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Entrevista

- Publicada em 06 de Junho de 2018 às 15:03

'A crise sacrificou as empresas', afima presidente da Federasul


CLAITON DORNELLES/JC
Pela primeira vez, a disputa eleitoral pela presidência da Federasul, em 88 anos de história, foi vencida por uma mulher. A administradora Simone Leite, que atua no setor metalmecânico, assumiu o posto com posições políticas definidas e proposta de integrar o Interior à entidade. Também não foge à luta quando o assunto é o fomento à classe empresarial, a desburocratização, o acesso ao crédito e a ética nas relações.
Pela primeira vez, a disputa eleitoral pela presidência da Federasul, em 88 anos de história, foi vencida por uma mulher. A administradora Simone Leite, que atua no setor metalmecânico, assumiu o posto com posições políticas definidas e proposta de integrar o Interior à entidade. Também não foge à luta quando o assunto é o fomento à classe empresarial, a desburocratização, o acesso ao crédito e a ética nas relações.
Jornal do Comércio - Viemos de um período de grande recessão. O pior já passou?
Simone Leite - O Brasil sobreviveu ao caos. A retomada está acontecendo, mas de forma lenta. O olhar estrangeiro sobre o Brasil está mudando, especialmente diante da confiança que a equipe econômica representa, acredita-se que a retomada do crescimento será sustentável. Os números macroeconômicos são favoráveis, como o PIB em discreta elevação, juros baixando e inflação caindo.
JC - O crescimento das empresas depende de investimento e disponibilidade de capital. O setor já sentiu alguma recuperação nisso?
Simone - O capital de giro é um grande problema para o setor. A crise sacrificou as empresas, que consumiram boa parte das suas reservas para sobreviver. Estou falando das médias e pequenas, maioria da matriz empresarial do País, que precisa de recursos para se reerguer, ampliar a produção e atender ao mercado em retomada. Diante disso, vemos grande cautela dos bancos em liberar o crédito, o que é um impasse.
JC - E quem já está endividado, especialmente com o Fisco?
Simone - Os governos têm apresentado propostas de Refis, para renegociar as dívidas, o que é muito importante, especialmente para as micro e pequenas empresas, que precisam ser fomentadas. Elas são a base da economia. O pagamento dos tributos foi o último ponto da lista no momento da crise. Qualquer empresário primeiro paga seus funcionários e fornecedores, depois, se sobrar, os impostos. Buscar renegociações pode ser o único caminho para quem ficou com dívidas.
JC - O Brasil é um país amigável para o empreendedor?
Simone - Não existe desenvolvimento social, educação, saúde e segurança sem geração de riqueza. E quem gera essa riqueza, basicamente, são os empreendedores. Mesmo assim, encontramos grande hostilidade dos governos. Quando não conseguimos uma licença dos bombeiros ou ambiental, estamos atestando essa hostilidade. Para empreender no Estado, por exemplo, tem que reservar um dinheiro extra para a burocracia e a lentidão. E, para piorar, ainda sofremos com a insegurança jurídica.
JC - Os escândalos de corrupção que contribuíram para o aprofundamento da crise foram protagonizados, também, por empresários. Como isso interfere na classe?
Simone - O que vejo é que os empresários estão muito voltados a fazer o certo. A ética e a moralidade nas relações, seja com agentes públicos ou com instituições privadas, são muito valorizadas no momento. Na sua maioria, o empresário não é bandido, pelo contrário, é o indutor do desenvolvimento.

Compliance: o caminho da ética

Termo utilizado nas grandes corporações, o compliance ganhou novas dimensões no Brasil, especialmente depois dos desdobramentos da Lava Jato. Para Simone Leite, o crescente esforço das empresas para agirem com ética e correção não deve gerar mais ônus para as companhias. Pelo contrário. Segundo ela, a mudança de cultura das empresas e a preocupação com a moralidade vai fazer com que as relações se tornem mais saudáveis.