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Fake News

- Publicada em 09 de Fevereiro de 2021 às 09:45

Brasil tem 'tropa cibernética' de desinformação, mostra estudo de Oxford

Notícias falsas são massificadas por robôs nas redes sociais

Notícias falsas são massificadas por robôs nas redes sociais


/Pillar Pedreira/Agência Senado/JC
Uma pesquisa da Universidade de Oxford divulgada em janeiro apontou que 81 países - entre eles o Brasil - foram em 2020 cenários de ações de "propaganda computacional" e "desinformação industrializada" sobre temas políticos. Essas iniciativas foram promovidas profissionalmente por agências governamentais e outros atores institucionais ou privados - empresas, partidos e influenciadores digitais. No estudo, o País aparece com "tropas cibernéticas" dedicadas a atacar opositores do governo e aumentar a polarização na sociedade, entre outras metas. Em seu repertório de instrumentos, estavam as fake news. Essas notícias falsas, inventadas para manipular a opinião pública, foram massificadas por robôs nas redes sociais.
Uma pesquisa da Universidade de Oxford divulgada em janeiro apontou que 81 países - entre eles o Brasil - foram em 2020 cenários de ações de "propaganda computacional" e "desinformação industrializada" sobre temas políticos. Essas iniciativas foram promovidas profissionalmente por agências governamentais e outros atores institucionais ou privados - empresas, partidos e influenciadores digitais. No estudo, o País aparece com "tropas cibernéticas" dedicadas a atacar opositores do governo e aumentar a polarização na sociedade, entre outras metas. Em seu repertório de instrumentos, estavam as fake news. Essas notícias falsas, inventadas para manipular a opinião pública, foram massificadas por robôs nas redes sociais.
"Na indústria da desinformação global, o Brasil está posicionado como um país com 'tropas cibernéticas' de capacidade média", afirma a pesquisadora Antonella Perin, que integra o Projeto de Pesquisa de Propaganda Computacional do Oxford Internet Institute (OII). O grupo de pesquisadores constatou que, em relação a 2019, houve crescimento no número de países com esse tipo de atividade. Foi de 15,7%, ou seja, de 70 para 81. 
O Brasil "garantiu" sua presença na lista de Oxford, posicionado entre países com média capacidade de desinformação industrializada, apontou a pesquisa Industrialized Disinformation 2020 - Global Inventory of Organized Social Media Manipulation. As ações de suas "tropas" foram marcadas por atividade recente, em caráter permanente, com alguma centralização, emprego de recursos financeiros e existência de uma coordenação central. O País está ao lado de Armênia, Austrália, Bolívia, Cuba, Hungria, Polônia, México, Síria e Turquia. Ao todo, são 37 países nesse grupo, que empregam pessoas em tempo integral, promovem ações "para manipulação de mídia social" e algumas operam até fora de seus respectivos territórios nacionais, diz o relatório.
"As mais utilizadas estratégias no Brasil foram mensagens pró-governo, ataques à oposição e polarização", explica Antonella. "Mais frequentemente, os ataques são voltados contra jornalistas e meios de comunicação que são críticos ao governo, contra políticos e contra funcionários públicos."

Serviços de fake news movimentaram mais de US$ 60 milhões em 11 anos

Em primeiro lugar nesse ranking, a pesquisa da universidade britânica aponta um grupo com 17 outros países. Suas "tropas", afirma, têm "alta capacidade" de desinformar. Estão lá Estados Unidos, China, Reino Unido, Índia, Rússia, além de Arábia Saudita, Venezuela, Irã e Iraque.
Para "iludir" o público, usam notícias falsas e outros truques, recorrem a contas automatizadas, campanhas organizadas de denúncia e até a perfis roubados. Suas atividades envolvem muitas pessoas e grandes despesas, que são destinadas para operações psicológicas e guerra de informações.
"Essas equipes não operam apenas durante eleições, mas envolvem funcionários em tempo integral dedicados a moldar as informações", prossegue o relatório. "Equipes de tropas cibernéticas de alta capacidade focam operações domésticas e no exterior. Também podem dedicar fundos à mídia patrocinada pelo Estado, para campanhas de propaganda aberta."
O terceiro grupo, com 27 integrantes - Argentina, Colômbia, Espanha e África do Sul são alguns deles -, têm baixa capacidade no campo da propaganda computacional. Suas ações envolvem "equipes que podem estar ativas durante eleições ou referendos, mas param suas atividades até o próximo ciclo eleitoral".
Segundo o estudo, desde 2009, em todo o mundo, quase US$ 60 milhões (mais de R$ 300 milhões) foram gastos em serviços de desinformação. Tais serviços foram prestados por empresas privadas. O número de campanhas de "propaganda computacional" dirigidas por governos ou partidos cresceu constantemente ao longo dos anos pesquisados, aponta o trabalho.
"Em 2020, encontramos empresas privadas operando em 48 países, implantando propaganda computacional em nome de um ator político", diz o texto. "Essas empresas costumam criar contas-marionete, identificar públicos para microdirecionamento ou usar robôs e outras estratégias de amplificação para estimular a tendência de certas mensagens políticas." O mesmo relatório lembra como grandes plataformas de comunicação intervieram recentemente nesse cenário. Elas tiraram do ar contas aparentemente gerenciadas por "tropas cibernéticas", para ataques políticos.