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Coronavirus

- Publicada em 17 de Abril de 2020 às 20:54

Estudo francês não vê eficácia de hidroxicloroquina em pacientes internados com Covid-19

Dados mostram que o tratamento não representou redução das admissões em UTIs ou mortes

Dados mostram que o tratamento não representou redução das admissões em UTIs ou mortes


GERARD JULIEN/AFP/JC
O uso da hidroxicloroquina em pacientes internados com a Covid-19 não tem eficácia significativa, segundo um estudo recente estudo francês ainda não publicado.
O uso da hidroxicloroquina em pacientes internados com a Covid-19 não tem eficácia significativa, segundo um estudo recente estudo francês ainda não publicado.
A pesquisa foi feita com dados de 181 pacientes com diagnóstico confirmado de Covid-19 e internados em quatro hospitais franceses. Desses, 84 receberam tratamento com hidroxicloroquina em até 48 horas após a hospitalização e 97 não, recebendo apenas o tratamento padrão. A partir disso, os cientistas verificaram qual era o desfecho dos pacientes em sete dias. Parte dos pacientes que tomaram a hidroxicloroquina também usou azitromicina.
A análise mostrou que cerca de 20% dos pacientes (16) que usaram a droga foram transferidos para a UTI ou morreram, enquanto no grupo que não tomou a droga as internações na UTI e as mortes ficaram em cerca de 22% (21 pessoas).
Levando em conta só as mortes, 2,8% (três pessoas) dos pacientes que tomaram a hidroxicloroquina morreram em um espaço de sete dias, contra 4,6% (quatro pessoas) no grupo que não tomou a droga.
Oito dos pacientes (9,5%) que usavam a hidroxicloroquina apresentaram modificações em eletrocardiogramas e tiveram que parar de usar a droga. Desses, sete tiveram um agravamento que pode levar à morte súbita.
Segundo os pesquisadores, os dados mostram que o tratamento com 600 mg por dia de hidroxicloroquina associada ao tratamento convencional não representou redução das admissões em UTIs ou mortes no período de sete dias após a entrada no hospital.
A pesquisa não mediu o potencial de diminuição da carga viral nos pacientes, mas os cientistas afirmam que o avaliação de desfechos clínicos, ida para UTI ou morte, é clinicamente mais relevante.
De acordo com os cientistas, a maior parte dos pacientes no estudo tinha um início de "tempestade inflamatória", quadro que ajuda a explicar a mortalidade pela Covid-19. Isso quer dizer que a ação de defesa da pessoa é tão intensa que acaba sendo prejudicial para o próprio corpo.
Drogas que diminuem a carga viral podem ser inadequadas nesse estágio e, por esse motivo, há pesquisas com remédios anti-inflamatórios em curso. Cientistas franceses dizem que, apesar das propriedades de modulação imune da hidroxicloroquina, a droga não apresentou efeito no grupo estudado.
Os cientistas admitem que há uma série de limitações no estudo, como a falta de randomização (a distribuição aleatória dos pacientes em grupos que recebem medicamentos ou placebo, sem que se saiba quem está tomando o quê), o que poderia levar a resultados enviesados.
Décio Diament, consultor da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia) e infectologista no Instituto de Infectologia Emílio Ribas e no Hospital Israelita Albert Einstein, afirma que o desenho do estudo, que olhou retrospectivamente para dados que já existiam, não traz as melhores evidências científicas.
O especialista afirma que o melhor grau de evidência possível só será alcançado quando um estudo for randomizado, duplo-cego (quando o paciente não sabe o que está tomando e o médico não sabe o que está oferecendo) e com grupo controle.
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