Porto Alegre, sexta-feira, 24 de agosto de 2018.
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Prote�na Animal

Not�cia da edi��o impressa de 24/08/2018. Alterada em 23/08 �s 00h00min

Desvaloriza��o dos su�nos dificulta mercado e repercute em toda a cadeia

Pre�o tem atra�do consumidores em todo o Pa�s

Pre�o tem atra�do consumidores em todo o Pa�s


RODRIGO CARDOSO/DIVULGA��O/JC
Em vigor desde dezembro de 2017, o embargo da Rússia à carne suína brasileira vem desestabilizando toda a cadeia de proteína animal. De uma hora para a outra, os criadores brasileiros se viram sem o seu principal mercado, responsável por 38% das exportações da proteína em 2017, o que "causou o maior estrago", segundo o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Francisco Turra. O resultado é que, neste ano, há forte queda nos preços pagos pela carne de porco, o que acaba repercutindo também na carne bovina.
Segundo a Associação de Criadores de Suínos do Estado (Acsurs), o preço pago pelo quilo do suíno vivo independente, atualmente está, em média, em R$ 3,44, 11% abaixo do praticado há um ano. Em maio, porém, o valor, que começou 2018 em R$ 3,72, não passava de R$ 3,15. "Os preços estão deprimidos, e o produtor trabalhando no prejuízo", argumenta o presidente da entidade, Valdecir Folador, lembrando que há aumento no custo de produção pela alta nos preços de milho e soja.
Sem a Rússia, no primeiro semestre as exportações da proteína caíram 18,9% em volume em relação a 2017. Segundo Turra, os efeitos não são piores porque houve conquistas em outros mercados, como Hong Kong e os países da América do Sul, por exemplo, que aumentaram suas compras dos suínos brasileiros. Apesar disso, esses mercados não pagam tão bem quanto o russo, segundo Folador, o que dificulta que consigam compensar a falta do principal mercado comprador.
Apenas no Rio Grande do Sul, o rombo é maior. Segundo estudo da Fiergs, as exportações gaúchas de carne suína in natura de janeiro a julho caíram 45,7% em valor em comparação com igual período de 2017.
A diminuição nos embarques, que não é refletida de imediato na produção, cujos ajustes demoram cerca de um ano por conta do período de criação dos animais, acabou gerando um aumento na oferta no mercado interno. A situação rebate nos bovinos, pois ambas as proteínas atuam quase como substitutos, com o sentido da troca definido pela relação entre preço da carne e renda do consumidor. Atualmente, com a queda no poder de compra aliada a redução no preço, o movimento do consumidor acontece em direção à carne suína.
"O consumidor vai na gôndola e, evidentemente, quer quantidade, qualidade e menor preço. Se tem uma carne mais barata, vai na mais barata", comenta o presidente da Farsul, Gedeão Pereira, sobre o impacto da situação na carne bovina. A maior procura pela carne de porco tem feito com que a tendência tenha se invertido, com os preços subindo desde junho, algo, porém, que ainda não resolve o problema dos suinocultores, de acordo com Folador. "A crise da suinocultura em 2018 só se resolve quando liberarmos o mercado russo ou entrar outro que tire esse excedente de oferta, senão o setor não tem força para reagir", projeta o presidente da Acsurs.
O fim do embargo russo às carnes suína e bovina é objeto de negociações entre os dois governos. Turra argumenta que as tratativas estão avançadas, e que o Brasil já aceitou as demandas russas.
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