O Rio Grande do Sul apresentou crescimento em representatividade no setor supermercadista brasileiro, com 8,5% de participação nas vendas no último ano, de acordo com o Ranking Agas 2017. Divulgada em abril, a pesquisa contou com as 226 maiores companhias do Estado. Juntas, faturaram 79,8% do total do setor (R$ 30,2 bilhões no ano passado). Isso corresponde a um crescimento nominal de 5,4% que, deflacionado pelo IPCA/IBGE, configura um crescimento real de 2,4% em relação a 2016, um aumento acima da inflação.
O Ranking Agas também ouviu os participantes da pesquisa a respeito das possibilidades de investimento para o ano e, ao todo, 29 empresários disseram que irão inaugurar novas lojas ainda em 2018, revertendo R$ 110 milhões em novos projetos. Assim como no ano anterior, a pesquisa questionou os entrevistados sobre o percentual de lucro líquido das companhias do setor sobre o faturamento total contabilizado. De acordo com o Ranking, a média de lucro líquido dos supermercados do Estado no ano passado foi de 1,8% e, em 2016, de 1,6%. Esse sutil crescimento se justifica com a pequena variação do tíquete médio (desembolso efetuado por compra) que em 2016 foi de R$ 47,80 e de R$ 47,95 em 2017.
O levantamento também trouxe dados sobre os produtos de marca própria, que ainda possuem um nicho de consumo no setor. Segundo a amostra, os consumidores gaúchos podem encontrar 3,2 mil itens desse tipo nas gôndolas - 16,8% das empresas afirmaram trabalhar com essa opção, que representaram 1% do faturamento de 2017 nessas companhias.
Além disso, os supermercados gaúchos tiveram um aumento na participação do PIB. Em 2017 foi de 7,2% ante 6,9% em 2016. Houve crescimento também no número de lojas estabelecidas no Estado e na mão de obra contratada. A nível nacional, o crescimento nominal foi de 4,3%, com um faturamento de R$ 353,2 bilhões, reforçando a ideia de que os supermercados seguem como principais termômetros das oscilações da economia.
Conforme o Índice Nacional de Vendas da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), o setor fechou com saldo positivo nas vendas no primeiro semestre deste ano. Entre janeiro e junho, o crescimento real deflacionado pelo IPCA/IBGE foi de 2% em relação ao mesmo período do ano passado. No entanto, quando observado apenas o mês de junho, o setor registrou queda de 0,70% na comparação com maio.
O resultado foi 3,37% maior quando comparado ao mesmo mês do ano passado. As vendas em junho tiveram crescimento de 0,55% em relação a maio e, quando comparadas ao mesmo período de 2017, registraram alta de 7,89%. Em valores nominais, no primeiro semestre de 2018, as vendas aumentaram 5,37%. "Os supermercados são um reflexo da economia, então, no momento em que o PIB cai, não temos como avançar. Pontualmente algumas empresas crescem, mas no Estado não há essa expectativa. Após a greve dos caminhoneiros temos um outro Brasil. O País mudou e os custos dessa paralisação estão sendo repassados a todos. As perdas foram expressivas e, agora, nós estamos pagando", analisa o presidente da Agas, Antônio Cesa Longo.
A queda nas vendas de junho já era esperada pelo setor, visto que os consumidores, com receio de um prolongamento da paralisação, resolveram estocar alimentos no final de maio. Além disso, as empresas foram afetadas com o desabastecimento de alguns itens e a perda de vários produtos. Mesmo com o crescimento de 2%, o cenário econômico do País para o próximo semestre fez com que a Abras revisse a projeção de vendas para o ano. Inicialmente de 3%, passou a ser de 2,53% até o final de 2018, principalmente pela queda do PIB e da produção industrial, assim como a alta da inflação e do dólar. Ainda assim, o número é positivo ante o fechamento das vendas de 2017, que foi de 1,25%.
Apesar do faturamento total das 226 maiores empresas ser representativo, a concentração das "Top 10" do setor se manteve estável em relação a 2016, somando em 2017 R$ 15,9 bilhões, o que equivale a 52,8% do total do que foi vendido nos caixas dos supermercados gaúchos. Em 2016, elas correspondiam a 52,6% do faturamento total. Essas empresas também ganharam representatividade em relação à contratação de mão de obra (47,8% em 2017 contra 45,1% em 2016) e, juntas, empregam 46,7 mil colaboradores.