Representando pelo menos 50% da receita de alguns municípios do Litoral Norte do Estado, o faturamento do setor de turismo deve permanecer estagnado nas praias gaúchas em abril. Com a pretensão de conter o contágio do Covid-19 (novo coronavírus) nas praias gaúchas, o governador Eduardo Leite (PSDB) determinou a interdição do acesso à orla, onde a areia encontra o mar, no último dia 20 de março. O decreto inclui a mesma regra às cidades com lagoas e rios e segue até o final do mês de abril.
As prefeituras da região decretaram o fechamento do comércio e dos serviços que não sejam essenciais. A obrigatoriedade é até o dia 20 de abril em municípios como Capão da Canoa, onde o prejuízo econômico das medidas deverá ser muito forte, admite o secretário de Turismo, Indústria e Comércio da cidade litorânea, Everson Michel.
"Causa impacto, sem dúvida: o feriado de Páscoa que se aproxima, por exemplo, seria um momento de vendas, mas a verdade é que atualmente é um grande problema receber visitantes", comenta o gestor público, destacando que a expectativa (antes da pandemia) era de que 450 mil pessoas passassem o feriado de Páscoa na cidade, incrementando as vendas do comércio e a rede hoteleira.
Michel pondera que o município tem suas receitas saudáveis. "Temos fôlego para passar por este período de quarentena", emenda o secretário, ao comentar que este mês normalmente é considerado período de média temporada.
Assim como as hospedagens da cidade, em virtude da quarentena, lojas de departamento e de vestuário, camelódromo, cinemas, e inclusive shoppings de Capão da Canoa estarão de portas fechadas entre a Sexta-feira Santa e a Páscoa. "Nada irá abrir, com exceção dos essenciais e das lojas de material de construção. Suspendemos tudo que estava programado, inclusive o evento de aniversário de Capão da Canoa que este ano coincide com o domingo de Páscoa", informa Michel.
Com 140 apartamentos na beira da praia de Capão da Canoa, o Hotel Araçá está fechado desde o dia 20 de março. "Ao informarmos aos hóspedes a definição do município, alguns prontamente encerraram suas diárias enquanto que outros não aceitaram muito, acharam que era bobagem e foram embora bem contrariados", comenta o proprietário do hotel, Joel Siviero. "Vi os salva-vidas solicitando que a orla fosse desocupada, e assisti gente saindo da praia questionando com argumentos como "onde já se viu não poder entrar no mar?!", conta.