O novo presidente da Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs), Emanuel Hassen, que toma posse em julho, já tem um dos primeiros pleitos definidos. Quer que a entidade passe a integrar, o quanto antes, o grupo de análises técnicas responsável pelas bandeiras regionais de níveis de risco da pandemia no Estado.
Nesta semana,
a mudança de classificação de laranja para vermelho em quatro regiões (Santo Ângelo, Santa Maria, Caxias do Sul e Uruguaiana) causou a primeira revolta de prefeitos ao modelo - que até então, vale lembrar, era defendido por todos. Foi a primeira forte contestação ao modelo desde que adotado, há mais de 45 dias. Após a mudança, prefeitos das quatro cidades começaram a divulgar que não cumpririam as regras mais rígidas, de isolamentos e restrições fortes ao comércio. Veio, logo depois, a ameaça do governo de que ações legais seriam tomadas contra os atos, assim como as contestações de dados que levaram à
revisão nas áreas de Santo Ângelo e Santa Maria.
Ainda que destaque que não pretende ter a gestão marcada apenas pela busca de ações emergências que amenizem os danos da pandemia no Interior, uma das primeiras ações de Hassen é solicitar ao governador Eduardo Leite que um grupo de representantes das 27 associações regionais de municípios do Rio Grande do Sul integre o grupo de técnicos que fazem os cálculos de risco continuamente. Hassen destaca, porém, que é um defensor do modelo, para ele baseado em números e fatos concretos.
“Não vejo como um retrocesso, nem flexibilização, o governador reconsiderar duas regiões. Foi uma revisão, e acho isso positivo e humilde rever um erro. É um modelo novo, que pode ter falhas e correções. Hoje, no entanto, somos apenas informados dos dados, não participamos efetivamente das análises”, esclarece Hassen.
Prefeito de Taquari, que dá nome ao Vale do Taquari, primeira região com bandeira vermelha no Rio Grande do Sul, Hassen e a comunidade viram a necessidade de agir localmente desde as primeiras semanas da pandemia, em 18 de março. Com doações locais e alguns recursos do próprio município, Taquari correu para colocar em pé suas primeiras UTIs, cujas vagas estão sendo abertas hoje, fruto de um investimento de R$ 3 milhões - sendo R$ 1 milhão de doações privadas.
Até então, a cidade não tinham UTI no Hospital São José para nenhum tipo de internação. Atualmente, a região está um nível de risco abaixo do inicial, com classificação laranja, também graças a novos leitos aberto em Encantado e Lajeado, município que foi um dos primeiros e mais fortes focos gaúchos da Covid-19 e principal polo econômico da região.
“Estamos inaugurando dez leitos, que demoraram a serem credenciados. Fizemos com recursos próprios e da comunidade porque era emergencial, mas poucos municípios podem fazer o mesmo. O apoio do Estado e da União à saúde municipal é outra demanda urgente”, ressalta Hassen.