'Não existe prova de transmissão de animais para humanos', diz presidente do CRMV-RS

Com o aumento crescente no número de casos confirmados do novo coronavírus (Covid-19), inúmeras dúvidas têm surgido em relação ao contágio entre humanos e animais. Na última semana, um zoológico de Nova York chegou a confirmar o caso de um tigre que havia testado positivo para a doença. A transmissão, segundo os administradores do local, teria ocorrido através de um dos tratadores, que estava contaminado pela Covid-19 e não possuía sintomas.

Apesar disso, a presidente do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Rio Grande do Sul (CRMV-RS), Lisandra Dornelles, afirma que o teste positivo não significa que o animal possa ser um transmissor do coronavírus. "O teste positivo significa que o vírus está no organismo daquele animal, mas não significa que ele vai ficar doente ou transmitir a doença."

De acordo com a veterinária, o novo coronavírus é considerado um patógeno zoonótico, isto é, que pode causar a doença em humanos e animais. No entanto, sobre essa nova mutação do vírus ainda não há nenhum estudo conclusivo que mostre, de fato, a possibilidade de os animais também serem transmissores da doença. "Esse vírus que causa a Covid-19 é da família dos coronavírus, muito antigos e já bastante conhecidos. São vírus que, em suas mutações, se adaptam a espécies em específico. Desta vez, pelo que se tem de conhecimento científico até o momento, ele se adaptou à espécie humana."

Mesmo que os animais não transmitam a Covid-19, é necessário que os tutores fiquem atentos à saúde dos pets. A médica veterinária recomenda que, em casos de tutores acometidos por doenças infecciosas - sejam elas coronavírus, gripe ou dermatites -, os cuidados sejam redobrados. "Qualquer doença infectocontagiosa exige cuidados tanto com as pessoas, quanto com os animais. Nestes casos, se recomenda manter os cuidados de higiene e evitar hábitos como beijar e dormir com o animal", reforça.

Além disso, para os passeios externos, Lisandra recomenda que os tutores tomem alguns cuidados especiais quanto a higienização do animal, como a proteção das patinhas dos pets, com sapatos especiais para animais. "Quem não tiver ou não conseguir encontrar, pode enrolar papel filme nas patinhas do animal, sempre cuidando para não apertar muito e para não cortar a circulação. Outra dica, quando nenhuma destas alternativas for utilizada, é lavar as patas do animal com água e sabão. Nesses casos, porém, o tutor precisa secar bem a patinha do animal para que ele não apresente problemas dermatológicos", orienta a veterinária, ao reforçar que também é necessário evitar que o animal tenha contato com outras pessoas na rua.

Conforme a presidente do CRMV-RS, os estudos realizados até o momento não são conclusivos e suficientes para afirmar como ocorre essa transmissão, ou seja, não comprovam a possibilidade que o vírus passe de animais para humanos.