Roberto Hunoff
Em 2010, a indústria metalúrgica de Caxias do Sul atingiu seu pico em faturamento, chegando à casa de R$ 27,5 bilhões. Em 2016, bateu no valor mais baixo dos anos 2000: R$ 12,2 bilhões, um recuo de 56%. A perda de receita veio acompanhada de forte desemprego, com a redução do quadro em mais de 35%, de 51 mil no início de 2014 para 33 mil no final do ano passado, e uma avalanche de pedidos de recuperação judicial e dezenas de falências.
O início de reversão da crise deu-se em 2017, com crescimento de 9% no faturamento, elevando a R$ 13,3 milhões, mas com agravamento do emprego, com o fechamento de mais 650 vagas. Em 2018, a tendência de alta se manteve. Até outubro, na comparação com igual período do ano passado, o setor acumula incremento de 15%, com vendas de quase R$ 13 bilhões, equivalente a 97% de todo o faturamento de 2017. O mercado de trabalho teve forte reação. Até outubro são quase 5 mil novas vagas, com estoque na casa de 38 mil, semelhante ao que havia em 2015.
Sem estimar um índice para 2019, o presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Caxias do Sul e Região (Simecs), Reomar Slaviero, aposta na continuidade da recuperação, principalmente pelo elevado nível de confiança do empresariado e do consumidor. "Acredito num percentual de expansão superior ao que fechamento de 2018", projeta.
O dirigente destaca como positivas as primeiras medidas que o novo governo sinaliza para o mercado, que podem acelerar o ritmo de recuperação. "São anúncios que geram esperança", define. Pondera, no entanto, que ainda serão necessários alguns anos para que o setor alcance o nível de patamares anteriores.
Para 2019, a expectativa é de continuidade na forte reação do segmento automotivo, responsável por 73% da receita do setor e que acumula incremento de 22% de janeiro a outubro em relação ao mesmo período do ano passado. A atividade metalmecânica deve seguir o mesmo ritmo de expansão, puxada especialmente pelo segmento de cutelaria. Até outubro, o crescimento é de 10%. O segmento eletroeletrônico, com perda de quase 9% neste ano, deve crescer, mas em índices menores. A tendência no mercado de trabalho é de manter a recuperação, mas sem chegar aos números robustos de anos anteriores. A política de automação continuará cada vez mais presente no setor, em linha com a realidade mundial, na busca da elevação da competitividade.