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Itália

- Publicada em 01 de Abril de 2020 às 20:44

Burocracia barra produção de máscaras na Itália

Tecido usado nas máscaras está em falta e para substituí-lo, empresas teriam de obter aprovações

Tecido usado nas máscaras está em falta e para substituí-lo, empresas teriam de obter aprovações


JONATHAN KLEIN/AFP/JC
Nenhuma máscara para proteger médicos e pessoal da área de saúde contra o coronavírus (Covid-19) foi produzida até agora pelo consórcio italiano do Sistema Moda, conforme prometido pelo governo. Era 24 de março quando o premiê Giuseppe Conte prometera que as primeiras máscaras estariam prontas em 96 horas. Seriam fornecidas pela indústria têxtil. E, pouco a pouco, o submundo do comércio ilegal das máscaras começa a aparecer na Itália.
Nenhuma máscara para proteger médicos e pessoal da área de saúde contra o coronavírus (Covid-19) foi produzida até agora pelo consórcio italiano do Sistema Moda, conforme prometido pelo governo. Era 24 de março quando o premiê Giuseppe Conte prometera que as primeiras máscaras estariam prontas em 96 horas. Seriam fornecidas pela indústria têxtil. E, pouco a pouco, o submundo do comércio ilegal das máscaras começa a aparecer na Itália.
A denúncia foi feita nesta quarta-feira (1º) pelo jornal La Repubblica, que acrescenta o temor de que a máfia se aposse de parte da cadeia de produção dos equipamentos de proteção individual (EPIs) necessários para o combate à Covid-19. Conte havia feito o anúncio no dia 24 ao lado de Domenico Arcuri - nomeado pelo governo para o comitê de emergência da doença.
Depois de oito dias, nenhuma máscara do tipo N95 foi produzida. Arcuri ainda havia prometido que as primeiras 25 empresas do consórcio fariam 200 mil máscaras por dia, concretizando assim a promessa feita por Conte de distribuir máscaras e luvas para todos os trabalhadores italianos - a produção diária cresceria de 500 mil para 700 mil máscaras.
O governo começou a ser desmentido pelo setor da Confederação das Indústrias Italianas (Confindustria), que informou ter 250 associados do setor de moda e que nenhum estava preparado para passar a produzir máscaras profissionais ou cirúrgicas. Gianfranco Di Natale, diretor de Confindustria, explicou ao La Repubblica, que as indústrias podiam fazer apenas as máscaras comuns, que servem para andar na rua.
Os problemas para cumprir a promessa do premiê seriam ainda de ordem burocrática, pois o tipo de tecido usado nas máscaras está em falta e para substituí-lo por outro, as empresas teriam de obter uma séria de aprovações e laudos que emperraram a produção. Os certificados são dados por apenas dois laboratórios na Itália, que estão testando centenas de tipos de tecido para verificar se eles são apropriados contra a Covid-19.

Capacidade de liquidez dá às máfias poder de importar EPIs

Enquanto isso, o submundo continua agindo. Para o procurador nacional antimafia Federico Cafiero de Raho, há um forte risco de que as máfias italianas se movam para importar máscaras e outros EPIs, porque podem pagar em dinheiro vivo na China e conseguem liberar as mercadorias nas alfândegas do Leste Europeu. "Graças à liquidez e à capacidade de corromper, nossas máfias são líderes internacionais. Esperamos que não consigam ter sucesso antes do Estado", disse.
Há temores ainda sobre a qualidade do material vindo da China. Na semana passada, autoridades holandesas encontraram defeitos em um lote de um milhão de máscaras N95, que não cobriam de maneira correta a boca nem filtravam todo o ar. Cerca de 600 mil delas já haviam sido distribuídas aos hospitais e foram recolhidas.
Caso semelhante aconteceu em Madri, na Espanha, onde foram verificados problemas nos testes para coronavírus. O governo recolheu 8 mil hastes usadas para colher amostras e as devolveu à China com 50 mil que não haviam sido distribuídas. Os testes teriam demonstrado uma precisão de 30% ante 80% prometido pela empresa Shenzhen Bioeasy Biotechnology.