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Saúde

- Publicada em 02 de Junho de 2022 às 18:25

Covid-19: futuro da pandemia depende de mais estudos sobre a vacina

Especialista destaca que é preciso continuar investindo no desenvolvimento de imunizantes e de tratamentos

Especialista destaca que é preciso continuar investindo no desenvolvimento de imunizantes e de tratamentos


ATTILA KISBENEDEK/AFP/JC
Agência Brasil
Para que a pandemia de Covid-19 possa ser considerada superada, é preciso mais investimento em pesquisa e em vacina, bem como uma distribuição mais igualitária dos imunizantes entre os países. A opinião é do pesquisador Júlio Croda, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em Mato Grosso do Sul e integrante do Observatório Covid-19.
Para que a pandemia de Covid-19 possa ser considerada superada, é preciso mais investimento em pesquisa e em vacina, bem como uma distribuição mais igualitária dos imunizantes entre os países. A opinião é do pesquisador Júlio Croda, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em Mato Grosso do Sul e integrante do Observatório Covid-19.
Croda explica que a ciência ainda não conseguiu responder todas as perguntas em relação à vacinação contra a doença, principalmente qual é a duração da imunidade contra a forma mais grave da Covid-19. De acordo com ele, os dados indicam que a segunda dose de reforço, ou quarta dose, acrescenta proporcionalmente menos proteção do que a terceira dose da vacina.
"A terceira dose, sim, gera uma resposta imune muito robusta, gera uma proteção mais duradoura comparado com a segunda. Mas a quarta dose não gera proporcionalmente essa resposta. Então não existe uma recuperação tão intensa comparando a terceira com segunda e a quarta com a terceira. Então, a gente tem que entender qual será a proteção das vacinas no futuro".
Para isso, ele destaca que é preciso continuar investindo no desenvolvimento de imunizantes e de tratamentos.
"A gente tem, por exemplo, dentro da Fiocruz, pesquisadores que estão trabalhando com vacina de spray nasal, que é super importante quando a gente pensa em reduzir transmissão, em dar uma resposta imune mais de mucosa, que é super importante nesse contexto e talvez mais duradoura. Só que existe um desinvestimento na ciência e esse estudo até o momento não foi pra fase 1, 2, 3, porque falta dinheiro. E precisa de muito dinheiro para fazer um produto nacional como esse".
Nova onda
O pesquisador participou, na manhã de hoje(2), do webinar A pandemia de Covid-19 no Brasil - balanços e desafios, promovido pelo Observatório Covid-19 em comemoração ao aniversário de 122 anos da Fiocruz. Julio Croda afirma que o mundo e o Brasil passam, "claramente", por uma nova onda de Covid-19, que pode ter sido impulsionada pelas flexibilizações nas medidas restritivas e também pelo surgimento de novas variantes do vírus Sars-Cov-2.
"Muito provavelmente a gente já podeterBA4 e BA5 e viver uma onda similar a que ocorreu na África do Sul, com um aumento de casos, mas com menor impacto em hospitalização e óbito. Então a gente tem que entender que a gente tem uma vacina que protege parcialmente pra doença sintomática, que tem uma duração muito pequena de proteção para doença assintomática".
Ele defendeu que é preciso levar mais vacinas para o continente africano, região mais atrasada em relação à imunização contra a covid-19.
O pesquisador ressalta que ainda é preciso melhorar os indicadores epidemiológicos para considerar o fim da pandemia porque, apesar de a letalidade pela doença ter diminuído, os números ainda são muito altos, com cerca de cem óbitos por dia no Brasil, ou 3 mil por mês, número que, segundo ele, equivale aos óbitos por influenza em um ano.
No mundo, o pesquisador informa que já foram cerca de 14 mil mortes por dia por Covid-9 e, atualmente, os dados indicam cerca de 2 mil.
Legados
A presidente da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Nísia Trindade. - Fernando Frazão/Agência Brasil
No webinar, a presidente da Fiocruz, Nísia Trindade, afirmou que as respostas da ciência para a pandemia não foram dadas "em pouco tempo", como tem sido dito, mas sim que elas decorrem de um histórico longo de investimento em pesquisa.
O pesquisador Carlos Freitas, da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP/Fiocruz), destacou que o Observatório Covid-19 começou a funcionar em abril de 2020, menos de um mês depois de o Brasil ter anunciado a situação pandêmica. Segundo ele, durante esses dois anos de trabalho foram publicados 400 documentos e 70 boletins, além da realização de 89 eventos virtuais, que combinaram informação a partir dos conteúdos científicos e estratégias de comunicação.
A pesquisadora Margareth Dalcomo, também da ENSP/Fiocruz, ressaltou que o trabalho durante a pandemia deixou três legados importantes: o reconhecimento pela sociedade das instituições públicas de pesquisa, a qualidade da produção científica brasileira e o voluntariado que atuou para minimizar as desigualdades intensificadas pela covid-19 no país.
O pesquisador Fernando Bozza, do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocuz), apresentou os dados do trabalho feito com as populações de favelas do Riode Janeiro, em especial no Complexo da Maré. Segundo ele, após as ações da Fiocruz, foi possível verificar o aumento de 20% na detecção de casos de Covid- 19 na Maré e a redução de 48% na mortalidade pela doença na região.
Povos indígenas
Ana Lúcia Pontes, pesquisadora do ESNP/Fiocruz, apresentou os dados sobre a vulnerabilidade dos povos indígenas frente à doença e as estratégias de enfrentamento encontradas. De acordo com ela, essas populações tem mais dificuldade de acesso a unidades de saúde para tratamentos mais complexos.
A pesquisadora disse que o excesso de mortalidade pela covid-19, ou seja, o número de pessoas que morreram a mais do que a média anterior à pandemia, foi de 18% entre não indígenas e chegou a 34% entre os indígenas brasileiros.
De acordo com informações da Secretaria Especial de Saúde Indígena- Sesai, até esta quinta-feira 373.829 mil indígenas tomaram a primeira dose da vacina contra a covid-19, o que equivale a 91% da população indígena com 18 anos ou mais atendida pelo Subsistema de Atenção à Saúde Indígena do SUS (Sasisus). Mais de 353 mil indígenas tomaram a segunda dose (86% do total).
Profissionais de saúde
A pesquisadora Maria Helena Machado, também da ENSP/Fiocruz, detalhou duas pesquisas sobre as condições de trabalho dos profissionais da área de saúde durante a pandemia. Segundo ela, houve um crescimento muito grande da precarização e terceirização do trabalho, sucateamento das condições de trabalho, achatamento salarial, fala de perspectiva profissional, aumento da carga e adoecimento mental, além de milhares de mortes por Covid-19.
A Agência Brasil procurou o Ministério da Saúde para falar sobre as ações de enfrentamento à pandemia e a atenção à saúde indígena e aguarda retorno.
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