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Agronegócios

- Publicada em 11 de Março de 2019 às 22:17

Expodireto começa com pressão por mais recursos ao Moderfrota

Cerimônia de abertura da feira, em Não-Me-Toque, contou com ampla presença de lideranças políticas

Cerimônia de abertura da feira, em Não-Me-Toque, contou com ampla presença de lideranças políticas


ITAMAR AGUIAR/PALÁCIO PIRATINI/JC
A presença do vice-presidente da República, Hamilton Mourão, e da ministra da Agricultura, Tereza Cristina, na abertura da 20ª edição da Expodireto, nesta segunda-feira, não veio acompanhada da notícia mais esperada por lideranças do setor rural e de indústrias. A presença de Mourão, especialmente, deu a uma parte dos representantes do agronegócio gaúcho uma ponta de esperança de que sairia suplementação de recursos para a compra de máquinas antes do lançamento do Plano Safra 2019/2020.
A presença do vice-presidente da República, Hamilton Mourão, e da ministra da Agricultura, Tereza Cristina, na abertura da 20ª edição da Expodireto, nesta segunda-feira, não veio acompanhada da notícia mais esperada por lideranças do setor rural e de indústrias. A presença de Mourão, especialmente, deu a uma parte dos representantes do agronegócio gaúcho uma ponta de esperança de que sairia suplementação de recursos para a compra de máquinas antes do lançamento do Plano Safra 2019/2020.
Os escassos recursos ainda existentes no Moderfrota ameaçam as vendas especialmente da Expodireto e da Agrishow - que ocorre em São Paulo, em abril. O setor reivindica R$ 3 bilhões extras para a compra de máquinas e levou, até o momento, pouco mais de R$ 400 milhões.
O pleito foi reforçado durante a solenidade de abertura pelo presidente da feira de Não-Me-Toque, Nei César Mânica. O também presidente da Cotrijal, organizadora do evento, lembrou aos presentes que o agronegócio brasileiro "abraçou" a causa do presidente Jair Bolsonaro e que o setor não acredita que "não tenha um pouquinho de complementação" ainda neste semestre. "Pelo sorriso do vice-presidente e da ministra, acho que seremos atendidos", brincou Mânica, sem receber, no entanto, nenhuma resposta ao pleito.
Mourão, após o evento, não alimentou esperanças de que o recurso sairá e disse apenas que o Ministério da Economia estuda o assunto. Tereza Cristina também não fez nenhuma sinalização no sentido de que a verba extra é possível. A quem assistia a solenidade de abertura, no auditório central do parque, Tereza Cristina preferiu bradar a defesa internacional do agronegócio.
"Não tem para ninguém quando o assunto é a agricultura brasileira, que sofre perseguições internacionais. Não tem para os Estados Unidos, não tem para a China, não tem para o Mercosul", disse Tereza Cristina.
Questionada, posteriormente, sobre que perseguições seriam essas, não citou sobretaxas como impostas pela China ao frango ou mesmo as restrições a importação de carne bovina in natura aos Estados Unidos ou a grande competitividade do trigo, do leite e do arroz importados de países do Mercosul. Disse que eram retaliações de cunho "ambiental", que buscam detratar a imagem do produtor rural brasileiro. Mas confirmou que, na visita do presidente Jair Bolsonaro aos Estados Unidos, neste mês, um dos temas prioritários será tentar reabrir o mercado de carne bovina in natura ao país.
"Esse mercado já foi aberto por um curto tempo e, agora, está fechado novamente. O tema está na pauta do presidente Bolsonaro e será tratado durante a viagem aos Estados Unidos", garantiu Tereza Cristina.
A ministra também destacou que uma das prioridades de sua gestão será ampliar a abrangência do seguro rural. Com isso, defendeu a ministra, será possível reduzir o spread bancário e o juro para o setor agrícola no setor privado, e, "assim, tirar o sócio oculto do produtor rural", em uma alusão aos bancos e a suas elevadas taxas.
A abertura da Expodireto teve ampla presença política, de diferentes esferas e partidos. Estavam no auditório, além de Mourão e Tereza Cristina, 25% dos deputados estaduais gaúchos, sete deputados federais do Rio Grande do Sul, segundo o presidente da Assembleia Legislativa, Luís Augusto Lara, e dois senadores. Além, claro, do governador Eduardo Leite e do secretário de Estado. Leite, por sinal, chegou com um reforço estratégico ao evento. Antes mesmo da abertura, na sexta-feira, o governo gaúcho anunciou R$ 20 milhões para a reconstrução da ERS-142, entre Não-Me-Toque e Carazinho, importante rodovia para escoamento da safra.
"Conseguimos esses recursos, do Banco Mundial, depois de uma grande negociação, com apoio do Tesouro Nacional, para ampliar o prazo para uso do recurso, que venceria em fevereiro. E, em breve, teremos novas parcerias público-privadas e concessões de rodovias", explicou Leite, dizendo que melhorar a logística de escoamento das safras é uma das prioridades do governo.

Vice-presidente arrancou risos da plateia

Se faltou o anúncio de mais recursos para as linhas do Moderfrota, quem não deixou de comparecer à Expodireto foi o bom humor do vice-presidente, Hamilton Mourão. Em um discurso rápido, brincou com a gravata do senador gaúcho Luiz Carlos Heinze (PP), dizendo ser a mais linda entre os presentes na mesa de autoridades.
A gravata de Heinze, realmente, chamava a atenção do público, por destoar da sobriedade geral e pelo tema. De cor escura, tinha padronagem em tons rosa e vários suínos desenhados.
Mourão também brincou com a presença da ministra Tereza Cristina, uma mulher que "vale por 10 homens". A piada é relativa a uma declaração do presidente Jair Bolsonaro, que, no Dia da Mulher, disse que seu ministério era equilibrado, apesar de ter duas mulheres e 20 homens. Depois, Bolsonaro justificou o "equilíbrio", dizendo que cada uma das ministras valia por 10 homens.

O hall da fama do agronegócio


MARIANA CARLESSO/JC
Inaugurada ontem, logo após a abertura do evento, a Calçada da Fama do Agro reúne, na entrada do parque, uma área com placas de bronze, com o símbolo de uma folha, nas quais constam os nomes de 20 lideranças políticas e personalidades do agro brasileiro, entre elas, os ex-ministros da Agricultura Roberto Rodrigues e Francisco Turra, que falou em nome dos homenageados.
 

Burocracia presidencial e atrasos

Foi um tanto tumultuada a presença do vice-presidente da República, Hamilton Mourão, devido às muitas restrições impostas pela segurança do general e também ao atraso de uma hora na programação. Do lado de fora, produtores reclamavam que, pela primeira vez, em 20 anos, não puderam assistir à cerimônia de abertura dentro do auditório central.
Jornalistas também tiveram dificuldades para entrevistar Mourão, mesmo com coletiva agendada. As perguntas foram feitas por trás de uma grade de proteção e por pouco tempo. Isso enquanto o público também tentava acompanhar a inauguração da Calçada da Fama. Frase entreouvida na multidão era que "aquele não era o padrão Cotrijal" de tratamento à imprensa e aos produtores.