O Rio Grande do Sul segue acrescentando mais de mil novos casos de pessoas infectadas pelo novo coronavírus por dia neste semana e se aproxima de 700 mortes, segundo painel de acompanhamento do
Jornal do Comércio. São 31,2 mil infectados até essa sexta-feira (3), última atualização do governo estadual e da prefeitura de Porto Alegre, e 697 óbitos. A Capital comunicou a 107ª vítima fatal pelo Twitter, na manhã deste sábado (4). Porto Alegre
anunciou medidas mais restritivas e fechamento para frear pressão por leitos de UTIs.
O novo óbito em Porto Alegre ocorreu nessa sexta-feira e foi de um homem, de 46 anos, que chegou em parada cardiorespiratória à UPA Moacyr Scliar e acabou falecendo, segundo informação do Twitter da Secretaria Municipal da Saúde. O gráfico do crescimento mostra que a curva da pandemia segue em elevação, sem indicar estabilidade de registros ou queda.
Nessa sexta, a Secretaria Estadual da Saúde (SES) informou mais 27 óbitos, com maior número em Canoas e Porto Alegre. Os casos estão em áreas que já têm bandeira vermelha ou vão ingressar, segundo a
prévia do mapa do distanciamento controlado divulgada nessa sexta e que pode ser revisado até segunda-feira (6). O novo ciclo de bandeiras entra em vigor na terça-feira (7). Os recuperados ultrapassam 25 mil pessoas.
Comparado há uma semana, o total de casos subiu 20%. Em 28 de junho, eram 26,1 mil notificações. Na Capital, são 8,8 mil registros. Pesquisa de prevalência divulgada esta semana pela UFPel indica que o Rio Grande do Sul
teria pelo menos 53 mil pessoas que já tiveram contato com o vírus da Covid-19. A diferença em relação ao número oficial é explicada pela cobertura de testes, que não cobre toda a população.
Esta semana o governo estadual informou que vai em
mais 3 mil exames diários de RT-PCR, considerado o mais preciso na detecção e apura se a pessoa está contaminada pelo vírus. Aplicação seguirá três fases - a primeira em locais que atendem idosos, depois para mais profissionais de saúde e, por último, ampliação a todas as pessoas que chegarem com síndromes gripais a postos de saúde. O maior número de exames vem sendo o de teste rápido, cuja eficácia para
detectar o novo coronavírus vem sendo questionada.
Uma política de testagem mais ampliada para rastrear infectados, isolar e monitorar a população que teve contato com o doente foi cobrada pelo coordenador da pesquisa de prevalência e reitor da UFPel, Pedro Hallal. Ele também defendeu um
"lockdown rigoroso de 15 dias" para provocar o acharamento da curva de casos.
O governador Eduardo Leite disse, dias depois, que o
fechamento total seria o último caminho, caso as medidas que vêm sendo adotadas não reduzam a demanda por leitos de UTI, que cresce diariamente e ameaça esgotar a capacidade dos hospitais.
HCPA é um dos hospitais com maior demanda, seguido por Conceição e Moinhos de Vento. Foto: Marco Quintana/Arquivo/JC
Em Porto Alegre, o número de confirmados com Covid-19 e suspeitos chega a 226 no fim da manhã deste sábado, sendo 174 com teste positivo para a doença. Outros 52 são suspeitos. A ocupação da capacidade total (710 leitos) é de 82%, um dos maiores níveis até agora, refletindo a demanda tanto da pandemia como de outras enfermidades.
Os hospitais de Clínicas (HCPA), Conceição e Moinhos de Vento têm o maior número com índices de ocupação entre quase ou mais de 90% do total de leitos, conforme o painel das UTIs monitorado em tempo real pela prefeitura. No painel estadual das unidades, a região de Capão da Canoa, que abrange o Litoral Norte, tem a maior ocupação, com quase 90% de leitos com pacientes.
Nessa sexta, a
SES autorizou hospitais a suspenderem procedimentos eletivos (não urgentes) para priorizar os casos de Covid-19 ou de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), com muitos pacientes confirmando a nova doença, um tipo de SRAG. A falta de anestésicos para os cuidados nas UTIs causa a medida.
Na Capital, o prefeito Nelson Marchezan Júnior anunciou
novas medidas para reduzir a circulação das pessoas, elevando o isolamento social. A prefeitura lançou um desafio para passar a permanência dos moradores em casa de taxas de pouco mais de 40% para 55%, nível obtido em março, quando as primeiras restrições e fechamento de setores econômicos foram implementadas.