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conjuntura

- Publicada em 25 de Maio de 2020 às 03:00

Cenário de incerteza força mudanças nas empresas

Situação vem levando indústrias gaúchas a enfrentarem tempestade de problemas

Situação vem levando indústrias gaúchas a enfrentarem tempestade de problemas


BERTRAND GUAY/AFP/JC
Queda de faturamento, cancelamento de pedidos, paralisação de linhas de produção. O cenário de incertezas econômicas causado pela pandemia do coronavírus, aliado às medidas de isolamento social impostas para combater a doença, levou as indústrias gaúchas a enfrentarem uma tempestade de problemas. Com as vendas em declínio e as atividades nas fábricas paradas, muitas empresas não tiveram outra opção senão fazer renegociações com clientes e fornecedores, além de estancar os gastos, especialmente na mão de obra. Diante da crise, as demissões crescem no Estado.
Queda de faturamento, cancelamento de pedidos, paralisação de linhas de produção. O cenário de incertezas econômicas causado pela pandemia do coronavírus, aliado às medidas de isolamento social impostas para combater a doença, levou as indústrias gaúchas a enfrentarem uma tempestade de problemas. Com as vendas em declínio e as atividades nas fábricas paradas, muitas empresas não tiveram outra opção senão fazer renegociações com clientes e fornecedores, além de estancar os gastos, especialmente na mão de obra. Diante da crise, as demissões crescem no Estado.
No lado do faturamento, segundo dados divulgado pela Receita Estadual, entre 16 de março e 15 de maio, as fábricas do Estado tiveram uma venda média diária de R$ 711,7 milhões, montante 18% inferior ao do mesmo período do ano passado. A redução mais brutal ocorreu logo no início da crise: entre os dias 16 de março e 3 de abril, os negócios do setor industrial passaram de R$ 1,3 bilhão por dia para apenas R$ 494,1 milhões, uma queda de 41% ante o mesmo período de 2019.
As consequências desses resultados negativos logo foram sentidas. Um dos primeiros sinais de que o setor industrial começou a sofrer devido aos custos econômicos para conter a doença foi a queda recorde de 10,2% do Índice de Desempenho Industrial (IDI-RS) de março, apontado pela Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs). O resultado do primeiro mês da pandemia supera os -8,7% de maio de 2018 (greve dos caminhoneiros) e os -9,3% de novembro de 2008 (a crise financeira internacional).
Entre os componentes do IDI-RS, dois mostraram patamares de recuo sem precedentes: as horas trabalhadas na produção (-13%) e a Utilização da Capacidade Instalada (UCI, -7,9 pontos percentuais), que chegou a 74,4% em março, atingindo o piso da série, iniciada em janeiro de 2003.
Mas a crise atingiu com muita força o emprego industrial, que, segundo o levantamento do IDI-RS, teve queda de 1,9% em março, a segunda maior redução desde janeiro de 2003. Os dados de abril devem ser ainda piores, de acordo com a Fiergs.
Um termômetro de como estão os reflexos da crise no emprego industrial gaúcho são os números de pedidos de seguro-desemprego. De acordo com dados da Secretaria de Trabalho do Ministério da Economia, em abril, no Rio Grande do Sul, 15.503 trabalhadores da indústria pediram os benefícios, um número 95,6% maior do que em março (7.910).
No polo industrial da serra gaúcha, por exemplo, um levantamento promovido pelo Sindicato das Indústrias Metalúrgicas Mecânicas e de Material Elétrico de Caxias do Sul (Simecs) apontou que mais de 80% das empresas da região registraram queda na demanda devido ao coronavírus. O resultado foi obtido de um total de 296 empresas respondentes, a maioria do setor metalmecânico, com perfil de micro ou pequena empresa.
Com relação ao quadro de pessoal, apenas 51% das empresas pesquisadas informou estabilidade no número de funcionários. Desde 23 de abril, foi assinada convenção coletiva de trabalho extraordinária definindo como podem ser aplicadas as regras de redução de jornada, salários e suspensão de contratos nas indústrias da base do sindicato, seguindo as diretrizes previstas nas Medidas Provisórias (MPs) nºs 936 e 927 do programa emergencial de manutenção do emprego e renda do governo federal.

Queda do faturamento

Variação, por setor industrial, da venda média diária em relação ao mesmo período de 2019* (Acumulado de 16/03 a 15/05)
  • Suínos: +44%
  • Arroz: +43%
  • Trigo: +22%
  • Produtos de limpeza: +17%
  • Leite: +12%
  • Bovinos: +9%
  • Aves e ovos: +7%
  • Celulose e papel: -10%
  • Plásticos: -16%
  • Máquinas e equipamentos: -18%
  • Tratores e implementos agrícolas: -21%
  • Eletroeletrônicos: -23%
  • Madeira, cimento e vidro: -26%
  • Bebidas: -28%
  • Têxteis e confecção: -38%
  • Móveis: -39%
  • Metalurgia: -42%
  • Veículos: -56%
  • Coureiro-calçadista: -64%
*Variação em relação ao período equivalente no ano anterior, considerando dias de semana equivalentes e ajustando efeitos de feriados e outras datas atípicas, conforme nota técnica e tendo como fonte a Nota Fiscal Eletrônica (NF-e) e a Nota Fiscal de Consumidor Eletrônica (NFC-e).
Fonte: Receita Estadual

Moveleiros esperavam ano melhor

Segundo Francio, algumas empresas tiveram perdas de faturamento que chegaram a 80%

Segundo Francio, algumas empresas tiveram perdas de faturamento que chegaram a 80%


DIEGO MIOLO/DIVULGAÇÃO/JC
Para o setor moveleiro, que tinha a expectativa de uma retomada nos negócios em 2020, após cinco anos de crise, a pandemia foi um choque. Entre 16 de março e 15 de maio, as empresas do setor sofreram uma queda de 39% na média de vendas diárias.
"A situação é muito difícil. As empresas fizeram sua lição de casa, promoveram ajustes e inovações, e esperavam, agora, obter ganhos, especialmente com as exportações, que seriam mais rentáveis com o câmbio favorável", explica Rogério Francio, presidente da Associação das Indústrias de Móveis do Estado do Rio Grande do Sul (Movergs). Segundo ele, algumas empresas tiveram perdas de faturamento que chegaram a 80%, e outras dispensaram até 50% dos funcionários. "As demissões que estão ocorrendo não é por excesso de contingente, mas porque não estão conseguindo suportar os custos da crise", lamenta Francio.