Uma nova onda da pandemia de Covid-19 está se formando no Brasil, alertam pesquisadores da Fiocruz. Boletim divulgado na sexta-feira mostra que 8 das 27 unidades da federação apresentam sinais de crescimento de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). Doze estados apresentam reversão de tendências de queda ou têm estabilização em patamares muito altos. Outro dado preocupante é que, pela primeira vez no Brasil, a mediana da idade de internações em UTIs de todo o País está abaixo dos 60 anos.
As síndromes respiratórias registradas pelo Boletim InfoGripe Fiocruz são, neste momento, na maioria dos casos, causadas por infecções pelo SARS-CoV-2. A nova edição do boletim diz respeito à semana epidemiológica número 19, de 9 a 15 de maio.
Boletins anteriores mostravam que, mesmo com redução ou estabilidade, o número de casos permaneceu em patamares muito altos. O relaxamento das medidas de prevenção contribui diretamente para a reversão das tendências, segundo pesquisadores. Dados de mobilidade da Fiocruz mostram que o País está basicamente de volta ao "normal". Para piorar a situação, a vacinação avança muito lentamente.
Já o Boletim Covid-19 Fiocruz comparou as semanas epidemiológicas 1 (de 3 a 9 de janeiro) e 18 (de 2 a 8 de maio) deste ano. Constatou que a mediana das idades das internações hospitalares (que delimita a concentração de 50% dos casos) caiu de 66 anos para 58 anos. Ou seja, 50% dos internados estão abaixo dessa faixa etária, afetando duramente também os jovens.
Os pesquisadores alertam que, desde o início de 2021, a pandemia vem rejuvenescendo a cada semana. Em relação aos óbitos, embora a mediana ainda seja superior a 60 anos, ao longo deste ano houve uma queda de dez anos. Baixou de 73 em janeiro para 63 em maio.
As oito unidades da federação que apresentam sinais de crescimento de casos são Amazonas, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Paraíba, Paraná, Tocantins, Distrito Federal e Rio de Janeiro. A interrupção da tendência anterior de queda foi observada em Bahia, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Sergipe e São Paulo. Foi verificada tendência de estabilização em Minas Gerais e no Piauí.
Outro dado preocupante, segundo a Fiocruz, diz respeito às taxas de ocupação de leitos de UTI covid-19. Os números de maio sinalizam uma quebra na expectativa de melhoria do indicador registrado nas semanas anteriores. O número mantinha tendência de queda lenta, mas consistente.