São Leopoldo - Clodomir Vianna Moog. Publicada no limiar da Segunda Guerra Mundial, em 1938, pela Editora do Globo de Porto Alegre, a obra é tão célebre quanto polêmica.
No romance, que também é uma espécie de ensaio, Moog previu a inevitável eclosão da Segunda Guerra e seus devastadores efeitos. A primeira edição converteu-se em verdadeiro best-seller, com a tiragem de 5 mil exemplares esgotada em apenas três semanas. O sucesso do livro, porém, terminaria por defrontar forças maiores - as forças do fascismo. A grande fonte de pressão adveio dos veementes protestos feitos pela embaixada alemã no Brasil, que exigiu, com sucesso, que o livro fosse banido das livrarias e também das escolas (onde era utilizado como material didático).
Também foram censuradas, por ordem da ditadura do Estado Novo de Getúlio Vargas, peças radiofônicas e encenações teatrais que haviam sido montadas a partir da obra. Tais reprimendas, na realidade, em muito agradaram o contador de histórias das margens do Vale do Rio dos Sinos, ao se perceber, como ele próprio declarou, "capaz de ameaçar o Terceiro Reich". Ainda assim, com todas as interdições, Um rio imita o Reno acabou amealhando, em 1939, o Prêmio Graça Aranha, uma das mais importantes láureas literárias então concedidas no Brasil.

Premiado best-seller de Moog acabou sendo proibido em escolas e livrarias durante o Estado Novo

Premiado best-seller de Moog acabou sendo proibido em escolas e livrarias durante o Estado Novo


REPRODUÇÃO/DIVULGAÇÃO/JC
Conforme Rachel de Queiroz, autora do clássico O quinze, Um rio imita o Reno foi um marco na literatura brasileira justamente por apresentar, ficcionalmente, além das questões raciais implícitas na trama, uma região até então pouco conhecida para territórios distantes na vastidão inesgotável do Brasil. Na narrativa, os protagonistas Geraldo Torres, brasileiro moreno, e Lore Wolf, imigrante alemã, tentam um impossível romance eivado pelas questões de supremacia racial insufladas pelo nervosinho "Führer".
Biógrafo de Vianna Moog, o professor Luís Augusto Fischer atenta para o fato de que, quando da publicação do livro, Hitler não havia - ainda - sido escalado à condição de "genocida"; ele era só um "ditador", distingue. "Hoje em dia, parece que não faz diferença, mas, naquele momento histórico pré-guerra, Hitler era, na verdade, um déspota muito admirado pelos germânicos aqui no Estado, pois era o cara que, para citar apenas um exemplo, havia acabado com a hiperinflação na Alemanha. A ideia do 'campo de extermínio', por sua vez, estava longe de surgir no cenário", afirma. Na opinião de Fischer, nos dias que sobrevieram a deflagração do conflito, de 1939 em diante, Vianna Moog, naquele contexto, mostrou-se um sujeito muito corajoso, uma vez que deu a si mesmo como exemplo: "Vianna já assumia a certa mestiçagem que trazia na pele. Ele era 'mestiço de alemão com brasileiro'. Então, era exemplo vivo de que a fantasia da pureza racial não passava, no fundo, de pura fantasia".
A mestra em Letras Ana Maria Marson, cuja dissertação versou tanto sobre o ficcionista quanto o ensaísta Vianna Moog, lembra que, muito mais do que apenas um autor "contemporâneo" (por conta, por exemplo, das perenes predições realizadas em Um rio imita o Reno), a produção de Moog também deve ser valorizada - o que nem sempre acontece - como "histórica". Ela cita o exemplo de livros como O ciclo do ouro negro, em que Vianna Moog escreveu, literalmente, "no calor da hora", quando, em 1932, exilaram-no no Amazonas por conta de sua atuação na Revolução Constitucionalista. "Ou, ainda, a historicamente famosa comparação que Vianna Moog tece entre Estados Unidos e Brasil na firmação dos países, em Bandeirantes e pioneiros, uma de suas obras mais conceituadas", afirma.

Moog múltiplo

Durante o 80º aniversário da ABL, ao lado do também gaúcho Raul Bopp

Durante o 80º aniversário da ABL, ao lado do também gaúcho Raul Bopp


ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS/DIVULGAÇÃO/JC
Nascido em 1906 e falecido em 1988, Vianna Moog foi um escritor dotado de aptidões múltiplas: publicou romances, crônicas, biografias, ensaios e conferências, nas quais foi autor dos mais prolíficos. Além da inteligência diplomática (que lhe garantiria cargos em órgãos internacionais), um de seus maiores predicados, seus estudiosos e críticos reconhecem, era a lucidez com a qual tratava os assuntos os quais se propunha a abordar.
Em 1934, na volta de seu exílio amazônico, o jovem Moog assiste a uma conferência de Gilberto Freyre chamada Continente e ilha, e isso muda sua visão de mundo. Restabelecido no Estado, torna-se o primeiro diretor da Folha da Tarde, jornal moderníssimo, vespertino. Paralelamente à escrita, formou-se em Direito e desempenhou importantes cargos, como, por exemplo, agente do Imposto de Renda em Nova York. Também representou o Brasil na Organização das Nações Unidas (ONU) e na Organização dos Estados Americanos (OEA).
Quanto à literatura, embora dono de uma obra sólida e diversa, afirmou, certa vez, confessando, quem sabe, sua predileção pelo romance: "Sou lento e talvez exageradamente medroso quando se trata de concluir sobre história, política ou biografias. Mas abro a torneira da ficção".

Outras obras

Versátil, Moog lançou livros sobre diversos assuntos, tornando-se um autor influente

Versátil, Moog lançou livros sobre diversos assuntos, tornando-se um autor influente


REPRODUÇÃO/DIVULGAÇÃO/JC
Heróis da decadência (1934)
O ensaio de estreia de Vianna Moog é sobre o chamado "humour" (em português, "humor"), em inglês mesmo (a maior parte da crítica sobre o tema afirma que a procedência do termo tem berço na Inglaterra). Em Heróis da decadência, Moog tergiversa sobre Petrônio, Cervantes e também sobre Machado de Assis, colocando o grande escritor brasileiro como humorista de uma maneira que nenhum autor antes havia feito igual. Moog chegou à conclusão que o século XIX já havia revelado muitos bons humoristas no Ocidente e que Machado de Assis era um entre eles, portanto, não fazia-se necessário sair do Brasil. Ou seja, numa época, final dos anos 1930, em que Machado ainda era uma "incógnita", a crítica literária brasileira fazia vista grossa para essa outra refinada qualidade dele. A obra de Moog teve imensa repercussão nos círculos literários nacionais, embora Fischer diga que não foi exatamente em Heróis da decadência que Machado, pela primeira vez, é reconhecido como o grande humorista das letras brasileiras. "Essa ideia do Machado de Assis enquanto humorista à moda inglesa, de certa forma, já circulava. Inclusive com Alcydes Maia, gaúcho que precedeu Moog na Academia Brasileira de Letras" (em 1945).
Uma interpretação da literatura brasileira (1943)
Em 1943, Vianna Moog saiu-se com aquele que, ainda hoje, é um de seus mais reconhecidos livros. Moog explicou a obra como "uma análise antropogeográfica da produção literária no Brasil", que ele definia como um arquipélago de sete "ilhas de culturas mais ou menos autônomas e diferenciadas". Na realidade, Uma interpretação da literatura brasileira é resultado de uma conferência prestada pelo autor, em 29 de outubro de 1942, na Biblioteca do Ministério das Relações Exteriores, no Rio de Janeiro. A conferência sobre cultura brasileira se tornaria antológica, a ponto de o escritor Erico Verissimo vir a declarar que a exposição de Vianna Moog "entrava na nossa história literária ombro a ombro com Casa-grande & senzala, de Gilberto Freyre".
Bandeirantes e pioneiros: paralelo entre duas culturas (1955)
Para muitos, este livro foi o que fixou definitivamente o nome de Vianna Moog entre os grandes da literatura brasileira. Em Bandeirantes e pioneiros, o escritor adotou um método comparativo para negar a tese da superioridade dos norte-americanos sobre os brasileiros e investigou os motivos que, àquela época, determinavam o desenvolvimento entre os dois países. Moog não limitou-se, porém, a apontar as grandes diferenças econômicas então existentes, mas conseguiu estabelecer, por exemplo, um paralelo original entre (o estadista) Lincoln e (o escultor) Aleijadinho - que, ele escreve, "parecem deter o segredo de tudo que falta" às duas culturas. "O primeiro, com o gosto pela vida contemplativa, a convicção sobre a igualdade entre os homens e o sentido de unidade do mundo; o segundo, com o amor ao trabalho, o espírito associativo e o agudo senso de iniciativa", coteja.

Vianna Moog fala sobre...

Nascido em São Leopoldo, escritor faleceu em 1988, aos 81 anos

Nascido em São Leopoldo, escritor faleceu em 1988, aos 81 anos


ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS/DIVULGAÇÃO/JC
...reformas
"Reforma agrária, econômica, financeira, constitucional? Certo. O Brasil está necessitando de reformas e realizações de toda natureza, e isto é diariamente proclamado. O que falta, porém, é a reforma no interior dos espíritos."
...escrever
"Tornei-me escritor por aberratio ictus, ou seja, por acidente, se é que se pode empregar no meu caso esta expressão. Digo isto porque minha vocação sempre foi a política, e tinham cunho político os primeiros artigos que escrevi para a imprensa gaúcha. Acontece, porém, que, exatamente por força dessa vocação política, meti-me nas revoluções de 30 e 32."
...escritores
"Influíram sobre mim, no Rio Grande do Sul, o chamado 'grupo dos novos de Porto Alegre': Teodomiro Tostes, Vargas Neto, Darcy Azambuja, Moysés Vellinho, Augusto Meyer, gente que eu, de início, admirava de longe... Depois vim a conhecer intimamente vários deles. Aquele, porém, dos escritores gaúchos com quem mais tenho convivido é Erico Verissimo, e a este não saberei dizer o que devo, sendo certo, porém, que todos nós lhe somos devedores de um enorme serviço: foi Erico quem, acabando com a lenda romântica do intelectual boêmio, sujo e faminto, valorizou no Rio Grande a profissão de escritor. Erico foi dos primeiros romancistas no Brasil a tirar de seus livros edições de dez e vinte mil exemplares e com isso mostrou que também em nosso país, senão agora pelo menos num futuro não muito distante, será possível ao escritor viver exclusivamente da pena."
...a própria obra
"Em relação às minhas obras, tenho sentimentos muito maternais: gosto de tudo quanto escrevi, o que é, aliás, explicável, uma vez que a maioria das minhas páginas não foi escrita por diletantismo ou interesse, mas por impulso inelutável. Além disso, atenuaram-me, às vezes, saudades do exílio, dias amargos de ostracismo... De nenhum de meus livros gosto, porém, tanto quanto da pequena conferência a que você acaba de referir-se, conferência que pretendo, mesmo, ampliar mais tarde num grosso volume."
...sucesso popular
"É evidente que o escritor deve preocupar-se com o sucesso popular de seus livros. Nada mais natural, pois quem escreve está transmitindo uma mensagem e é perfeitamente compreensível o desejo de que essa mensagem atinja um número cada vez maior de leitores, mesmo porque pode até destinar-se a modificar a opinião do público a respeito de determinados assuntos. O que acho condenável é o escritor que, de caso pensado, procura agradar ao povo, corteja a popularidade fácil, faz concessões ao gosto momentâneo das massas. Aliás, aí, precisamente, é que o escritor se distingue do escriba."

Eça de Queiroz e o século XIX

Vianna Moog, define a estudiosa Ana Marson, publicou o que essencialmente é a biografia de Eça de Queiroz em 1938. "Ele afirmou que era preciso escrever sobre Eça, o seu 'fantasma de cabeceira', daí então Eça de Queiroz e o século XIX, cujo título já indica o característico longo panorama histórico dos textos de Moog", explica. Ana diz que o livro vai para além de uma biografia porque nele se encontram muitas observações sobre o processo criativo do autor português. Também por meio desta obra, segundo ela, é possível perceber como Moog realizou em sua ficção o que considera bom e ruim, literariamente falando, tendo Eça como um "exemplo a ser seguido".
O livro contempla a vida do português, desde seu nascimento, passando por sua formação, suas amizades, sua vida pessoal, profissional e literária, suas viagens, sua mudança de crenças em relação a Portugal e à literatura até a sua morte, em 1900. Porém Moog aborda a literatura de Eça de Queiroz, especialmente do romancista, levando em conta as fontes de inspiração para os romances, para a composição das personagens e o que o próprio Eça dizia acerca de sua literatura.
Ponto insistente de Moog, afirma Ana, é a certeza de que toda a obra de Eça foi composta de acordo com o que ele viveu, desde a infância, a juventude nos tempos de Coimbra, quando estudou Direito e fez seus grandes amigos, até suas viagens e suas temporadas morando fora de Portugal. "A primeira observação feita é sobre o espírito irreverente de Eça em relação a Portugal quando dos anos em Coimbra; a seguir, sobre a composição de suas personagens femininas." Para Moog, completa, o fato de ter criado personagens femininas consideradas "fracas" deve-se à ausência da mãe e à maneira como Eça foi concebido (de uma relação não convencional).
A mais polêmica personagem é Luiza, talvez por conta da crítica a O primo Basílio feita por Machado de Assis, em que este aponta a falta de profundidade psicológica da personagem, além de afirmar que o intuito de criação de um tipo representativo não deu certo; que a intenção de provar que Luiza se deixou levar para o adultério pela sua formação burguesa ficou superficial, insuficiente.
Moog, observa Ana Marson, diz que o que Eça conseguiu elaborar bem sobre suas personagens em geral foi uma grande simpatia, que tinha também na "vida real", pelos simples e pelos humildes, de modo que estes, em seus livros, sempre são "aureolados de bondade", e vê isso como consequência também da primeira infância de Eça, quando escutava histórias de um empregado do seu avô, que lhe narrava algumas aventuras.
Em sua biografia, Moog, por fim, afirma, ainda, que Eça de Queiroz despreza o mundo burguês, cuja religiosidade é hipócrita, com seus estreitos convencionalismos, aspectos que a condição de filho ilegítimo desvendou - o que acaba sendo exposto em O crime do padre Amaro, que o autor acreditava ser sua grande obra, e em O primo Basílio, que acabou sendo o seu sucesso.

Na vanguarda do rock

Natural de São Leopoldo, um dos quintetos de rock mais originais surgidos no Rio Grande do Sul nos últimos anos leva o nome de uma de suas mais notáveis influências: o escritor Vianna Moog. A banda, que deixou de existir, mas, volta e meia, ensaia um retorno - devido ao clamor dos fãs que deixou órfãos pelo caminho -, explora, na música, as facetas que mais a atrai. Ou seja: o barulho e a literatura, com influências que vão de MC5 a Primal Scream e de Oswald de Andrade a García Lorca. E, é claro, o "filho pródigo" da literatura capilé, Vianna Moog. O vocalista, poeta e escritor Everton Cidade conta que, desde sempre, foi assíduo frequentador da Biblioteca Pública de São Leopoldo. Chegava a matar aula para ficar escolhendo livros aleatórios que nunca havia lido.
E, em uma dessas ocasiões, relembra o artista, deparou-se com um livro bem surrado que lhe chamou a atenção - primeiramente, pelo nome do autor: Vianna Moog, do qual nunca tinha sequer ouvido falar. Muito menos nas escolas capilés. A tal obra, rememora, era Um rio imita o Reno. "Li, gostei e arquivei na mente e no coração. Porém, só mais tarde, vim a saber que se tratava de um clássico absoluto. Era, ainda por cima, para mim, fã de literatura brasileira, de um escritor tão fabuloso e tão pouco mencionado em minha própria cidade, e tão deslocado e estranho em seu habitat, que resolvi homenageá-lo pondo seu nome em minha banda", explica.
"Naquela época, completa Cidade, tínhamos de explicar às pessoas locais sobre quem fora Vianna Moog. Ele era um absoluto conhecido. Mas, de lá para cá, as coisas mudaram um pouco. Hoje, existe uma biblioteca e até um museu com seu nome. Houve um avanço", comemora.
 

Bibliografia

Heróis da decadência, ensaio (1939)
O ciclo do ouro negro, ensaio (1936)
Novas cartas persas, sátira (1937)
Eça de Queirós e o século XIX, ensaio (1938)
Um rio imita o Reno, romance (1938)
Uma interpretação da literatura brasileira, ensaio (1942)
Nós, os publicanos, ensaio (1946)
Mensagem de uma geração, ensaio (1946)
Bandeirantes e pioneiros, estudo social (1954)
Uma jangada para Ulisses, novela (1959)
Tóia, romance (1962)
A ONU e os grandes problemas, política (1965)
Obras completas de Vianna Moog (1966)
Em busca de Lincoln, biografia (1968)

*Cristiano Bastos é jornalista. É um dos autores do livro Gauleses irredutíveis – Causos & Atitudes do Rock Gaúcho. Escreveu Julio Reny – Histórias de amor e morte, Júpiter Maçã: A efervescente vida e obra, Nelson Gonçalves: O rei da boemia e o livro de reportagens Nova carne para moer. Também dirigiu o documentário Nas paredes da pedra encantada, sobre o álbum Paêbirú, de Lula Côrtes e Zé Ramalho.