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conjuntura

- Publicada em 03h00min, 18/12/2020.

Lideran�as partid�rias apontam os desafios dos prefeitos eleitos no Rio Grande do Sul

Fernanda Crancio

A duas semanas da posse dos prefeitos eleitos no Rio Grande do Sul, lideran�as partid�rias de quatro legendas ouvidas pelo Jornal do Com�rcio analisam o quadro pol�tico e os desafios dos novos gestores a partir de 1� de janeiro de 2021. Nas �ltimas elei��es, siglas consideradas mais tradicionais e com forte representatividade no Interior, como o PP e o MDB, conquistaram o maior n�mero de prefeituras, a exemplo do que ocorreu em 2016, mostrando a prefer�ncia do eleitor ga�cho por um voto mais conservador nas urnas. Apesar de representarem vertentes ideol�gicas distintas, os presidentes estaduais dessas duas legendas e os dirigentes do PSDB e do PT convergem ao apontar as dificuldades de caixa e estruturais como os principais obst�culos que os novos administradores ter�o pela frente, agravados pela pandemia.

A duas semanas da posse dos prefeitos eleitos no Rio Grande do Sul, lideran�as partid�rias de quatro legendas ouvidas pelo Jornal do Com�rcio analisam o quadro pol�tico e os desafios dos novos gestores a partir de 1� de janeiro de 2021. Nas �ltimas elei��es, siglas consideradas mais tradicionais e com forte representatividade no Interior, como o PP e o MDB, conquistaram o maior n�mero de prefeituras, a exemplo do que ocorreu em 2016, mostrando a prefer�ncia do eleitor ga�cho por um voto mais conservador nas urnas. Apesar de representarem vertentes ideol�gicas distintas, os presidentes estaduais dessas duas legendas e os dirigentes do PSDB e do PT convergem ao apontar as dificuldades de caixa e estruturais como os principais obst�culos que os novos administradores ter�o pela frente, agravados pela pandemia.

Celso Bernardi, presidente estadual do PP,� campe�o em prefeituras no Estado, onde governar� 143 munic�pios, destaca que o cargo de prefeito � o mais honroso, pela rela��o direta com as comunidades, mas o mais dif�cil politicamente. "Isso porque o prefeito � dependente da Federa��o, e nem sempre recebe o retorno devido." Para ele, al�m de lidar com essa depend�ncia da Uni�o para repasses de recursos, os gestores ter�o de enfrentar as dificuldades de caixa e de receitas, acentuadas pela pandemia.

"O ano de 2020 n�o terminar� em dezembro, pois seus efeitos ser�o sentidos por muito tempo e v�o al�m da libera��o da vacina. S�o problemas n�o s� de sa�de, mas de educa��o, de mobilidade urbana, de desemprego. A vida ser� diferente e ter� esse reflexo nas prefeituras, que ter�o de aquecer as economias locais." Nesse sentido, ele aponta ainda a necessidade de o governo do Estado avan�ar na reforma tribut�ria, que pode impactar diretamente os cofres municipais.

L�der do MDB estadual, segundo partido em n�mero de prefeitos eleitos (135), incluindo Sebasti�o Melo em Porto Alegre, o deputado federal Alceu Moreira destaca que o grande desafio dos futuros gestores municipais est� em conseguir equilibrar o custo da m�quina p�blica e gerar oportunidades aos cidad�os. "O novo prefeito precisa procurar o Sistema S e as universidades, e encontrar um jeito de financiar a qualifica��o das pessoas para reduzir o n�vel de desocupa��o. Nossos prefeitos v�o incentivar o empreendedorismo como forma de inclus�o social." Ele tamb�m defende uma reforma tribut�ria estadual, para que "n�o tenhamos que, logo ali na frente, nos readequar ao modelo nacional".

A necessidade da reforma tamb�m foi apontada pelo deputado estadual Mateus Wesp, que preside o PSDB estadual - partido do governador Eduardo Leite e que somou 29 prefeituras na elei��o -, como fundamental para que os munic�pios n�o tenham suas capacidades de investimento reduzidas. "Se n�o for aprovada a reforma, haver� impacto direto e diminui��o na capacidade de investimento em sa�de, seguran�a e educa��o. Com isso, depender�o ainda mais de emendas federais", refor�a o tucano, elencando ainda como desafiador o pagamento de precat�rios municipais, suspensos durante a pandemia, mas que ter�o de voltar a ser quitados.

O presidente do PT ga�cho - que fez 23 prefeituras -, deputado federal Paulo Pimenta, se at�m �s consequ�ncias econ�micas e sanit�rias da pandemia. Para ele, a redu��o do aux�lio emergencial concedido pela Uni�o e sua futura suspens�o ser�o sentidas diretamente nos cofres das cidades. "� um recurso que ajuda a movimentar a economia, que circula. Vai levar ao aumento do desemprego, a um colapso na economia, e as prefeitura sentir�o."

PP e MDB mant�m hegemonia no comando dos munic�pios ga�chos

No pleito de 2020, PP e MDB foram as siglas que somaram o maior n�mero de prefeituras ga�chas, 143 e 135, respectivamente, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral. As legendas preservaram as posi��es de 2016, quando PP somou 142 prefeituras, e MDB fez 131 prefeitos.

Para o cientista pol�tico Augusto Neftali, professor do Programa de P�s-Gradua��o em Ci�ncias Sociais da Pontif�cia Universidade Cat�lica do Rio Grande do Sul, o resultado confirma a abrang�ncia das legendas entre o eleitorado do Interior. "S�o antigos e tradicionais partidos, com ampla raiz social entre os ga�chos, e que representam setores importantes. Ao longo dos anos, eles v�m sendo desafiados e at� foram vencidos pela ascens�o de siglas de esquerda como o PT, mas conseguiram criar uma hegemonia no Estado."

Al�m de manterem a lideran�a, as duas legendas tamb�m coligaram em 70 munic�pios, indicando a for�a no Interior. "� uma marca muito forte, sempre elegemos o maior n�mero de prefeituras porque valorizamos muito o poder local. O PP tem voca��o municipal, uma particularidade nossa, um partido de centro-direita com base municipal forte", destaca o presidente estadual do PP, Celso Bernardi.

Para Alceu Moreira, comandante do MDB estadual, o resultado eleitoral tamb�m comprova o conservadorismo do voto dos ga�chos. "Nessa elei��o a popula��o elegeu pessoas com experi�ncia pol�tica e n�o houve a contesta��o da anterior. Ou seja, n�o se votou no novo a qualquer pre�o, foi uma elei��o mais conservadora e de converg�ncia."

Apesar de perder o comando da Capital, o PSDB o foi o grande vitorioso no segundo turno, elegendo tr�s - Adil� Didomenico (Caxias do Sul), Paula Mascarenhas (Pelotas) e Jorge Pozzobom (Santa Maria) - dos cinco prefeitos que estavam na disputa, passando de 27 prefeituras em 2016 para 29. Com resultados positivos tamb�m em grandes centros, como Novo Hamburgo e Bento Gon�alves, a legenda tucana comemora o �xito de sua estrat�gia de crescer progressivamente. "O partido foi o que mais cresceu nas grandes cidades brasileiras e isso reverberou em grandes centros, como no Rio Grande do Sul, e pode representar bons resultados nas futuras elei��es ao Legislativo estadual e � C�mara dos Deputados", comenta Mateus Wesp, dirigente tucano.

O PT, que em 2016 j� havia baixado o n�mero de prefeitos, manteve a linha decrescente, passando de 38 para 23 prefeituras em 2020, 15 a menos. Entre as conquistas petistas, uma das mais significativas foi a reelei��o de Ary Vanazzi, em S�o Leopoldo. O resultado, para Neftali, n�o surpreende nem pode ser condicionado ao atual momento da sigla, j� que a legenda n�o tem tradi��o de amplo n�mero de prefeituras no Estado, mas sim de comandar cidades polo e pr�ximas a grandes centros.

Para o presidente estadual petista, Paulo Pimenta, apesar dos n�meros, o partido conseguiu mostrar for�a eleitoral em uma campanha at�pica e sem grande contato popular. "O resultado nas urnas foi abaixo do esperado, mas crescemos em vota��o nas cidades maiores, e em muitas que perdemos foi com grandes vota��es, como Alvorada, Sapiranga, Bag�."

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